A relação do uso de ácido valpróico na gravidez e ocorrência de fendas orofaciais | Colunista

A definição de epilepsia é uma condição neurológica crônica, caracterizada por duas ou mais convulsões não provocadas e atribuída a descarga elétrica súbita e excessiva de um grupo de neurônios.

É um distúrbio neurológico que requer tratamento contínuo mesmo durante a gravidez, sendo que as crises aumentam em 30% no primeiro trimestre de gravidez.

Devido a esse fato, é necessário o uso de anticonvulsivantes durante a gravidez, dentre esses, o Ácido Valpróico ou valproato, indicado como monoterapia ou terapia adjuvante para o tratamento de crises convulsivas, com alto potencial teratogênico e associado a ocorrência de malformações congênitas no feto, como a ocorrência de fenda labial, sendo que os riscos de malformações com uso de VPA ão 2 a 7 vezes maiores do que outros medicamentos antiepilépticos.

Guveli et al, mostrou que a porcentagem de anomalias graves foi maior no grupo com anticonvulsivantes (7,7%) comparado ao grupo sem anticonvulsivantes (3,8%), além disso, os filhos de mães que usam VPA apresentaram maiores características dimórficas, independente da dosagem diária.

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Dentre as anomalias dentárias, mais frequentes foram hipoplasia, erupção retardada e má oclusão. Em consonância , Vajda et al mostrou que a taxa de malformação associada ao VPA (13,7%) foi maior que a associada a todos os outros AEDs em monoterapia.

Já as malformações congênitas maiores, como fenda labial e palatina, foram estimadas em 4-6% de nascidos de mães tratadas com AEDs, em comparação com 2-3% da população em geral. Sendo que a fenda palatina isolada é o tipo de fenda predominante visto na exposição ao VPA e o risco absoluto de ter um filho 0,3% para fenda palatina no caso de mães tratadas com ácido valpróico em monoterapia durante o primeiro trimestre de gestação.

O mecanismo de teratogenicidade ainda é pouco conhecido, mas os produtos de biotransformação do VPA no corpo humano nas vias metabólicas de glucuronidação, ß-oxidação, entre outras, apresentam pelo menos um metabólito potencialmente tóxicos e teratogênico e alterações na desintoxicação celular aumentariam o risco de toxicidade fetal, secundária à formação de radicais livres derivados do metabolismo dos anticonvulsivantes.

Apesar dos riscos do uso de Ácido Valpróico na gestação, em algumas circunst ncias a gestante pode recebê-lo para tratar a epilepsia, mas recomenda-se que a dose seja a menor eficaz e administrada de forma fracionada durante o dia com formulação de liberação prolongada para evitar picos de concentração plasmática. Essas pacientes devem realizar monitoramento pré-natal para detectar possíveis ocorrências de malformações.

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Referências:

GÜVELI, Betül Tekin et al. Teratogenicity of antiepileptic drugs. Clinical Psychopharmacology and Neuroscience, v. 15, n. 1, p. 19, 2017.

VAJDA, F. J. E. et al. Associations between particular types of fetal malformation and antiepileptic drug exposure in utero. Acta Neurologica Scandinavica, v. 128, n. 4, p. 228-234, 2013.

Por Sanar

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