Primeira edição nacional do Prêmio de Enfermagem Rainha Silvia da Suécia anuncia o vencedor. O nome dele é Jean Singh, de São Bernardo do Campo (SP) e o trabalho premiado é voltado à assistência remota a pacientes oncológicos.
Como vencedor, ele receberá um prêmio em dinheiro e a oportunidade de fazer um curso fora do Brasil.
A premiação se destina a enfermeiros e estudantes de Enfermagem. Ela foi criada há nove anos e tem edições em países como Finlândia, Lituânia, Polônia, Alemanha e Estados Unidos. A estreia brasileira recebeu mais de 400 inscrições.
É isso mesmo: o enfermeiro paulista Jean Singh saiu vitorioso de uma disputa com 428 inscritos. O júri técnico e a votação popular nas redes sociais reconheceram a relevância da ideia do profissional, que trabalha com suporte digital a pacientes com câncer.
Sobre o resultado, Sophie Lu-Axelsson, da Swedish Care International, entidade que encabeça globalmente o prêmio, disse: “Pacientes com câncer tiveram seus tratamentos interrompidos pela pandemia em curso. Em períodos desafiadores como esse, em que os movimentos e o acesso físico são limitados, contar com a orientação e o suporte de soluções digitais como a de Jean é essencial, podendo prolongar e salvar vidas”.
Assistência remota: o projeto vencedor
A inspiração do trabalho ganhador do Prêmio de Enfermagem Rainha Silvia da Suécia veio do trabalho de Jean Singh. Ele coordena a equipe assistencial da startup WeCancer.
Contratada por clínicas, hospitais ou programas de suporte ao paciente de laboratórios, a empresa é responsável por oferecer atendimento a distância (por aplicativo, telefone ou WhatsApp) a pessoas em tratamento oncológico. Tudo é feito de forma gratuita para o paciente.
O enfermeiro está à frente da equipe multidisciplinar que dá assistência aos pacientes e cuidadores, além de ser a ponte entre o usuário e a tecnologia. Ele também lidera reuniões para discutir novos casos.
O trabalho da WeCancer começa com a avaliação do perfil do paciente em tratamento oncológico. São avaliados, por exemplo: onde o paciente está, como ele se trata, conexões com família, bem como necessidades físicas e sociais.
Após a análise, são aplicadas escalas científicas para analisar o estado nutricional e o nível de sofrimento emocional do paciente, explica Jean.
A proposta é que, após a avaliação, o paciente tenha a acesso a enfermeiro, nutricionista e psicólogo para tirar dúvidas remotamente. Ele também é encorajado a reportar sintomas e, assim, poderá receber orientações e recomendações dos especialistas.
Sobre a conquista do Prêmio de Enfermagem Rainha Silvia da Suécia, o enfermeiro disse à Veja Saúde: “Essa premiação dá um novo brilho à enfermagem, uma profissão ainda desvalorizada no Brasil, e demonstra seu impacto na vida das pessoas. Como uma ciência do cuidado, ela vai muito além da consulta, do remédio ou do procedimento. Buscamos fazer a diferença desde a prevenção na atenção primária até em meio a tratamentos complexos, sempre tendo em vista a qualidade de vida do paciente.”
A tecnologia a favor da saúde
Jean Singh buscou estudos e evidências científicas para criar fluxos e protocolos de assistência a partir de uma interface tecnológica intuitiva. Também à Veja Saúde, ele defendeu a ideia de que o modelo hospitalocêntrico, em que o paciente deixa de ser acompanhado quando sai do hospital, não é o mais adequado.
“Pesquisas na área fora do país indicam que o nosso tipo de abordagem ajuda a melhorar a sobrevida e a qualidade de vida do indivíduo com câncer”, explicou.
A plataforma tem o objetivo de promover o autocuidado e de evitar idas desnecessárias ao hospital. Além disso, busca ser vigilante para identificar o quanto antes situações de risco (algumas fatais). Dessa forma, se constitui também como uma fonte confiável de informações, combatendo, assim, as fake news.
A WeCancer trabalha a partir de duas abordagens, sempre respeitando a vontade e a necessidade de cada atendido.
A abordagem ativa propõe atendimento individualizado, como ajustes dietéticos ou assistência psicológica. Por outro lado, a reativa acontece quando vem a demanda (dúvida ou queixa) e uma orientação é feita na sequência. Em caso de urgência, em até 5 minutos o retorno é dado.
Pacientes com alta demanda contam com um apoio especial: toda a equipe faz uma teleconsulta para traçar o plano de ação.
Sobre o futuro, o enfermeiro paulista Jean Singh afirmou que o grande desafio é chegar aos mais pobres, com pouco acesso à internet, bem como à população idosa.
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