Em 1991 a Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) criaram o Dia Mundial do Diabetes, celebrado no dia 14 de novembro. A data tem como objetivo aumentar a conscientização sobre essa doença crônica não transmissível (DCNT), aprimorar as estratégias para diagnóstico, tratamento e gestão do cuidado, além de medidas de prevenção da doença.
A importância se dá pelos números alarmantes da doença no mundo, bem como pelo seu alto impacto social e econômico. Os dados da 10ª edição do Atlas de Diabetes da IDF relatam um contínuo aumento da prevalência da doença, que chega ao número de 573 milhões de adultos, entre 20 e 79 anos, vivendo com o diabetes. Há previsão de que esse número aumente para 643 milhões em 2030 e 784 milhões em 2045.
Desse total, de quatro a cada cinco adultos com diabetes vivem em países de baixa e média renda, fator que muitas vezes dificulta o seu diagnóstico e tratamento precoce. Estima-se que ocorra um óbito a cada 5 segundos em decorrência da doença, ocasionando milhões de mortes a cada ano. Nos últimos 15 anos os gastos com saúde teve um aumento de pelo menos 316%, confirmando essa DCNT como um desafio global significativo.
Na América Central e na América do Sul há cerca de 32 milhões de pessoas com a doença, o que representa um a cada 11 adultos vivendo com diabetes. Sendo que um a cada três adultos não foi diagnosticado. Espera-se que esse número chegue a 40 milhões em 2030 e 49 milhões em 2045. No Brasil, conforme a Sociedade Brasileira do Diabetes há 12 milhões de pacientes.
Sabe-se que uma a cada 10 pessoas no mundo vive com diabetes e que as dificuldades do acesso ao diagnóstico, ao tratamento, aos cuidados necessários, ainda persistem. Nesse contexto, o farmacêutico pode ajudar nesse desafio global por meio do rastreamento em saúde, acompanhamento terapêutico, educação em saúde, além de nortear o itinerário terapêutico dos pacientes na busca desses serviços, incluindo o tratamento medicamentoso.
Tipos de diabetes
A diabetes é uma DCNT caracterizada pelo alto nível de glicose (açúcar) no sangue. Ela é causada pela produção insuficiente ou má absorção da insulina no organismo. A insulina é um hormônio produzido no pâncreas, que regula a glicose no sangue. A sua principal função é promover a entrada da glicose para as células transformando-a em energia. Assim, a falta da insulina ou a sua ação irregular acaba provocando a doença. Agora vamos abordar os tipos de diabetes de forma sucinta.
Diabetes tipo 1: é caracterizada por ser autoimune, ou seja, o sistema imunológico ataca equivocadamente as células β do pâncreas. Logo, há deficiência completa na produção de insulina, que não é liberada para o corpo, resultando na permanência da glicose no sangue.
Esse tipo atinge de 5 a 10% do total de pessoas com a doença e geralmente aparece na infância ou adolescência, mas pode ocorrer em adultos jovens também. O seu tratamento é sempre realizado com insulina; medicamentos, quando necessário; planejamento alimentar; atividades físicas; que auxiliam a controlar o nível de glicose no sangue.
Diabetes tipo 2: é caracterizada pelo uso inadequado da insulina que o organismo produz, ou pela produção insuficiente para controlar a taxa de glicemia. O tipo 2 atinge cerca de 90% da pessoas que tem diabetes e é mais frequente em adultos.
A sua etiologia é mais complexa e alguns fatores de risco contribuem para o seu desenvolvimento, como: sedentarismo, sobrepeso, obesidade, hábitos alimentares, histórico familiar.
O seu tratamento inicial, dependendo da gravidade, pode ser o controle da glicemia por meio de mudanças nos hábitos alimentares e realização de atividades físicas. Em outros casos é necessário o uso de medicamentos e/ou glicose, juntamente com as medidas iniciais.
Diabetes gestacional: esse tipo é definido quando verificado qualquer nível de intolerância à glicose durante a gestação, podendo ser transitório ou não. A condição metabólica se dá pelo aumento da resistência à insulina causada pelos hormônios gestacionais, o que leva ao aumento da glicose no sangue.
O controle é realizado, em sua maioria, pela orientação nutricional e atividade física. Quando o controle não está adequado, há necessidade de associar o uso de insulina, o qual é seguro durante a gestação.
Rastreamento
O rastreamento em saúde é um serviço de prevenção à saúde e para identificar condições de saúde que ainda não foram diagnosticadas, como é o caso da diabetes. Segundo estimativas, há 240 milhões de pessoas no mundo que desconhecem o fato de serem diabéticos. Nesse contexto, a atuação do farmacêutico nas farmácias é um ponto chave nesse processo de rastreamento da doença.
Atualmente, nas farmácias estão disponíveis os testes de glicemia e hemoglobina glicada. Esses testes são rápidos e funcionais para o rastreamento e encaminhamento médico para avaliação e diagnóstico. Além de serem tecnologias utilizadas no acompanhamento dos pacientes já diagnosticados, a fim de avaliar a evolução da glicemia, o tratamento farmacológico e não farmacológico, o controle da doença.
A partir do rastreamento o farmacêutico pode trabalhar a educação em saúde com o seu paciente. Isso permite prover informações para o seu autocuidado, o entendimento sobre as metas terapêuticas, as medidas de prevenção, a utilização dos medicamentos, as mudanças nos hábitos para controle da doença, a fim de promover saúde e qualidade de vida para essas pessoas.
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Referências
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