Principais causas de edentuslimo total e parcial: Uma análise aplicada na idade sênior | Colunista

Como a falta de higiene relacionada ao consumo de álcool e tabaco pode influenciar o endentulismo e como isso pode afetar a saúde e qualidade de vida do idoso.

Esse texto trata-se de uma pequena revisão sistemática na literatura com objetivo de resumir algumas informações encontradas sobre sobre o tema em análise, analisando as causas dos problemas e quais as melhores formas de o conter.

A população idosa é o segmento populacional que mais cresce. A saúde bucal na terceira idade é um fator indispensável para o envelhecimento saudável, além de ser um sinal de uma boa qualidade de vida.

O edentulismo é algo muito presente nessa faixa etária e trata-se da perda total ou parcial dos dentes permanentes, sendo a consequência de eventos multifatoriais que são susceptíveis principalmente pela falta de uma correta higiene bucal e agravando-se ao consumo de álcool e/ou tabaco.

Entretanto, as condições desiguais em que as pessoas vivem e trabalham são refletidas nitidamente na saúde bucal, uma vez que idosos expostos a situações de vulnerabilidade social estão mais sujeitos à interferência direta dos determinantes sociais no processo saúde-doença.

O tratamento do paciente idoso difere do tratamento da população geral, devido a mudanças fisiológicas durante o processo de envelhecimento natural, da presença de doenças sistêmicas crônicas e da alta incidência de deficiências físicas e mentais nesse segmento da população (FAJARDO E GRECCO,2003).

Principais alterações fisiopatológicas da cavidade bucal do idoso:

O envelhecimento aumenta a vulnerabilidade para várias doenças bucais devido às alterações funcionais fisiológicas próprias do idoso (REZENDE, 2005; BORAKS, 2002).

Rosa et al. (2008) relatam as seguintes condições clínicas fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento que podem estar presentes na cavidade bucal do idoso: redução da capacidade gustativa, alteração das glândulas salivares, alterações no periodonto, alterações no sistema mastigatório, alterações na estrutura dental e mucosa oral.

As estruturas bucais sofrem ação do tempo, e várias são as adaptações fisiológicas que se processam durante o ciclo da dentição normal. A dentina depositada continuamente diminui o tamanho da câmara pulpar, provocando a atresia dos condutos radiculares.

Os tecidos periodontais sofrem retração, perda do colágeno e tornam-se mais suscetíveis a inflamação. As alterações mastigatórias são inúmeras, decorrentes da perda dos elementos dentais, uso de próteses, restaurações realizadas ao longo da vida e hábitos alimentares e funcionais. (ACA Simões · 2011)

Carie coronária e radicular:

Alguns fatores como a redução do fluxo salivar pelo uso de medicamentos, a dificuldade de higienização por problemas psicomotores e alteração na dieta, potencializam a ação da doença nessa população (SILA e VALSECKI Jr, 2008).

As causas da cárie dental nos idosos são idênticas às de pessoas jovens. Entretanto, pelo fato de os dentes dos idosos terem sido expostos aos potentes efeitos do ambiente por um longo período de tempo, eles apresentam maior risco de desenvolver cárie do que os demais jovens (ACEVEDO et al.,2001).

A função motora ou mental dos idosos, com certa frequência, limita a higiene bucal, levando à deterioração dos tecidos periodontais e, na medida em que a susceptibilidade à infecção dos tecidos periodontais aumenta, o risco de recessão gengival e exposição da superfície radicular também crescem, predispondo o individuo ao aparecimento de caries de raiz (BARBOSA e BARBOA, 2202; LEIS etal., 2009; BORAKS, 2002).

Periodotopatias:

O biofilme dental forma-se mais rapidamente em idosos, provavelmente devido a mudanças na composição da dieta e diminuição na quantidade da saliva produzida (QUEIROZ et al., 2008).

A prevalência e a severidade da periodontite crônica do adulto aumentam com o avançar da idade, podendo ser exacerbadas nos pacientes idosos, depois de estarem relativamente estáveis por muitos anos (PINTO, 1987), sugerindo que fatores sistêmicos e/ou problemas de saúde geral em indivíduos idosos possam influenciar na progressão da doença (DUARTE e CASTRO, 2001).

