Não podemos negar que as pílulas anticoncepcionais foram uma verdadeira evolução para as mulheres na época de 1960, quando foi lançado o primeiro contraceptivo oral Enovid- 10 nos Estados Unidos.
A pílula significaria uma verdadeira revolução nos hábitos sexuais do mundo ocidental; o que não esperava que junto com essa nova revolução de planejamento familiar com baixo índice de falha iria vir junto com doenças que prejudicaria a mulher em um grande período de tempo na sua vida e sem informar a essas mulheres que algumas delas poderiam engravidar mesmo tomando o contraceptivo.
No Brasil a pílula chegou entre 1962 e 1972 com baixa informação e clareza sobre os riscos do malefícios e benefícios que as pílulas poderiam causar. Além disso, a mídia Brasileira na época caiu em cima com diversas publicidades exibindo e mostrando somente os benefícios que a pílula poderia trazer para a sociedade.
Outra preocupação da mídia era informar equivocadamente como os hormônios artificiais ”enganavam” o organismo feminino, induzindo uma falsa gravidez, como relata uma matéria publicada na revista Veja em 1970.
Segundo a revista VEJA, ”Quando toma pílulas, a mulher vive uma falsa gravidez e passa a sofrer todos os problemas próprios do período. As indicações benéficas, os problemas desagradáveis e os perigos abaixo relacionados, variam de pessoa a pessoa e surgem numa incidência que vai do raro ao muito frequente. Somente duas indicações são gerais: regula o ciclo menstrual e evita a gravidez”’.
Além disso, na época o estrógeno e a progesterona se tornaram substâncias nobres, difundido uma noção superestimada destas substâncias como que seriam benéficas para restaurar textura ou contorno facial.
Entretanto essas informações foram sendo sanadas com o passar do tempo e as seguranças das pílulas e os efeitos colaterais começarem a vir à tona e logo a publicidade benéfica da indústria da beleza em cima desses hormônios foi sumindo.
Ademais, as informações como uma lista extensa sobre as vantagens de tomar a pílula até os dias atuais tem um destaque maior por mais que as mulheres nos anos 2000 começaram a questionar a indústria farmacêutica sobre se realmente os benefícios são superiores aos malefícios.
Um estudo publicado no new England Journal of Medicine, em 07 de dezembro de 2017 uma das mais prestigiadas publicações científicas do mundo, revela que o risco de câncer de mama é maior para usuárias de anticoncepcionais em relação aquelas que nunca recorreram ao medicamento.
O estudo também afirma que o risco é elevado na medida em que aumenta o tempo de uso tanto para as mulheres que usam atualmente tanto para as que utilizaram no passado.
Para a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) não há uma necessidade da população feminina romper o anticoncepcional que já utilizam, o ideal seria uma pesquisa entre o médico e a paciente para afirmar se é bom continuar a concepção com medicamento ou não.
Segundo o estudo não houve nenhum anticoncepcional que não tenha tido relação com o aumento de risco de câncer, inclusive os DIUs com progesterona.
É importante salientar que o estudo não avaliou o impacto na mortalidade geral por câncer. Sabe-se que os anticoncepcionais reduzem o risco de câncer de ovário, endométrio e colorretal.
Então a discussão sobre o melhor método de contracepção não tem fim, pois cada médico e paciente aceitará os riscos da medicação de acordo com sua escolha e propósito de vida. De fato as pílulas têm efeitos colaterais a curto ou longo prazo podendo ser prejudicial ou benéfica.
Ademais, os profissionais de saúde podem evidenciar as informações de quando usar ou não usar os contraceptivos para quem é indicado.
A melhor condição para usar é se a mulher é jovem e saudável e a melhor condição para não usar é se a paciente foi diagnosticada com câncer e ou tem histórico familiar de câncer de mama, se fez biopsia e foi diagnosticada células anormais nos seios, ter mestruado precocemente, ter engravidado tardiamente ou não ter engravidado ainda, ser fumante por longa data.
Portanto medidas são necessárias para ser tomadas. Por exemplo, como uma revolução dos anticoncepcionais orais, pensando mais na saúde das mulheres, quem sabe até um anticoncepcional masculino a população feminina aguarda ansiosa por isso há muitos anos ou até mesmo a flexibilização das cirurgias como a laqueadura que a mulher no Brasil não tem total liberdade e acesso até mesmo a vasectomia.
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Referência
- A lei da pílula. Veja, 04\02\70, página. 64\ Acesso em 22 de julho de 2021 às 13:00 horas.
- Revista Brasileira de História da Ciência, Rio de Janeiro, V. 9, N. 2, Dez de 2016 \ Acesso em 22 de julho de 2021 às 14:00 horas
- Site: Sociedade Brasileira de Mastologia- posicionamento sobre os anticoncepcionais\ Acesso em 22 de julho de 2021 às 17:30 horas.
- Site: Portal Pebmed – Anticoncepção hormonal aumenta o risco de câncer de mama? / Acesso em 23 de agosto de 2021 ás 19:40.
- Mørch LS, Skovlund CW, Hannaford PC, Iversen L, Fielding S, Lidegaard Ø. Contemporary Hormonal Contraception and the Risk of Breast Cancer. N Engl J Med [Internet]. Massachusetts Medical Society; 2017 Dec 6;377(23):2228–39. Available from: http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa1700732