A receita para uma vida equilibrada passa pela qualidade do sono. Sendo assim, é fácil imaginar que para manter o desempenho profissional em alta é necessário estar em dia com a cama. A seguir, vamos ver por que profissionais de saúde devem dormir bem.
Que o sono é fundamental para uma rotina saudável, não é novidade. Mas, assusta o fato de que muitos profissionais brasileiros, incluindo os de saúde, não têm conseguido ter uma boa relação com o sono.
E isso não é importante somente pela produtividade. Noites mal dormidas prejudicam a saúde e a qualidade de vida em todas as esferas.
É fato que com a pandemia da covid-19 o estresse e a privação de sono viraram rotina na vida de muitos profissionais de saúde em todo o mundo. Não à toa, a Síndrome de Burnout, que é o esgotamento mental relacionado ao trabalho, aumentou de forma considerável nessa fatia da população.
Esse cenário, que já era realidade, chegou a patamares insustentáveis. Mas, o fato é que o ritmo intenso de trabalho faz parte da vida dos que trabalham na área da saúde e não é de hoje.
Mas, qual será o impacto dessa privação de sono na rotina desses profissionais?
Profissionais de saúde precisam dormir bem
“A privação do sono prejudica a capacidade de concentração, a tomada de decisões, a velocidade cognitiva e a memória, além de aumentar a ansiedade, o cansaço e a irritação”, diz Gilberto Ururahy, diretor da Med-Rio, em entrevista veiculada na Exame.com.
A longo prazo, os efeitos são ainda mais danosos. Afinal, a falta de sono pode virar algo crônico e provocar alterações no metabolismo, sem dizer de outros prejuízos: elevação do risco de hipertensão, ganho de peso, mais chances de desenvolver diabetes e doenças cardiovasculares.
Sendo assim, é simples entender por que todos devem procurar uma rotina de sono para dormir bem.
No caso dos profissionais de saúde, é preciso lembrar que o trabalho de quem atua na área demanda muita concentração.
E, quase sempre, qualquer falta de atenção pode trazer implicações à saúde de alguém. Em casos mais graves, pode até matar.
O trabalho e o sono
O trabalho define a dinâmica do sono e isso vem de longa data. Fazendo uma viagem no tempo, percebe-se que a rotina profissional organizada por turnos fixos e a energia elétrica impactaram no hábito de ficar acordado à noite.
No século 20 cristalizou-se a ideia de que dormir 8 horas por dia é o ideal. Tem também o fato de que muita gente tem um ritmo biológico que não bate com o relógio de ponto do trabalho.
Não dormir atrapalha o desempenho profissional. Compromete o foco, a atenção, o raciocínio lógico.
A privação de sono está ligada a vários problemas de saúde ao longo do tempo e até mesmo à mortalidade precoce. Para a American Academy of Sleep Medicine, o número ideal de horas de sono por dia é de sete ou mais.
Sendo assim, vale questionarmos: como o tempo adequado de sono se encaixa na rotina do trabalhador da saúde?
Infelizmente, quando a rotina fica mais puxada, as pessoas têm a tendência de cortar justamente aquilo que é importante para a saúde: tempo de sono, atividade física e qualidade na alimentação.
Estudos pelo mundo falam da importância de uma boa noite de sono e reforçam que há uma diferença entre o sono longo, mas interrompido, e o sono curto, mas sadio.
Para o cérebro, especialistas dizem que o mais saudável é dormir horas suficientes, sem interrupções.
O que tira o sono do trabalhador de saúde
Que dormir bem é importante, todo mundo sabe. E, quando falamos de profissionais de saúde, isso ganha contorno ainda mais delicados. Mas, o que será que tira o sono dessas pessoas?
Para além de questões que afetam todos, como ansiedade e insegurança – seja por razões financeiras, políticas ou sociais – há fatores específicos de quem atua na área da saúde.
Não é difícil imaginar: trabalhar com saúde demanda uma responsabilidade grande. Estar sempre em alerta, ser multitarefa e ter que tomar decisões sob pressão são atribuições comuns de boa parte dos que atuam na área.
E tem mais: plantões e expedientes em mais de um emprego e cursos de atualização frequentes em meio à rotina exaustiva de trabalho também contribuem para apertar o cerco.
Com a pandemia, o contexto piorou e entraram em cena com mais força sentimentos como: medo, exaustão e insegurança, somados a questões como perda de colegas, distanciamento de familiares e condições difíceis de trabalho, num contexto de muita incerteza.
Ser mulher também pode ser um fator . Afinal, elas tendem a acumular mais funções em casa, o que faz com que as noites mal dormidas sejam algo ainda mais comum entre elas.
E, também, elas se sentem mais culpadas , por exemplo, ao não darem atenção à família, pelo excesso de trabalho. Ou seja: estamos falando de ansiedade e angústia.
A insônia impacta negativamente o trabalho dos profissionais da saúde e pode aumentar a dependência de tratamentos farmacológicos ou os riscos de depressão.
Não é por acaso que os três remédios de tarja preta mais vendidos no Brasil são calmantes – são quase 17 milhões de caixas por ano e esse número tende a crescer.
Sono sim!
Para além dos impactos na saúde e na sociedade como um todo, marcada pelo cansaço e pela apatia por uma vida veloz, desconectada cada vez mais da natureza, do contato fora da tela e do autocuidado, é preciso também dizer que as empresas e organizações precisam repensar sobre os seus modelos de trabalho.
Um estudo da Universidade Harvard, por exemplo, mostrou que a produtividade baixa por causa da estafa faz com que as companhias americanas percam 63,2 bilhões de dólares por ano.
Prova de que o sono precisa ser visto também como uma questão de segurança, é o fato de que no Brasil foi criada, em 2012, a Lei do Descanso. A proposta era acabar com as jornadas abusivas de caminhoneiros. Mas ela ainda não emplacou.
Poucas empresas e instituições tomam medidas efetivas para melhorar a qualidade do sono de seus colaboradores. Algumas oferecem no máximo salas de descanso ou de descompressão na hora do almoço.
Paralelamente a isso, é cada vez maior a exigência que recai sobre os profissionais num mercado competitivo e em constante transformação.
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