Ombro doloroso: da anatomia à sintomatologia | Colunista

O ombro é uma articulação do corpo humano que dispõe de grandes amplitudes de movimento e um amplo grau de liberdade de movimentos. A articulação do ombro é a que apresenta a maior mobilidade. Funcionalmente é classificada como poliaxial (triaxial com maior mobilidade).

Nesse sentido, a articulação do ombro, em conjunto com as articulações adjacentes (acromioclavicular e escapulotorácica) atua na vasta movimentação e combinação de movimentos para atingir os determinados alcances do dia a dia. Essa interação deve ser síncrona e complementar, visto que a maioria dos movimentos que realizamos no dia a dia são combinados e dependem da sincronização e atividade muscular adequada.

A partir da estrutura do ombro, percebe-se a grande amplitude de movimentos e a combinação dos mesmos. O fisioterapeuta trabalha com os movimentos e consequentemente deve conhecê-los muito bem. Para isso, os conhecimentos sobre a cinesiologia e a biomecânica devem ser extensos e adequados para que os tratamentos e os treinos propostos sejam adequados para cada situação.

Esse conhecimento associado à relação com os movimentos laborais e de vida diária são capazes de explicar os desequilíbrios biomecânicos e a sobrecarga imposta ao ombro diariamente. E, a partir do estudo dessas associações é que o fisioterapeuta prevê um plano de tratamento adequado para seu paciente.

O ombro doloroso é uma condição também conhecida como Síndrome do Ombro Doloroso. Ela é ocasionada por fortes dores na região, acompanhada de restrição de movimento e em longo prazo, a incapacidade de realizar os movimentos diários de forma adequada.

Essa condição pode acometer tanto indivíduos que trabalham em atividades que demandam de movimentos repetitivos, quanto em sedentários ou em atletas sem os devidos treinamentos. Entende-se assim, que a doença possa estar relacionada com o desequilíbrio entre as estruturas musculares, além do mau posicionamento biomecânico para as atividades de vida diária.

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Estrutura, cinesiologia e biomecânica do ombro

A estrutura do ombro conta com os ossos do úmero, clavícula e escápula. Ainda com os ligamentos que unem esses ossos, formando as articulações escápulotorácica (articulação falsa) e acromioclavicular. Essas articulações permitem que os ossos se movimentem uns em relação aos outros produzindo os movimentos que conhecemos.

Além disso, os movimentos só são realizados devido às estruturas musculares que os circundam. São eles: músculos deltoides, trapézios, serrátil anterior, subescapular, infraespinhoso, supraespinhoso, peitorais, entre outros. Esses músculos devem estar em equilíbrio e agir de forma síncrona para que os movimentos aconteçam de forma adequada e não sobrecarreguem mais uma ou outra estrutura.

Sendo assim, é importante compreender a cinesiologia dos movimentos promovidos pelo ombro, sendo que para quase todos eles, a articulação escapulotorácica atua auxiliando.

É importante lembrar que essa não é uma articulação considerada verdadeira. Isso, por não apresentar a unção entre duas estruturas ósseas e sim o apoio ligamentar e muscular. Logo, a escápula repousa sobre o gradil costal em ligação tanto com as estruturas do tórax, quanto com as estruturas do ombro.

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Ombro doloroso

O ombro doloroso é uma queixa comum atualmente e afeta em maior parte o público adulto e idoso, sendo maior a prevalência em mulheres. O quadro pode ser causado por frequentes inflamações nos tendões musculares do ombro associado à cronicidade dos quadros. Sendo assim, muitas das vezes os quadros são tratados com fisioterapia (tratamento conservador), o que na maioria das vezes promove a redução da dor e o reequilíbrio das estruturas lesadas.

Nos casos mais graves de tendinites, é possível que o paciente apresente lesões parciais na estrutura tendínea, além de associação do quadro doloroso com a bursite. Esse acúmulo de acometimentos ocasiona no aumento da gravidade do caso e também pode sinalizar a cronicidade presente no caso. Tudo isso mostra ao fisioterapeuta que sua abordagem deverá ser a melhor possível para que consiga a contribuição e participação ativa do paciente em tratamento.

O tratamento geral desse tipo de paciente consiste em terapias analgésicas medicamentosas, estabilização da região com tipoia, talas ou bandagens, repouso, licença das atividades laborais e fisioterapia. É importante ressaltar que é ideal que o paciente não fique por muito tempo em repouso ou imobilizado. Essas condutas podem avançar o quadro de disfunção e regressão das atividades musculares locais, levando ao maior agravo do quadro clínico geral.

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Fisioterapia no ombro doloroso

No campo de atuação, o fisioterapeuta deverá levantar a história clínica do paciente. Ele também deve observar nas falas dos pacientes quais são os movimentos que são realizados com maior frequência e se há a presença de riscos de lesão em suas atividades.

Além disso, o profissional deverá orientar o paciente com relação aos movimentos e também às rotinas durante o tratamento do ombro doloroso. Para isso, uma boa anamnese e as condutas mais adequadas para cada paciente devem ser realizadas, atendendo sempre à fisioterapia baseada em evidências.

Considerando que o paciente com a síndrome do ombro doloroso apresenta um quadro álgico importante, deve-se prezar inicialmente por técnicas analgésicas, visando a melhora das condições gerais e da qualidade de vida do paciente. Após isso, é importante que o profissional busque melhorar a qualidade dos movimentos, reduzir a limitação causada pela dor e incapacidade, assim como melhorar a força e flexibilidade do conjunto de estruturas que integram o ombro.

Esse conjunto de técnicas visa então: analgesia, melhora da amplitude de movimento, redução da limitação e incapacidade, melhora da força muscular e da flexibilidade. Esses objetivos são considerados em curto, médio e longo prazo, a depender das condições iniciais de cada paciente.

Sendo assim, a avaliação do profissional é que vai dizer muito sobre os resultados esperados. Além disso, é importante que o profissional aplique os devidos testes especiais para confirmar ou investigar as condições das estruturas periarticulares.

Testes especiais importantes podem ser: teste de Hawkins-Kennedy, teste do impacto de Yokum, teste de Jobe, teste de Patte, entre outros. Para saber um pouco mais sobre esses testes acesse: https://www.sanarsaude.com/portal/carreiras/artigos-noticias/testes-ortopedicos-de-ombro.

O conjunto de condutas sugerido pode ser utilizado em pacientes adultos, idosos e atletas. Assim, para cada um deles o profissional deverá adaptar às suas capacidades individuais.

O atleta conta com uma situação diferente dos outros públicos, visto que este tende a ter treinamentos frequentes e intensos frente ao esporte praticado. Ainda assim, o impacto no ombro poderá causar esse tipo de condição. E o profissional deve investigar melhor as causas biomecânicas que possam estar alterando o equilíbrio deste atleta.

O ombro doloroso afeta grande parte da população, sendo mais comum em mulheres, adultas e idosas. Além disso, os mais propensos a desenvolver a condição são aqueles que realizam movimentos repetitivos, atletas que sobrecarregam muito os membros superiores, ou aqueles que apresentem desequilíbrio entre as estruturas osteomusculares.

O tratamento, na maioria das vezes, conservador, é eficaz e depende muito das condutas adequadas do fisioterapeuta. Além disso, é importante que esse profissional possua os devidos conhecimentos acadêmicos e práticos para a avaliação ideal, adotando sempre a fisioterapia baseada em evidências.

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Referências

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