A Psicologia é uma ciência ampla e composta por várias possibilidades, tendo em vista que seu principal foco de trabalho é o ser humano. Frente a isso cada vez mais possibilidades de atuação do psicólogo se tornam evidentes. Aqui destacamos ferramentas que podem ser consideradas para Psicologia Clínica e Hospitalar.
Conforme o Colegiado Americano de Cirurgiões, a cirurgia é realizada com o propósito de alterar estruturalmente o corpo humano por incisão ou destruição de tecidos e faz parte da prática da medicina. A cirurgia também é o diagnóstico ou tratamento terapêutico de condições ou processos de doença por quaisquer instrumentos que causam alteração localizada ou transporte de tecido humano vivo, que incluem lasers, ultrassom, radiação ionizante, bisturis, sondas e agulhas.
Por se tratar de uma técnica com algum grau de invasividade podem ser comum queixas como medo e insegurança. Frente a isso, o psicólogo pode atuar em diversos momentos que envolvem o paciente cirúrgico. Confira algumas possibilidades de atuação:
Avaliação Psicológica Pré-Cirúrgica
A avaliação psicológica pré-cirúrgica caracteriza-se por utilizar técnicas de avaliação com vistas a identificar a aptidão do paciente a realizar determinado procedimento cirúrgico. É um processo psicodiagnóstico que visa assegurar que o paciente, naquele momento, encontra-se em bom estado de saúde mental, favorecendo sua participação ativa no período pós-operatório e que seja capaz de seguir as orientações da sua equipe.
Hoje é comum o uso do processo de avaliação psicológica em cirurgias bariátricas, vasectomia e laqueadura. Porém diversas evidências já apontam a importância e necessidade de avaliação psicológica pós cirurgias eletivas, tendo em vista a diminuir a ansiedade que pode causar diversas complicações pós-cirúrgicas incluindo o delirium.
Psicoprofilaxia Cirúrgica
A psicoprofilaxia cirúrgia caracteriza-se como uma intervenção psicológica de caráter preventivo. O objetivo geral é evitar que a circunstância da doença e da cirurgia tragam prejuízos para o psiquismo, já que diminui a probabilidade da aparição de complicações posteriores, quer sejam orgânicas ou psicológicas, além de atuar na promoção de saúde, para o surgimento de potencialidades e capacidade de enfrentamento.
Os procedimentos de psicoprofilaxia podem envolver psicoeducação, visita hospitalar, visualização guiada e outras técnicas cognitivas. Estudos já apontam a importância de conhecer o processo e procedimentos para reduzir os riscos de sofrimento psicológico pré e pós-cirúrgicos.
Reabilitação Neuropsicológica
Alguns procedimentos cirúrgicos podem ser realizados com vistas a gerar uma nova condição de saúde, e outros embora sigam o princípio de não fazer o mal podem gerar sofrimento psicológico pós-cirúrgico.
Cirurgias de amputação de membros ou mesmo neurocirurgias podem causar no período pós-operatório sofrimento significativo, e nestes casos o Psicólogo pode atuar trabalhando aspectos cognitivos, emocionais e de atenção e memória por exemplo.
Neurocirurgias podem necessitar de treinos específicos para função executiva, linguagem, atenção e/ou memória, e o psicólogo pode atuar tanto como acompanhante terapêutico quanto como profissional de neuro reabilitação. Já as amputações podem trazer sofrimento pela perda do membro e a necessidade de adaptações funcionais em alguns aspectos, o que o psicólogo e equipe multiprofissional podem atuar.
A Psicologia é uma ciência ampla e permite diversas áreas e abordagens de atuação. O envolvimento da Psicologia nos procedimentos pré e pós-cirúrgicos não necessariamente deve estar restrito ao cenário hospitalar, tendo em vista que estas ações podem ser aplicadas por psicólogos clínicos atuantes na área pública ou privada.
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Referências
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Ragonese M, Di GIanfrancesco L, Bassi P, Sacco E. Psychological aptitude for surgery: The importance of non-technical skills. Urologia. 2019 May;86(2):45-51.
Rymaszewska J, Chładzińska-Kiejna S, Górna R, Kustrzycki W. Psychoprofilaktyka wobec chorych poddanych operacji pomostowania naczyń wieńicowych [Psychoprophylaxis in patients after coronary artery bypass graft operations]. Pol Merkur Lekarski. 2004 May;16(95):477-9.
