É a aplicação intensa da fisioterapia no paciente crítico e internado em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), incluindo os pacientes em ventilação mecânica invasiva. Traz benefícios físicos, psicológicos e evita os riscos da hospitalização prolongada, reduzindo a incidência de complicações pulmonares, acelerando a recuperação e diminuindo a duração da ventilação mecânica (VM).
O uso da mobilização precoce em pacientes críticos no ambiente de UTI está relacionado com o aumento de força muscular em geral, melhora na capacidade funcional respiratória, diminuição no tempo de desmame da VM, redução do tempo de internação hospitalar e melhora na capacidade de realização das atividades diárias.
BARREIRAS PARA A MOBILIZAÇÃO PRECOCE
Equipe inadequada;
Falta de equipamentos;
Segurança e instabilidade;
Uso incorreto de sedação;
Obesidade;
Aprovação da equipe médica.
A perda de mobilidade em pacientes hospitalizados tem impacto negativo em vários sistemas orgânicos, incluindo os pulmões, o sistema cardiovascular, a pele, os músculos, os ossos, entre outros. As complicações pulmonares, como atelectasia, hipoxemia, embolia pulmonar e pneumonia, estão entre as mais comuns, levando ao aumento do tempo de internação e à mortalidade (SOARES, et. al., 2011).
Nas últimas duas décadas, ocorreram avanços na terapia intensiva bem como na VM, o que resultou no aumento da sobrevida dos pacientes críticos. No entanto, alguns pacientes desenvolvem a necessidade de ventilação mecânica prolongada (VMP), mostrando-se frequentemente descondicionados devido à insuficiência respiratória precipitada pela doença subjacente, efeitos adversos das medicações e período de imobilização prolongado (DANTAS et. al., 2012).
Efeitos da Imobilização no Sistema Cardiovascular
• Diminuição do volume total de sangue;
• Redução da concentração de hemoglobinas;
• Aumento da frequência cardíaca máxima;
• Diminuição do consumo máximo de oxigênio;
• Diminuição da tolerância ao ortostatismo.
Efeitos da Imobilização no Sistema Respiratório
• A Capacidade Vital está reduzida;
• Diminuição da capacidade residual funcional;
• Diminuição do volume expiratório forçado;
• Alterações na relação ventilação / perfusão;
• Diminuição na pressão arterial de oxigênio;
• Diminuição na diferença alvéolo-arterial de oxigênio em pacientes anestesiados.
Efeitos da Imobilização no Sistema Metabólico
•Aumento da excreção de cálcio;
•Aumento da excreção de nitrogênio;
•Aumento da excreção de fósforo;
• Aumento da excreção de magnésio.
Efeitos da Imobilização no Sistema musculoesquelético
•Diminuição da massa muscular;
•Diminuição da força muscular;
•Aumento da osteoporose;
• Mudanças no tecido conectivo periarticular e intra-articular.
CRITÉRIOS PARA A MOBILIZAÇÃO
| Cardiovasculares: | 
| FC de repouso < 50 ou > 140 bpm | 
| PAM entre < 65 OU >120 mmHg | 
| PAS <90mmHg ou >200mmHg | 
| Eventos recentes de Arritmias descontroladas, angina instável ou dor torácica típica, IAM recente. | 
| Respiratórios: | 
| Frequência respiratória até 30 ciclos/min (suporte adequado) | 
| SpO2 < 88% ou episódios de dessaturações | 
| FiO2 > 60% | 
| PaO2 < 60mmHg | 
| PEEP > 10 cmH2O | 
| Laboratorial e metabólica: | 
| Hematócrito <25% e/ou Hemoglobina < 8g/dL | 
| Plaquetas < 50.000/mm | 
| Glicemia < 70 ou > 200 mg/dL | 
FUNCIONALIDADE VENTILATÓRIA – INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL
| Boa condição funcional | 
| Dispneia aos esforços | 
| Tosse eficaz e boa mecânica | 
| Via aérea artificial e tosse ineficaz | 
| NPPV suporte 2 e dependente de O2 | 
| NPPV suporte 1 | 
| Desmame em curso | 
| Ventilação assistida | 
| Ventilação mecânica controlada | 

FUNCIONALIDADE NEUROMUSCULOESQUELÉTICA – INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL
| Caminhar | 
| Caminhada estática | 
| Exercícios na poltrona | 
| Transferir da cama para poltrona | 
| Exercícios de controle de tronco | 
| Sentar na cama | 
| Mobilização resistida | 
| Ciclo-ergômetro na cama | 
| Mobilização ativa e passiva | 
A FISIOTERAPIA DEVE DISPARAR SEIS COMANDOS NO PACIENTE CRÍTICO:
1º RESPIRE– Modos Espontâneos o quanto antes for possível.
2º ACORDE– Interrupção diária de sedação.
3ºMOVA-SE – Mobilização ativa de MMSS e MMII
4º SENTE-SE – Estimular sedestação e controle de TRONCO
5º LEVANTE‐SE –Estimular o ORTOSTATISMO
6º ANDE– Estimular a DEAMBULAÇÃO
A MOBILIZAÇÃO
Inclui atividades terapêuticas progressivas, tais como exercícios de mobilidade no leito, sentado na beira do leito, em ortostase, transferência para uma poltrona e deambulação.
QUANDO COMEÇARA MOBILIZAÇÃO?
Começam logo após a estabilização das alterações fisiológicas importantes, e não apenas após a liberação da ventilação mecânica ou alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
OBJETIVOS DA MOBILIZAÇÃO PRECOCE
A mobilização precoce na UTI tem como objetivo manter a amplitude de movimento articular, prevenir ou minimizar grandes retrações musculares e manter ou aumentar a força muscular e a função física do paciente reduzindo complicações, sendo consideradas como elemento fundamental na maioria das condutas de assistência da fisioterapia.
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REFERÊNCIAS
Diretrizes Brasileiras de Ventilação Mecânica, 2013