Entendendo a CIF de uma vez por todas | Colunista

A Classificação Internacional de Funcionalidade e Incapacidade (CIF) foi criada em 2001 e faz parte da família de classificações internacionais da OMS, representando um marco teórico para a reabilitação.

Vale lembrar que a CIF não é um instrumento de avaliação e sim um sistema que permite transformar informações em códigos, permitindo realizar um diagnóstico situacional da funcionalidade de uma população específica, principalmente para:

  • Padronizar linguagem, termos e conceitos entre profissionais de diferentes áreas (saúde, educação, assistência social, etc) que atendem um mesmo indivíduo, favorecendo uma melhor comunicação;
  • Organizar dados para estudos e planejamento de políticas públicas.

A CIF é dividida em duas partes, a primeira lida com funcionalidade e incapacidade (funções e estruturas do corpo, atividades e participação) e a segunda aborda fatores contextuais (fatores ambientais e pessoais).

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Diferenciando CIF e CID

A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) se encontra atualmente em sua 10° edição, sendo a primeira datada de 1893, intitulada Classificação de Bertilon ou Lista Internacional de Causas de Morte. 

E olha que legal: A próxima edição (CID 11) já entra em vigor em janeiro de 2022. 

Essa classificação tem como objetivo classificar e registrar enfermidades, enquanto a CIF trás informações de funcionalidades, complementando a CID. Então é importante lembrar que essas duas classificações não se opõem, elas se complementam!

Vamos ao exemplo: A CIF não irá descrever a trissomia do cromossomo 21 presente na síndrome de Down, mas irá abordar as consequências dessa condição, os aspectos de funcionalidade e incapacidade desse indivíduo. 

Dessa forma pessoas com a mesma CID, podem apresentar diferentes CIF’s, porque cada indivíduo apresenta uma resposta a problemas de saúde devido a fatores biológicos, ambientais e pessoais. 

O modelo Biopsicossocial 

A CIF parte do conceito que há intrínseca relação entre fatores biológicos, psíquicos e sociais, resultando em um contexto em que a atividade (execução de tarefas e ações pelo indivíduo) se apresenta interligada a diferentes fatores, como:

  • Condição de saúde (transtorno ou doença)
  • Funções e estruturas do corpo;
  • Participação;
  • Fatores Ambientais e,
  • Fatores Pessoais.

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Classificando a partir da CIF

Agora que você já entendeu o que é a CIF, vamos aprender transformar informações em códigos a partir de seus componentes e categorias.

Dos componentes associados ao modelo biopsicossocial, a condição de saúde é descrita pela CID, os fatores pessoais (idade, gêneros, hábitos, profissão, etc) não são classificados devido à variação cultural e social, restando quatro componentes que são classificáveis pela CIF:

  1. Funções do corpo, identificado pela letra b, de body funtions
  2. Estruturas do corpo, identificado pela letra s, de structures
  3. Atividades e participação, identificadas pela letra d, de domain
  4. Fatores ambientais, identificado pela letra e, de environment.

Para entender as categorias da CIF, imagine o sumário de um livro de ciências, onde você procura por informações sobre coalas, a primeira coisa que você irá procurar é o capítulo que trata do reino animal, depois disso irá seguir para o tópico que trata de mamíferos, depois o subtópico que trata de herbívoros até chegar ao que procura.

E o que isso tem a ver com a CIF? 

A CIF é como um grande sumário, então para encontrar o código correto é necessário entender de que componente biopsicossocial se trata, e dentro do componente encontrar o capítulo, e dentro do capítulo, a categoria, sendo que dentro desta há ainda subcategorias.

As categorias podem ir de 1 até 4 níveis, sendo mais detalhada conforme aumenta o nível:

  • Nível 1: Letra do componente + número do capítulo
    • Ex: s7 – estruturas relacionadas ao movimento
  • Nível 2: Letra do componente + número do capítulo + números das categorias (2 números)
    • Ex: s730 – estrutura da extremidade superior
  • Nível 3: Letra do componente + número do capítulo + números das categorias (2 números) + número subcategoria
    • Ex: s7300 – estrutura do braço
  • Nível 4: Letra do componente + número do capítulo + números das categorias (2 números) + número subcategoria + número subcategoria II
    • Ex: s73001 – articulação do cotovelo

Os qualificadores objetivam dar significado à categoria e são classificados a partir de um código genérico, sempre precedidos de ponto (.):

xxx.0 Nenhuma alteração
xxx.1Alteração Leve
xxx.2Alteração Moderada
xxx.3Alteração Grave
xxx.4Alteração Completa
xxx.8Não Especificado
xxx.9Não Aplicável

Para fatores ambientais (e), trocar a palavra alteração por barreira ou facilitador, sendo que esse último deve ser precedido pelo sinal(+).

COMPONENTESCATEGORIASQUALIFICADORES
Identificado por letra minúscula (para não confundir com CID que é sempre maiúscula)b, d, e ou s.Identificado por números que indicam os capítulos de cada componente:b 1 – 8d 1 – 9e 1 – 5s 1 – 8Número precedido por ponto (.) ou (+)Complementam as categorias.Em b: Indicam magnitude ou gravidade de um problema.Em d: desempenho e capacidade.Em e:facilitadores e barreirasEm s: magnitude, topografia e natureza de uma lesão.

Testando conhecimentos

R.J.C. é uma criança de 10 anos com síndrome de Down, que apresenta leve hipotonia, cardiopatia, e perda auditiva moderada. Atualmente usa aparelho auditivo, o que melhorou consideravelmente sua audição, é acompanhado por equipe multidisciplinar que inclui fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, além da equipe médica. Ainda apresenta dificuldades para se manter no peso adequado. Classificando de acordo com a CIF temos:

b735.1 Funções de tônus ​​muscular (inclui alterações de tônus)

b410.8   Funções do coração

b230.2 Funções auditivas

e1251+3    Produtos assistivos e tecnologia para comunicação

e355+3      Profissionais de saúde

b530.3  Funções de manutenção de peso

O navegador da CIF está disponível a partir do site da OMS, e por ele é possível pesquisar conceitos e buscar pelo código ideal, os qualificadores devem ser acrescentados manualmente.

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Referências

https://apps.who.int/classifications/icfbrowser/Default.aspx

http://www.fsp.usp.br/cbcd/wp-content/uploads/2015/11/Manual-Pra%CC%81tico-da-CIF.pdf

https://www.slideshare.net/cabuc/estrutura-dos-cdigos-e-qualificadores-da-cif

Por Sanar

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