Assistência à saúde da pessoa idosa | Colunista

De acordo com o estatuto do Idoso, considera-se pessoa idosa indivíduos com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

Você já parou para pensar o que é o envelhecimento? É um processo complexo e dinâmico que ocorre das mais variadas formas de acordo o modo de vida dos indivíduos como mudanças morfológicas e funcionais de que varia de pessoa para pessoa. Lembrando que é um processo natural de todo ser humano. 

Você sabia que no ano de 2017 a população com 60 de anos no Brasil era de 30,2 milhões de pessoas? Esse dado foi divulgado pelo Instituto brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) segundo a Pesquisa de Nacional de Amostra Municípios Continua. Este grupo etário, tem se tornado bastante representativo no Brasil, com destaque para as mulheres que corresponde a 56% da população idosa. 

Mas, o que essas informações significam para os profissionais de saúde e sociedade? Significa que o sistema de saúde brasileiro, profissionais de saúde e sociedade precisam considerar o envelhecimento como prioridade.

A saúde para a população idosa não se restringe apenas a prevenção e controle de Doenças Crônicas Não Transmissíveis, e sim, uma interação entre saúde física, saúde mental, independência financeira, capacidade de funcional e suporte social. 

A partir dessa reflexão, gostaria de compartilhar os cuidados que aprendi na residência multiprofissional em saúde do idoso. Através destes 10 passos podemos prestar uma assistência em saúde de qualidade para nossos idosos: 

  1. Consulta de enfermagem: dentro da consulta é importante abordar a pessoa idosa como um ser único e integral e realizar exame físico direcionado para o público em questão (pressão arterial sentada e em pé, sinais sugestivos de violência, medidas antropométricas, circunferência da panturrilha)
  2. Avaliação nutricional: investigar o tipo de alimentação, o número de refeições, o preparo da comida, a mastigação e a deglutição. Esta avaliação pode ser registrada na Escala de Risco Nutricional. 
  3. Avaliação de aspectos sensoriais: neste tópico observamos alterações relacionadas a acuidade visual e auditiva utilizando a Escala Optométrica de Snellen e Teste de Sussurro. 
  4. Perfil psicológico e sócio-cultural: levantar informações sobre dependências químicas, cognição, memória, sono e repouso embasado no Mini-exame do estado Mental. Buscar saber acerca das atividades laborais, lazer, espiritualidade, ansiedade e depressão que poder ser melhor investigada através da Escala de Depressão Geriátrica. 
  5. Perfil familiar: procurar saber sobre composição da família, necessidade de um cuidador, pontos de apoio dentro do seio familiar avaliados através dos intumentos: Genograma e Ecomapa.
  6. Orientações aos principais agravos a pessoa idosa:  prestar informações de prevenção sobre queda, demência, hipertensão arterial, diabetes, incontinência urinaria, osteoporose, instabilidade postural e polifarmácia.
  7. Autocuidado: neste passo é importante avaliar as atividades de vida diária, hábitos de higiene corporal e bucal e vestimentas melhor detalhados no Índice de Kartz. Através dessa, podemos determinar o grau de independência na realização de atividades relacionadas ao autocuidado.
  8. Sexualidade: tópico muitas vezes negligenciado devido tabus, mas importante para a saúde dos idosos. Orientar quanto ao sexo seguro e investigar possíveis dificuldades ou queixas e realizar detecção precoce de infecções sexualmente transmissíveis. 
  9. Ambiente: podemos fazer essa observação do ambiente através da visita domiciliar ao idoso, seguindo o Roteiro de Observação do Ambiente Domiciliário: tipo de moradia, utilização de tapetes, corrimão, banheira, animais domésticos e iluminação.    
  10. Violência contra o idoso: como profissionais de saúde devemos investigar as principais formas de violência contra a pessoa idosa: física, psicológica, financeira, abandono/negligência, sexual e medicamentosa para isto, temos a Ficha de Notificação de Violência.

Você sabia que o idoso possui sua própria caderneta? É isso mesmo! A caderneta de saúde da pessoa idosa é um instrumento para organizar a atenção a saúde do idoso. Uma vez, que propicia o acompanhamento periódico de determinadas condições do indivíduo idoso. 

Não é um mini prontuário, mas, um documento que a pessoa idosa sempre deve carregar consigo. É fundamental que os profissionais, principalmente de enfermagem, incorporem a caderneta de saúde da pessoa idosa na sua rotina de assistência de cuidados. 

Além de todas as questões biológicas, os profissionais de saúde devem incentivar o Envelhecimento ativo. Estimulando o idoso a participar de forma contínua das questões sociais, culturais, espirituais e civis, permitindo que a pessoa idosa exerça sua autonomia, ou seja, sua capacidade de decisão.  

Lembrando, dia 01 de outubro foi instituído o Dia Internacional do Idoso, com o objetivo de sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento com destaque para proteção e cuidado para com essa população. Vou ficando por aqui, meus amigos! Grande abraço e até mais! 

Referências

BRASIL, Ministério da saúde. Portaria nº 2.528 de 19 de outubro de 2006.

BRASIL, Ministério da Justiça. Lei nº 11.433 de 28 de dezembro de 2006.

BRASIL, Ministério da Justiça. Lei nº 10.741 de 01 de outubro de 2003.

BRASIL, Ministério da saúde. Secretaria de atenção à saúde departamento de ações programáticas estratégicas. Caderneta de saúde da pessoa idosa. 4ª edição. Brasília – DF, 2017.

DARDENGO, C.F.R; MAFRA, S.C.T.  Os conceitos de velhice e envelhecimento ao longo do tempo: contradição ou adaptação? Revista de Ciências Humanas, vol. 18, n. 2, jul./dez. 2018. 

Número de idosos cresce 18 em 5 anos e ultrapassa 30 milhoes em 2017. IBGE,2018. Disponível em <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/20980-numero-de-idosos-cresce-18-em-5-anos-e-ultrapassa-30-milhoes-em-2017/>.  Acesso em 24 de setembro de 2021

SÃO PAULO. Secretaria da Saúde. Manual de atenção à pessoa idosa/ Secretaria da Saúde, Coordenação da Atenção Básica/ Estratégia Saúde da Família. – 2 ed – São Paulo: SMS, 2016 92 p. – (Série Enfermagem).

Por Sanar

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