Em meio ao avanço da vacinação contra a covid-19 no Brasil, estudos clínicos da Paxlovid, remédio experimental da Pfizer contra a doença, começam a ser feitos no País. Estudos sinalizam que o antiviral reduziu em 89% o risco de hospitalização ou morte em adultos infectados não vacinados.
Em Campinas, interior de São Paulo, aproximadamente 300 voluntários irão participar do estudo. O Hospital PUC – Campinas já começou a utilizá-lo nesta quinta-feira (11). Além dele, duas clínicas particulares receberão o antiviral para aplicação, segundo noticiado pelo G1.
Os estudos serão realizados em 29 centros de pesquisa nos seguintes estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo.
A Pfizer explicou que “nesses estudos, o fármaco é coadministrado com uma baixa dose do ritonavir, um antirretroviral utilizado em tratamento de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)”.
Como age o Paxlovid
O Paxlovid bloqueia uma enzima que o coronavírus precisa para se replicar. O remédio, que ainda está em fase experimental, integra uma classe de medicamentos chamada de inibidores de protease e que revolucionaram o tratamento do HIV e da hepatite C.
Ele é dado aos pacientes junto com uma dose baixa do ritonavir, um antiviral já conhecido e que ajuda a desacelerar o metabolismo ou a quebra do Paxlovid. Isso precisa ser feito para que ele permaneça ativo no corpo por mais tempo e em concentrações mais altas, o que ajuda a combater o vírus.
Achados do estudo
O G1 divulgou, no dia 5 de novembro, resultados da administração do medicamento em caráter experimental, até então. Confira:
- Ao todo, 389 pacientes tomaram o Paxlovid, em até 3 dias após o início dos sintomas.
- Desse total, 3 pessoas foram hospitalizadas em até 28 dias após o início dos testes – ou seja, 0,8% dos pacientes. Nenhum morreu.
- No grupo Placebo, outros 385 pacientes não receberam o comprimido. Desses, 27 foram hospitalizados – 7 morreram.
Ainda de acordo com o G1, os voluntários receberam o diagnóstico da covid-19, confirmado em laboratório, em um período de cinco dias. Todos tinham sintomas leves a moderados e precisavam ter pelo menos uma comorbidade associada a um risco aumentado de desenvolver a forma grave da covid-19.
A Pfizer também está estudando o impacto desse tratamento em pessoas com baixo risco de contrair a covid-19, assim como em pessoas já expostas ao vírus por alguém que mora na mesma casa.
O anúncio da Pfizer sobre os resultados do experimento foi feito pouco depois de o órgão regulador de medicamentos do Reino Unido aprovar o comprimido molnupiravir, que também busca frear o avanço da covid-19. Esse, da farmacêutica americana Merck Sharp and Dohme (MSD).
Vacina, sim!
Durante entrevista à CNBC, no dia 5 de novembro, o diretor da Pfizer, Albert Boula, destacou que o comprimido não é motivo para deixar de se vacinar contra a Covid-19: “O fato de termos um tratamento não é de jeito nenhum razão para não tomarmos a vacina. Na verdade, devemos tomar a vacina.”
Ele explica que alguns contrairão a doença, mesmo vacinados, e que o medicamento seria para esses casos.
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