Principais cuidados no atendimento odontológico de pacientes com hemofilia | Colunista

A hemofilia é um distúrbio genético marcado por um sangramento prolongado causado pela diminuição ou ausência de um dos fatores de coagulação necessários para formar o coágulo sanguíneo.

A hemofilia A é o distúrbio da coagulação hereditário mais comum, causado pela deficiência no fator VIII da coagulação.

A hemofilia B é causada por deficiência no fator IX.  

A gravidade da doença depende da extensão da deficiência do fator de coagulação. Para a hemostasia normal exige-se no mínimo 30% da atividade do fator VIII. Níveis menores que 1 % do normal são a forma grave. Os pacientes com níveis entre 1 % e 5 % apresentam doença moderada. Aqueles com níveis de fator VIII entre 5% e 30% apresentam a forma leve da doença.

O tratamento dos pacientes com desordens sanguíneas depende da severidade da doença e do tipo de procedimento a ser realizado.

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MANIFESTAÇÕES BUCAIS

Pacientes com distúrbios de sangramento podem sofrer sangramento gengival espontâneo, petéquias, equimoses, icterícia, palidez e úlceras.

CIRURGIAS ORAIS

A CIRURGIA ORAL só deve ser realizada se for indispensável pois os procedimentos cirúrgicos oferecem grande risco de sangramento.

O médico do paciente deve ser consultado antes que qualquer tratamento seja realizado, visando minimizar o risco do paciente, restaurando o sistema hemostático e mantendo a hemostasia por métodos locais.

O hematologista irá determinar o grau de deficiência do fator VIII, se é necessária hospitalização, selecionar o tipo de material a ser reposto e a dose.

Pacientes com deficiência leve de fator VIII podem ser tratadas no consultório odontológico sem a necessidade de reposição do fator VIII, mas com uso de outros métodos para hemostasia, como desmopressina, EACA ou ácido tranexâmico.

Já os pacientes com hemofilia grave precisam de reposição de fator VIII para todos os tratamentos odontológicos invasivos e devem ser tratados em centros especializados.

Ácido tranexâmico:

Anti-fibrinolítico e inibe a ação da plasmina que é fibrinolítica, aumentando o tempo de dissolução da rede de fibrina, lentificando o processo de fibrinólise  que preserva o coágulo e favorece hemostasia mais eficiente.

Posologia: 2-3 comprimidos de 250mg de 8 em 8 horas com início pelo menos 24 horas antes do procedimento cirúrgico e manutenção por 3-7 dias.

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CUIDADOS NO TRANSOPERATÓRIO

  • Uso de boa técnica cirúrgica.
  • Uso de esponjas hemostáticas para controlar o sangramento. 
  • Uso cuidadoso de sugadores e de bomba a vácuo, a fim de evitar lesões nas mucosas com risco de formação de hematomas
  • Não há nenhuma limitação do tipo de anestésico local usado, mas os com  vasoconstritores fornecem hemostasia local adicional.
  • Sutura oclusiva e métodos de hemostasia local.

PÓS OPERATÓRIO

Controle por 24 a 48 horas para observar o controle do sangramento.

Se estiver ocorrendo sangramento, o hematologista deve administrar concentrado de fator VIII adicional e/ ou o dentista deve aplicar um ou mais dos procedimentos locais.

O controle da dor deve ser feito com derivados de paracetamol ou dipirona.

Aspirina e seus derivados são contraindicados pela sua atividade inibitória da agregação plaquetária.

O uso de AINES deve ser restrito devido a sua atividade anti-agregante.

Se um HEMATOMA ocorrer, deve-se usar gelo macerado em recipiente apropriado que deve ser mantido no local por 20 minutos, com intervalos de 20 minutos de repouso, durante as primeiras 24 horas.

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REFERÊNCIAS

LITTLE, J.W.; FALACE, D.A.; MILLER, C.S.; RHODUS, N.L. Manejo odontológico do Paciente Clinicamente Comprometido. Tradução de Izabella de Jesus Pasolini e col. 7 edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 605p.​

MARQUES, Rogério Vera Cruz Ferro et al. Atendimento odontológico em pacientes com Hemofilia e Doença de von Willebrand. Arquivos em Odontologia, v. 46, n. 3, p. 176-180, 2010.

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Categorizado como Carreiras

Por Sanar

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