A atuação do psicólogo na sepse: da avaliação à reabilitação | Colunista

A Psicologia é compreende uma ciência ampla. De acordo com a Associação de Psicologia Americana é a ciência que identifica e analisa o comportamento humano e seus processos. Isso torna a Psicologia flexível o suficiente para dialogar com diversos campos do conhecimento. Frente a isso a atuação do Psicólogo muitas vezes é multiprofissional e acontece em torno de uma determinada condição de saúde – sendo esta Psiquiátrica ou não.

Cada vez mais os cuidados psicológicos vêm ganhando destaque em face a várias condições de saúde. Isso acontece, pois, grande parte das condições patológicas de saúde são capazes de provocar ou estão relacionadas a questões emocionais ou cognitivas. Uma patologia comum e com alta incidência no ambiente hospitalar é a sepse, sendo esta capaz de alterações a curto, médio e longo prazo. Por isso vamos conhecer um pouco mais dessa condição de saúde e saber como o Psicólogo pode atuar com estes pacientes.

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O que é sepse?

Sepse deve ser definida como disfunção orgânica com risco de vida, causada por uma resposta desregulada do hospedeiro à infecção. Era conhecida antigamente como septicemia ou infecção no sangue.  No diagnóstico clínico, a disfunção orgânica pode ser representada por um aumento no escore Sequential Organ Failure Assessment (SOFA) de 2 pontos ou mais, o que está associado a uma mortalidade intra-hospitalar superior a 10%.

A sepse também pode ter manifestações mais severas, sendo classificada como choque séptico. Este pode ser definido como um subconjunto da sepse, com risco aumentado de mortalidade do que somente a sepse e que apresenta anormalidades circulatórias, celulares e metabólicas. Pacientes com choque séptico podem ser identificados clinicamente por uma necessidade de vasopressor para manter uma pressão arterial média de 65 mm Hg ou mais e nível de lactato sérico maior que 2 mmol / L (> 18 mg / dL) na ausência de hipovolemia.

Os sintomas da sepse são descritos pelos seguintes: Aceleração da frequência respiratória; Falta de ar; Aceleração dos batimentos cardíacos; Temperatura acima de 38 °C (febre); Temperatura abaixo de 36 °C (hipotermia); Fraqueza extrema; Vômitos; Diminuição da quantidade de urina; Queda da pressão arterial; Alterações da consciência com sonolência, agitação ou confusão mental (especialmente em idosos).

O tratamento da sepse é realizado por meio de antibioticoterapia intra-hospitalar e quando necessário manejo de suporte de vida.

Por gerar diversas alterações em diversos órgãos, a sepse é capaz de gerar danos a curto, médio e longo prazo. Além de ser um fator de admissão em UTI a sepse também é um fator de risco para danos funcionais e neuropsicológicos a longo prazo.

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O papel do psicólogo hospitalar

Dentro do ambiente hospitalar o psicólogo pode atuar com o paciente séptico e também com a família. A sepse, como já citado, possui alto índice de mortalidade e também pode estar associada a outras patologias. Esse quadro caracteriza gravidade para o paciente e sofrimento intenso para o familiar.

Um dos sintomas da sepse é o rebaixamento do sensório ou alteração em estado de consciência. Sendo o psicólogo o profissional que utiliza o diálogo como principal ferramenta de trabalho, conhecer os sintomas da sepse pode ser importante, visto que o paciente ambulatorial pode estar startando para sepse tendo aspectos cognitivos como principais deflagradores.

A atuação com o paciente poderá ser pautada em fornecer um ambiente enriquecido ao paciente com música, estímulos e resgate de aspectos afetivos, além do acolhimento da dor. Também pode incluir comunicação não-verbal para pacientes sedados, estímulos visuais e estímulos de rotina (dia/noite).

A sepse pode estar associada ao delirium. Por esse motivo o psicólogo hospitalar poderá fazer o acompanhamento deste paciente, fornecendo suporte e sempre que possível avaliando prejuízos cognitivos agudos.

Importante ressaltar que geralmente o paciente com sepse é admitido em UTI, o que pode gerar sofrimento para a família por vários motivos como: restrição de visitas e comunicação, apreensão por não acompanhar diretamente o quadro de saúde.

Já a atuação para a família pode ser voltada em comunicar o quadro junto a equipe multiprofissional, acolher o sofrimento e acompanhar os familiares em visita ou via telefone, levando em consideração o nível de compreensão, sofrimento e as estratégias de enfrentamento da família.

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O papel do psicólogo clínico

Embora possua alto índice de mortalidade, a sepse também possui diversos sobreviventes. Fora do Brasil são comuns grupos e institutos especializados (voluntários ou não, como Sepsis Trust https://sepsistrust.org/get-support/support/support-for-survivors/post-sepsis-syndrome/, Sepsis https://www.sepsis.org/education/patients-family/sepsis-survivors/ e outros) no atendimento e encorajamento de pacientes pós-sepse.

Estudos destacam que pacientes pós-sepse apresentam diversas alterações psicológicas e cognitivas que incluem: transtorno de estresse pós-traumático, ansiedade, depressão, dificuldade de concentração, dano cognitivo, dano mnemônico, dificuldades para dormir e manter o sono.

Estudos também aprontam prejuízos funcionais como dificuldades em realizar as atividades da vida diária, dificuldade em iniciar e concluir uma tarefa ou mesmo dificuldade de deambular, prejudicando a independência.

Frente a esse quadro o trabalho do psicólogo clínico pode ser focado no processo de psicoterapia e de reabilitação neuropsicológica. O paciente precisa compreender o que aconteceu, ser acolhido, avaliado em pensamentos funcionais e disfuncionais, além de técnicas diversas relacionadas ao processo de psicoterapia.

Do ponto de vista neuropsicológico é necessária avaliação das funções cognitivas e da funcionalidade do paciente. A partir daí, torna-se necessário um plano de reabilitação neurofuncional, que muitas vezes pode envolver outros profissionais.

A sepse é uma condição que pode perdurar com danos a curto, médio e longo prazo. É importante que o profissional psicólogo conheça a sua complexidade e que seja capaz de atuar em consonância com o estado de saúde do paciente. Na área hospitalar o auxílio na compreensão da doença, já a área clínica promovendo ações de autoconhecimento e reabilitação neuropsicológica.

O impacto neuropsicológico que vem sendo relatado na sepse também alerta para a necessidade de intervenções neuropsicológicas desde o período de internação hospitalar. Pare, pense: pode ser sepse?

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Referências

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