Como podemos melhorar a anestesia local? | Colunista

Para boa parte da população ir ao dentista é uma tarefa difícil e que é postergada pelo maior tempo possível. Como profissionais, sabemos dos riscos e malefícios que esse adiamento pode trazer para a saúde bucal, mas você já tentou entender o por quê ele ocorre tanto? Em uma parte considerável dessas pessoas, um motivo para esse comportamento é justamente o medo de sentir dor

Seja por experiências pessoais ruins, ou por relatos de amigos e parentes, o fato é que boa parte da população associa ir à uma consulta odontológica com sentir dor. E já que ninguém gosta de sentir dor, até que dá pra entender (apesar de continuar sendo nosso dever alertar para os riscos e desencorajar a prática) o tal “deixa para depois” dos pacientes.

Sabemos que a anestesia local está aí para controlar essa sensação péssima enquanto realizamos procedimentos, mas até mesmo ela causa um pouquinho de dor na hora da aplicação. Além disso, outro ponto que pesa contra a anestesia local para muitos pacientes é a agulha – só a sua visão ou o fato de ouvir essa palavra já pode causar crises de ansiedades em alguns.

Se existisse uma forma dos atendimentos odontológicos serem menos associados com a dor, será que nossos pacientes também não se sentiriam mais seguros e confortáveis em suas consultas? Muito provavelmente sim. É pensando nisso, no bem-estar e na melhoria das experiências dos pacientes, que devemos nos preocupar em buscar atualizações sobre as técnicas de anestesia local.

Hoje, vamos falar um pouco sobre algumas técnicas e inovações que os cirurgiões-dentistas podem utilizar para tornar esse momento tão crucial para os procedimentos mais leve para os pacientes! Vamos lá?

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Condicionamento

Vamos começar com o mais básico e mais comentado desde a graduação. É de extrema importância que o dentista saiba conversar com o paciente de forma a acalmá-lo e passar uma sensação de segurança.

Ouvimos falar muito de condicionamento em odontopediatria, em que realmente temos que envolver o pequeno paciente para conseguir realizar os procedimentos de forma mais fácil e tranquila. Apesar da maioria dos adultos nos deixar fazer nosso trabalho sem tentar nos atrapalhar, continua sendo de extrema importância alguns cuidados, em especial para pacientes ansiosos:

  • Tom da voz: se queremos acalmar uma pessoa, não devemos gritar com ela ou agir de forma agressiva. Além de não ser adequado para o ambiente do consultório e para uma relação profissional – paciente, essas alterações no tom podem inclusive deixar o paciente mais nervoso. 
  • Escolha de palavras: não devemos ficar repetindo e enfatizando palavras que podem ser associadas com situações ruins, como “agulha”, “dor”, “injeção”, “sutura”… Essas palavras podem deixar nosso paciente – adulto ou criança – mais ansioso.
  • Cuidado com o campo de visão do paciente: novamente, independente da idade, para um paciente que já está com medo a visão de agulhas e instrumentais pode ser um estímulo bem negativo. Precisamos entender que muitos dos nossos instrumentais podem ser um pouco “assustadores” para os pacientes, então é uma boa ideia evitar manuseá-los em excesso na frente dele. Por exemplo, podemos preparar a carpule para a anestesia atrás do paciente e sem anúncio do que estamos fazendo, só levando a seringa e a agulha até ele no momento em que formos de fato anestesiar.

São dicas simples e que provavelmente já ouvimos uma ou outra vez, mas que de fato pode fazer a diferença na hora de atender uma pessoa mais ansiosa. Não há desvantagens e podemos utilizar com todos os pacientes, para todos os procedimentos!

Sedação consciente

É realizada, comumente, pela administração de óxido nitroso por via inalatória. Isso gera uma leve depressão do córtex cerebral, sem deprimir o sistema respiratório (pode, portanto, ser realizada em consultório) e deixando o paciente mais calmo e relaxado. É importante notar que o uso do óxido nitroso não substitui a anestesia local, mas deixa o paciente mais calmo e receptivo aos procedimentos que iremos realizar. 

É uma ótima opção para pacientes extremamente ansiosos e podemos também utilizar em crianças ou em pacientes com necessidades especiais. Entre as contraindicações, precisamos ficar atentos aos pacientes que possuem doenças sistêmicas graves, doença pulmonar obstrutiva crônica e alguma outra patologia geral.

Também é importante avaliar se o paciente não apresenta algum comprometimento que impossibilite seu uso em consultório, de forma que nesses casos devemos considerar o atendimento hospitalar.

Os benzodiazepínicos também podem ser utilizados como medicação pré-atendimento, de forma a tranquilizar e facilitar os procedimentos.

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Anestesia sem agulha

Não, não estou falando do anestésico tópico. O nome correto para essa técnica é Anestesia Pressurizada. Ela já existe desde a década de 50, não sendo exatamente uma inovação nos dias de hoje. O que acontece é que por muitos anos após sua primeira aparição não se falou muito sobre ela, até que recentemente ela voltou para ser “reinserida” no mercado. 

É uma ótima opção para os pacientes têm fobia de agulhas e podemos utilizá-la em crianças também. Ela funciona injetando o anestésico na mucosa em alta velocidade por meio da alta pressão (daí o nome) criada dentro do equipamento. Após isso, o líquido se dispersa pelo interior da mucosa, produzindo a anestesia propriamente dita. Os relatos apontam que é uma técnica indolor. 

A desvantagem é que não pode ser utilizada para todos os procedimentos, por não ter uma eficácia tão boa quanto a anestesia tradicional em técnicas mais profundas – como a pterigomandibular, por exemplo. Outro ponto importante é a possibilidade de infecção cruzada entre pacientes, devido ao íntimo contato necessário entre o equipamento de aplicação e a mucosa. Então, ao escolher utilizar essa técnica é preciso prezar pelos protocolos de limpeza, higienização e biossegurança. 

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Anestesia computadorizada

Mais novos que a anestesia pressurizada, o primeiro sistema computadorizado para anestesia local surgiu na década de 90. O sistema controla a quantidade de anestésico, a velocidade e a pressão da aplicação. A única função do dentista no momento da anestesia é apenas inserir a agulha (que é acoplada em uma seringa mais “agradável” de se olhar do que a carpule tradicional) na mucosa, passo que também fica mais tranquilo com o uso desse sistema. 

Existem muitos sistemas disponíveis no mercado atualmente, tanto nacionais quanto internacionais, que vêm apresentando ótimos resultados para todas as técnicas anestésicas utilizadas na Odontologia. Alguns sistemas já possuem até mesmo um modo “pré-anestésico”, justamente para reduzir ainda mais o desconforto da inserção da agulha.

E aí, gostou de como as tecnologias podem ajudar a deixar um procedimento tão básico como a anestesia ainda melhor? Existem vários cursos disponíveis para quem quiser se aprofundar mais em alguma dessas técnicas, o importante é sempre prezar pela tranquilidade e segurança dos nossos pacientes no momento da consulta.

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Referências

GAUJAC, Cristiano et al. Sedação consciente em odontologia. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo, v. 21, n. 3, p. 251-257, 2017

SILVA, Beatriz Siqueira et al. TÉCNICAS INOVADORAS DE ANESTESIA LOCAL INDOLOR. Revista de Odontologia da Braz Cubas, v. 10, n. 1, p. 1-6, 2020.

SILVA, Maria Izadora Messias. Mecanismos computadorizados de anestesia local: Uma revisão de literatura. 2021.

Por Sanar

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