De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) foi apontado o surto da COVID-19 ao final do mês de janeiro de 2020, provocado pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, considerado emergência de saúde pública, sendo determinada em março de 2020 como pandemia, gerando mudanças nos hábitos de vida e nos cuidados do cotidiano por todo o mundo.
Com isso, a OMS recomendou seguir medidas de proteção, com o objetivo de precaver a disseminação do vírus para não ocorrer colapso nos sistemas de saúde, uma vez que não havia estrutura para a demanda de pessoas infectadas pelo vírus (VEDOVATO et al., 2021).
Segundo Teixeira e colaboradores (2020), o cenário da pandemia exige uma maior atenção ao trabalhador de saúde com os cuidados referentes à saúde mental. Tem sido comum a apresentação sintomática de ansiedade, depressão, prejuízo na qualidade do sono, elevação no uso de drogas, sintomatologia psicossomática e medo de infecção e transmissão do vírus aos membros familiares.
Desse modo, alguns profissionais adoeceram neste período por contaminação do vírus, em um estudo descritivo foram analisados no Brasil casos hospitalizados por síndrome respiratória aguda grave, e confirmaram 15.317 casos para COVID-19 e 379 (2,5%) destes apontaram ocupação, no qual 184 são profissionais da área da saúde, o que corresponde a 1,2%.
Entre esses profissionais o primeiro caso que se apresentou doente foi em 2 de março, ao longo da semana epidemiológica (SE) 10 de início dos sintomas, e o acometimento maior foi na semana epidemiológica 13. As unidades de federação (UF) com o maior número de profissionais hospitalizados com COVID-19 foram São Paulo com 101, o que equivale a 54,9%, Amazonas com 15 que corresponde a 8,2% e Santa Catarina com 13 que é 7,1% (DUARTE et al., 2020).
Desse modo, os profissionais que atuam na linha de frente podem adoecer seja através da contaminação pelo vírus, ou por questões de adoecimento de saúde mental que podem ser causadas devido à pandemia.
Para Silva e colaboradores (2021), motivos como carga horária de trabalho, estresse, alto número de atendimento, poucas horas de sono, infraestrutura inapropriada, falta ou pouca quantidade de equipamentos de proteção individual, risco de contaminação e de transmissão do vírus para familiares pode gerar elevação da ansiedade neste cenário pandêmico.
A exposição cotidiana dos profissionais e trabalhadores de saúde está sujeito ao risco de adoecimento pelo coronavírus, mas há diferentes formas de exposição, seja pelo risco de contaminação ou quanto aos fatores que tem relação com as condições de trabalho.
Dificuldades como cansaço físico, falta de cautela com as medidas protetivas e cuidado com a saúde dos profissionais e estresse psicológico, não contagia da mesma maneira várias categorias, sendo importante observar as especificadas de forma individual, de modo a evitar a diminuição da capacidade de trabalho e da qualidade da atenção executada aos pacientes (TEIXEIRA et al., 2020).
Sendo assim, é importante o cuidado por parte dos profissionais com a saúde mental, visto que eles são expostos ao ambiente por pacientes contaminados, que passam pelo processo de adoecimento, podendo chegar à alta hospitalar ou óbito, no qual os profissionais possuem receio de contaminação e transmissão do vírus.
Tudo isso impacta na saúde mental dos trabalhadores, por isso é importante a prevenção de contágio e a realização de estudos futuros dos impactos que a pandemia pode causar, para que sejam apontadas estratégias eficientes no enfrentamento de modo positivo e melhor suporte para a classe profissional.
Perante o exposto, é importante enfatizar as recomendações da Organização Mundial de Saúde referente ao apoio que a sociedade pode prestar aos profissionais e trabalhadores da área da saúde. Para os que atuam na linha de frente no combate ao COVID-19, é importante o reconhecimento do esforço para que permaneçam atuando com esperança diante do difícil papel que desempenham (TEIXEIRA et al., 2020).
Em consideração a isso, esses danos que podem ser causados na saúde mental exigem um cuidado por parte do poder público, algo que só após a pandemia será realmente observado. Então, é importante o investimento assistencial à saúde e, principalmente, na ciência, para que todo esse ciclo seja reduzido e consequentemente, para que os trabalhadores estejam preparados para os desafios (FARO et al., 2020).
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REFERÊNCIAS
DUARTE, Magda Machado Saraiva et al . Descrição dos casos hospitalizados pela COVID-19 em profissionais de saúde nas primeiras nove semanas da pandemia, Brasil, 2020. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília , v. 29, n. 5, e2020277, out. 2020 . Disponível em <http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-49742020000500050&lng=pt&nrm=iso>. acesso em 13 jun. 2021. Epub 21-Set-2020. http://dx.doi.org/10.1590/s1679-49742020000500011.
FARO, André et al. COVID-19 e saúde mental: a emergência do cuidado. Estudos de Psicologia (Campinas), [S.L.], v. 37, p. 01-29, 2020. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1982-0275202037e200074.
VEDOVATO, Tatiana Giovanelli et al . Trabalhadores (as) da saúde e a COVID-19: condições de trabalho à deriva? Rev. bras. saúde ocup, São Paulo, v. 46, e.1, 2021. https://doi.org/10.1590/2317-6369000028520.
SILVA, David Franciole Oliveira et al . Prevalência de ansiedade em profissionais da saúde em tempos de COVID-19: revisão sistemática com metanálise. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 26, n. 2, p. 693-710, Feb. 2021 . https://doi.org/10.1590/1413-81232021262.38732020.
TEIXEIRA, Carmen Fontes de Souza et al. A saúde dos profissionais de saúde no enfrentamento da pandemia de Covid-19. Ciência & Saúde Coletiva, [S.L.], v. 25, n. 9, p. 3465-3474, set. 2020. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232020259.19562020.