Assistência de enfermagem ao paciente com sepse | Colunista

Com o aumento da incidência da sepse tornou-se importante a abordagem do tema para seu enfrentamento de forma individual e coletiva nas unidades de saúde. Com a expansão do número de idosos e imunossuprimidos temos fatores importante para desenvolvimento de infecções graves na população. Estes grupos estão mais vulneráveis as complicações da sepse. 

Mas afinal, o que é sepse? Qual sua epidemiologia? Como identificar? Como tratar? Como se dá a assistência de enfermagem ao paciente com sepse? Para responder todas essas perguntas convido você, querido leitor, a nos acompanhar neste texto.

A palavra sepse vem do grego septikós, que significa apodrecer.  Ao longo dos anos, surgiram várias propostas de definição, que muitas vezes dificultava a análise dos tratamentos usados e até mesmo seu estudo. Em 2016, a Society of Critical Care Medicine (SCCM) e a European Society of Intensive Care Medicine (ESICM) trouxeram a seguinte definição: sepse é presença de disfunção orgânica ameaçadora a vida secundária a resposta desregulada do hospedeiro a uma infecção. 

Este agravo é responsável por um número relevante de óbitos no mundo, acometendo tanto a população com poucos recursos quanto populações residentes em áreas mais desenvolvidas. Estima-se que 47 a 50 milhões de pessoas são atingidas pela sepse no mundo. Segundo o estudo PROGRESS, no Brasil, a letalidade foi de 67,4% dos pacientes acometidos por sepse e com custo de US$ 9,6 mil por paciente. 

Dentre os agravos de saúde mais evidenciados nos idosos ganha destaque a sepse. O idoso está mais predisposto a quadro sépticos devido alterações do sistema imunológico, declínio funcional dos mecanismos de defesas, uso de drogas imunossupressoras e procedimentos invasores. Sendo uma população que necessita de grande vigilância da equipe de saúde quanto a identificação precoce da sepse. 

A sepse se caracteriza por presença de sinais de disfunção orgânica com manifestações clinicas decorrentes do sistema acometido como pulmonar, urinário e entre outros. A redução da oferta de oxigênio aos tecidos e as alterações celulares levam à disfunção orgânica. As principais disfunções são: neurológica, respiratória, cardiovascular, gastrintestinal, renal, hematológica e endocrinológica. 

Dentre os sinais e sintomas cardiovasculares podemos observar: taquicardia, hipotensão, edema, diminuição da perfusão periférica e arritmias. No aparelho respiratório o paciente pode apresentar: dispneia, taquipneia, cianose e hipoxemia. A nível neurológico: confusão mental, delirium, agitação e diminuição do nível de consciência e; oligúria no aparelho renal. Alterações na função hematológica como sinais de anemia; gastroparesia e ulceras de stress no sistema gastrointestinal e; hiperglicemia como principal alteração do sistema endócrino.

Devido a sua alta incidência, altos custos e mortalidade é necessário identificar e diagnosticar a sepse precocemente para melhorar a sobrevida dos pacientes sépticos. Após o diagnóstico, condutas de estabilizações devem ser tomadas dentro das primeiras horas. Atualmente essas medidas são chamadas de pacotes (bundles) da sepse proposto pelo Institute for Healthcare Improvement:

  • Pacote de cuidados da 1ª hora: são agrupadas as medidas de coleta de lactato sérico e culturas, administração de antibióticos de amplo espectro e da administração de cristalóides para reposição volêmica em pacientes hipotensos ou com lactato aumentado (acima de duas vezes o valor normal). O lactato, se alterado inicialmente, deve ser novamente coletado em 2 a 4 horas.
  • Check Point da 6ª hora: administração de vasopressores (para hipotensão que não responda à ressuscitação volêmica inicial), visando manter uma pressão arterial média (PAM) acima de 65 mmHg; reavaliação do status volêmico e de perfusão tecidual.

O enfermeiro deve conhecer as definições, conceitos, fisiopatologia, quadro clínico e intervenções terapêuticas pertinentes à sepse.   Além disso, o enfermeiro pode utilizar meios para implementar corretamente medidas de identificação e tratamento precocemente da sepse através de protocolos e check lists, contribuindo para o cuidado sistematizado e seguro. 

No que diz respeito a abordagem inicial, a enfermagem deve observar sinais de hipoperfusão como diminuição do debito urinário, rebaixamento do nível de consciência, diminuição de oxigenação e queda da pressão arterial. É importante destacar ainda, a punção de acesso venoso calibroso, a medida de debito urinário que pode ser realiza por meio de sonda, a coleta de gasometria com lactato, culturas e outros exames são atribuições do enfermeiro.

Outra atribuição de suma importância da equipe de enfermagem é administração do antibiótico prescrito dentro de 1 hora, pois existem evidências sobre o aumento da mortalidade devido ao atraso da antibioticoterapia.  A equipe de enfermagem tem papel importantíssimo na assistência ao paciente séptico pois é ela quem permanece maior parte do tempo beira leito, identificando e atuando nas necessidades humanas dos pacientes. 

Toda equipe deve estar capacitada e treinada para realizar a assistência sistematizada visando melhorar a sobrevida do paciente séptico, pois NA SEPSE, TEMPO É VIDA!!!! 

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Referências

Instituto Latino-Americano de Sepse. Sepse: um problema de saúde pública / Instituto Latino-Americano de Sepse. Brasília: CFM, 2015. 

Instituto Latino-Americano de Sepse. SEPSE: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA. A atuação e colaboração da Enfermagem na rápida identificação e tratamento da doença. COREN-SP, 2020. 

Beale, R; Reinhart, K; Brunkhorst, F.M; Dobb, G; Levy, M; Martin, G; Martin, C; Ramsey, G; Silva, E; Vallet, B; Vincent, J.L; Janes, J.M; Sarwat, S; Williams, M.D. Promoting Global Research Excellence in Severe Sepsis (PROGRESS): Lessons from an International Sepsis Registry. Clinical and Epidemiological Study. Infection 37 Æ 2009 Æ No. 3. URBAN & VOGEL. 

Por Sanar

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