Saúde do idoso e polifarmácia | Colunista

Processo de envelhecimento

O processo de envelhecimento requer uma atenção especial da sociedade, justamente pela fragilidade apresentada com a saúde do idoso, levando a necessidade de uma assistência continua.

Esse processo de envelhecimento gera desafios para toda a sociedade, e os profissionais de saúde têm papel fundamental na assistência à saúde do idoso.  O avanço da idade é uma variável importante para a terapia medicamentosa devido à incidência de muitas patologias.

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Adesão à polifarmácia

O protocolo de tratamento de várias doenças crônicas prevê a associação de vários medicamentos. Nesse sentido, essa grande quantidade de medicamentos prescritos pode criar uma barreira para a adesão ao tratamento, além de que, na medida em que se tornam mais complexos os esquemas terapêuticos, favorecem o surgimento de reações adversas.

O consumo múltiplo de medicamentos é comumente definido como polifarmácia. Pode ser categorizada como pequena, quando de dois a três fármacos; moderado, quando de quatro a cinco; e grande, quando acima de cinco fármacos. A sua prática pode contribuir para o uso de medicamentos inadequados e não essenciais para o tratamento do paciente.

Além das comorbidades, implica-se no uso da polifarmácia o número de médicos consultados, a ausência de perguntas sobre os medicamentos em uso durante a consulta médica e a automedicação.

A administração de vários medicamentos também pode ser feita por meio da prescrição de agentes farmacológicos, que contenham dois ou mais princípios ativos, que são as associações. Por exemplo, quando uma pessoa recebe um anti-hipertensivo composto de dois princípios ativos (um diurético e um beta-bloqueador) e um analgésico potente também composto de dois princípios ativos (um agente anti-inflamatório não esteroidal e um opioide), se tem como número total quatro substancias, sendo assim enquadrado na categoria de polifarmácia.

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Interações medicamentosas e Reação Adversa a Medicamentos (RAM)

O uso de múltiplos medicamentos é comum e crescente na prática clínica, principalmente em pessoas acima de 65 anos. Este crescimento está relacionado a vários fatores, como o aumento da expectativa de vida, à maior disponibilidade de fármacos no mercado e à recomendação de uso de associações medicamentosas para o manejo de várias condições de saúde, como a hipertensão e o diabetes mellitus.

A associação benéfica de fármacos pode curar e minimizar danos, aumentar a longevidade e melhorar a qualidade de vida do paciente. Porém, algumas terapias são inadequadas e podem ocasionar reações adversas e interações medicamentosas. Idosos que estão dentro da prática da polifarmácia podem sofrer com essas interações medicamentosas apresentando sintomas como confusão mental e/ou distúrbio cognitivo, hipotensão arterial e insuficiência renal aguda.

O risco de RAM aumenta de três a quatro vezes em pacientes submetidos à polifarmácia, podendo imitar síndromes geriátricas ou precipitar quadros de confusão, incontinências e quedas. É frequente o idoso apresentar de duas a seis receitas médicas e utilizar a automedicação com dois ou mais medicamentos. Esta situação pode ocasionar eventos adversos, uma vez que o uso simultâneo de seis medicamentos ou mais pode elevar o risco de interação medicamentosa grave.

Esse elevado número de fármacos prescritos e a maior carga de doenças podem elevar o risco de iatrogenias, hospitalizações e até mesmo de óbito. Nesse mesmo contexto, entende-se que as variações fisiológicas relativas ao envelhecimento tendem a alterar de forma significativa a farmacocinética e a farmacodinâmica dos medicamentos.

Papel do Farmacêutico na saúde do idoso

O uso racional de fármacos é um fator essencial da atenção farmacêutica, o que torna extremamente relevante a prestação da assistência farmacêutica à população idosa. O aconselhamento na escolha e uso de medicamento por este profissional é de fundamental importância. O farmacêutico é o profissional que possui conhecimento de todos os aspectos de um fármaco e, portanto, pode dar a informação correta ao paciente, garantindo assim, uma terapia de sucesso, com menos riscos e melhor qualidade de vida. 

Os farmacêuticos atuam como o último elo entre a prescrição e a administração de um fármaco, identificando na dispensação os riscos e ressaltando a relevância da monitorização da farmacoterapia, com o objetivo de impedir futuras complicações e minimizar os riscos de interação medicamentosa.

Desafios e soluções

Cuidar de idosos com doenças crônicas constitui um desafio diário para os profissionais de saúde. O crescimento da população idosa no Brasil apresenta inúmeros desafios para esses profissionais, tendo em vista que os idosos são o segmento populacional que mais utiliza os serviços de saúde. Sabemos também que, com o avanço da idade e o aparecimento de doenças crônicas, a consequência é o aumento do consumo de medicamentos pela população idosa.

Uma dica importante para minimizar a prescrição de muitos medicamentos por diferentes médicos é orientar ao idoso para sempre levar às consultas de rotina todas as medicações que está em uso, incluindo aquelas sem prescrição médica ou ervas medicinais. Na consulta, será um bom momento para o médico conferir se o idoso sabe identificar quais medicamentos utiliza, com qual posologia e identificar possíveis sintomas decorrentes de interações medicamentosas.

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Referências

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