Etiologia, diagnóstico precoce aliado ao tratamento do mesiodente na infância | Colunista

Os dentes supranumerários são dentes extras em comparação à dentição normal, que podem ocorrer tanto em maxila como na mandíbula¹. O tipo mais comum de dente supranumerário é o mesiodente, que pode ocorrer como único, múltiplo, unilateral ou bilateral^1,2.

A prevalência relatada na literatura varia entre 0,15% e 1,9%, sendo mais comum em homens do que em mulheres^2,3. A ocorrência do mesiodente em dentição decídua é bastante rara, no entanto, em dentição permanente é bastante comum com incidência de 0,15 a 3,8%⁴.

A condição clínica em questão pode apresentar morfologias distintas, tais como: cônico, tubercular ou molariforme, sendo a forma cônica a mais comum^4,5. Em alguns indivíduos, a erupção pode ocorrer normalmente, embora possam permanecer impactados ou eruptar na posição invertida⁶.

A trajetória de erupção pode seguir normal, ou em posição ectópica.  Os dentes supranumerários em dentição primária erupcionam em crianças de 4 anos de idade, durante a dentição decídua⁷. No entanto, podem interferir na erupção de outros dentes permanentes, de forma que é considerado um fator de risco para a má oclusão⁸.

 A etiologia desta condição não é totalmente conhecida, entretanto, algumas teorias foram sugeridas. Pode ser visto como um achado isolado ou como parte de uma síndrome, especialmente fissura labial e palatina, Disostose Cleidocraniana e Sindrome de Gardner¹.

As complicações decorrentes da presença clínica do mesiodente estão relacionados ao atraso de erupção, apinhamento dentário, impactação de incisivos permanentes, formação anormal de raízes, alteração da trajetória de erupção dos incisivos, diastema na linha média, lesões císticas, infecção intraoral, rotação e reabsorção radicular de dentes adjacentes ou até mesmo erupção na cavidade nasal⁹.

O diagnóstico da condição clínica na dentição decídua e mista pode prevenir complicações adicionais. Na dentição decídua, o dente supranumerário apresenta formato normal e de erupção regular, e esta é a razão pela qual estes dentes muitas vezes não são detectados durante o exame clínico de rotina¹⁰.

Na dentição permanente, o diagnóstico é simplificado devido ao fato deste seguir a erupção dos dentes anteriores permanentes^11,12. As radiografias panorâmicas, oclusais e periapicais maxilares e a tomografia computadorizada são recomendadas para auxílio do processo do diagnóstico⁶.

Embora não haja protocolos estabelecidos para os exames de imagem, a prática clínica infantil preconiza a realização da radiografia panorâmica aos 5 anos de idade e ao término da dentição mista.

O diagnóstico e intervenção precoces, em ambas as dentições, previne e evita danos estéticos, funcionais e patológicos. E de forma conjunta, diminui potencialmente a necessidade de tratamentos complexos futuros do paciente infantil.

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REFERÊNCIAS

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5. Anegundi RT, Tegginmani VS, Battepati P, Tavargeri A, Patil S, Trasad V et al. Prevalence and characteristics of supernumerary teeth in a non-syndromic South Indian pediatric population. J Indian Soc PedodPrev Dent. 2014;32(1):9-12.
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11. Ayers E, Kennedy D, Wiebe C. Clinical recommendations for management of mesiodens and unerupted permanent maxillary central incisors. Eur Arch Paediatr Dent. 2014;15(6):421-8.
12. Toureno L, Park JH, Cedeberg RA, Hwang EH, Shin JW. Identification of supernumerary teeth in 2D and 3D: Review of literature and a proposal. J Dent Educ. 2013;77(1):43-50.