Quase dois anos após o início da pandemia do novo coronavírus, fomos supreeendidos com a variante ômicron, conhecida por sua facilidade de transmissão. Do primeiro registro da doença até hoje, já tivemos contato com diferentes variantes covid-19, que marcaram fases no Brasil e no mundo.
Em entrevista ao UOL, o virologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) da Amazônia, Felipe Naveca, explicou que “o processo de evolução de um vírus é algo natural, e consequência das mutações que ele acumula ao longo do tempo —desde que esteja infectando hospedeiros. No caso do SARS-CoV-2, esse processo já levou ao surgimento de cinco VOCs [variantes de preocupação]”.
Variantes Covid-19: as mais preocupantes
Como o próprio nome diz, as As VOCs são cepas mais agressivas ou transmissíveis. Elas são classificadas assim pela Organização Mundial de Saúde por apresentarem um ou mais pontos como:
- aumento da transmissibilidade ou alteração prejudicial na epidemiologia da covid-19;
- aumento da virulência ou mudança na apresentação clínica da doença;
- diminuição da eficácia das medidas sociais e de saúde pública ou diagnósticos, vacinas e terapias disponíveis.
Até o momento, as cinco variantes de preocupação que chegaram ao Brasil são:
- Alpha (identificada no Reino Unido) – antiga B.1.1.7
- Beta (África do Sul) – antiga B.1.351
- Gama (Brasil) – antiga P.1
- Delta (Índia) – antiga B.1.617.2
- Ômicron (África do Sul) – B.1.1.529
A variante gama, pelo histórico, se mostrou mais transmissível e patogênica que as demais linhagens que circulavam até então. Foi ela a responsável pelo colapso de saúde no Amazonas, no início de 2021.
Enquanto a ômicron, variante mais recente e que tem alta transmissibilidade, se espalhada com velocidade por aqui, a cepa gama sumiu das amostras genômicas do Brasil. A informação vem do banco de dados da Rede Genômica, coordenada pela Fiocruz.
O que caracteriza as variantes do coronavírus
As variantes de um vírus são como “filhos” do vírus original, mas com mutações. Estas surgem no momento em que o vírus se replica em outro organismo, como resultado de erros e alterações em seu material genético.
Conforme o vírus continue circulando na população e passando por alterações, pode gerar sua própria nova linhagem. São como versões alternativas.
Exemplo representativo disso é o vírus da gripe. Frequentemente sofre mutações e se adapta para escapar da imunidade que a população já possui. É por isso que as vacinas contra gripe são atualizadas anualmente.
Para que a variante do vírus seja considerada uma nova linhagem, há algumas regras. Primeiro, a amostra viral deve ter pelo menos 95% do seu genoma sequenciado; deve ter pelo menos uma mutação comparada à linhagem original e ainda ser idêntica a pelo menos outras quatro amostras virais irmãs.
Cumpridos os requisitos, a nova linhagem recebe um nome composto por uma letra e até três números.
As principais variantes do coronavírus
Entre as variantes covid-19 em circulação no Brasil e no mundo, as principais são:
Gama | P.1 (Amazonas)
Análise preliminar feita por pesquisadores brasileiros e britânicos mostrou que essa variante, originária do Amazonas, deve ter se tornado predominante em Manaus, na época do colapso que sensibilizou todo o País. O sequenciamento genético do vírus coletado em exames de pacientes infectados na capital verificou a presença da cepa P.1 (Gama).
Esta cepa, conforme sinalizado acima, não tem sido encontrada em amostras genômicas do Brasil recentemente.
Alpha | B.1.1.7 (Reino Unido)
A variação causada pela mutação H69/V70 foi descoberta em dezembro de 2020, e foi considerada de 50% a 70% mais transmissível do que a versão original do vírus. A alteração é caracterizada pela eliminação dos aminoácidos H69 e V70 na proteína spike, localizada na parte externa do vírus causador da doença. Esses spikes estão na parte externa do vírus e fazem com que o vírus pareça uma coroa. Além disso, são a principal maneira pela qual a covid-19 reconhece quais células pode infectar. A mutação aumenta a infecciosidade em duas vezes. A variante britânica chamada de Alpha já foi encontrada em cerca de 50 países.
Beta |B.1.351 (África do Sul)
Essa variante se mostra mais resistente a anticorpos e a vacinas, podendo infectar novamente pessoas que já tiveram o vírus. Ela é hoje conhecida como Beta, a antiga B.1.35. Foi uma das que menos se espalhou pelo mundo.
Delta | B.1 617.2) (Índia)
A Delta existe desde o final de 2020 se proliferou com rapidez em todo o mundo. Foi responsável, por exemplo, por mais de de 80% dos casos rdiagnosticados nos Estados Unidos tão logo surgiu, conformme os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
A variante é mais transmissível do que as anteriores. Foi conhecida também pelo seu impacto no público pediátrico.
Ômicron | B.1.1.529 (África do Sul)
Ela foi reportada à Organização Mundial de Saúde pela África do Sul no dia 24 de novembro. A primeira confirmação registrada no mundo foi de uma amostra coletada no país no dia 9 de novembro.
Chama atenção pelo pela quantidade e pela variedade de mutações, algumas inéditas. Cientistas explicam que a Ômicron tem uma longa lista de alterações genéticas: 50 no total. Dessas, 32 estão na proteína spike (ou espícula) do vírus, que é a parte que conecta o microorganismo à célula humana para iniciar a infecção.
Com rapidez e facilidade na disseminação, é a que atualmente mais acomete brasileiros.
Também foram identificadas no Brasil, desde o início da pandemia, variantes com a Lambda, originária do Perú, e Mu, da Colômbia. Ao contrário das citadas acima, elas não se espalharam pelo País.
Referências
Responsável por maior onda de covid e mortes, variante gama some do Brasil
Principais variantes do SARS-CoV-2 notificadas no Brasil