Desgastes dentais (atrições, abrasões e erosões):

A erosão por abrasão ou atrição é geralmente mais prevalente no idoso, assim como a retração da polpa dentária, resultante da formação de dentina secundária ou calcificação pulpar (ROSA et al., 2008).

Edentulismo

Embora o edentulismo seja considerado por muitos um fenômeno natural do envelhecimento, podemos entender que ele é o reflexo da falta de orientação e de cuidados com a saúde (PUCCA Jr,2000).

Os problemas bucais mais prevalentes nessa faixa etária são as cáries radiculares e a doença periodontal, que contribuem para a grande maioria das extrações dentárias (SIMÕES e CARVALHO, 2011).

Também existem associações significativas entre edentulismo e determinantes individuais e contextuais em idosos brasileiros, sugerindo que o nível de desenvolvimento econômico contextual bem como características individuais de posição social está associado à prevalência de edentulismo. (JFF Gomes · 2014)

Consumo de álcool e tabaco:

As pessoas de idade sênior são maioritariamente aquelas que se tornam mais vulneráveis ao uso de álcool e tabaco, e tal comportamento pode resultar gradualmente em um grande problema de saúde pública à medida que o número de idosos no mundo aumenta progressivamente.

A terceira idade é um grupo que sofre de diversos agravos à saúde e faz uso de grandes quantidades de medicamentos, que, somados às substâncias nocivas presentes no tabaco e no álcool, torna-a mais suscetível às interações, ao agravamento das condições instaladas e às dificuldades de recuperação e interação social.

Além disso, há evidências de forte associação entre o consumo de ambas as drogas lícitas por idosos (SENGER et al., 2011). O uso destas predispõe o indivíduo a alterações visuais e cognitivas, levando a sofrimento pessoal e familiar.

Tabaco:

Não é segredo que o tabaco é um dos maiores vilões na sociedade, sendo um dos grandes culpados por ocasionar diversos problemas de saúde na população, como por exemplo, o câncer. Sem dúvidas ele é um fator de risco à  saúde bucal, estando aliado a prevalência de progressão das doenças periodontais dentre várias outras enfermidades.

Pessoas que fazem o uso intenso e constante de cigarro têm mais chances de desenvolver câncer de boca e podem apresentar irritação crônica na mucosa do palato, denominada palatite nicotínica, e ainda leucoplasia, ambas são lesões brancas que podem ser consideradas cancerizáveis (ROSA et al., 2009; LOPES et al., 2012).

O tabaco interfere nos processos químicos que acontecem na boca, como diminuição de imunoglobulina A na saliva contribuindo para pior estado periodontal (WASZKIEEWICZ et al., 2012b), além de acarretar em excesso de cálculo dental, deixar os dentes amarelos ou enegrecidos, acelerar a deterioração da arcada dentária, contribuir para o surgimento de cáries e aumentar o risco do fumante perder os dentes em 50% mais do que os não fumantes (OLIVEIRA, 2009).

Fumantes mais velhos, que sobreviveram a taxas excessivas de morte prematura decorrente do fumo, tendem a ser menos motivados a abandonar o hábito, subestimam os riscos à saúde e se consideram relativamente imunes aos malefícios do tabaco.

Álcool:

A propensão de um indivíduo para desenvolver doenças relacionadas ao álcool está ligada a múltiplas dimensões, como o padrão e a duração do consumo, além de estar associada a fatores fisiológicos, biológicos, psicológicos e sociais.

O álcool é o 7º maior fator de risco para a carga total de doenças entre indivíduos de 50 a 69 anos e o 10º para indivíduos maiores de 70 anos (GBD,2010).

Segundo o Global Health Estimates 2016 (OMS), o envelhecimento pode diminuir a tolerância do corpo ao álcool devido a uma série de alterações fisiológicas que acontecem ao decorrer da vida, sendo assim, o consumo de álcool em idosos pode provocar efeitos mais acentuados.

Dentre as consequências do consumo do álcool na terceira idade, destacam-se déficits no funcionamento cognitivo e intelectual, aumento do número de comorbidades, agravos a outros problemas de saúde comuns à idade, exposição a um maior risco de quedas e outras lesões, e ainda promoção de efeitos secundários pela interação com medicamentos mais comumente utilizados por essa população.

Ações educativas e intervenções clínicas

Para mudar essa realidade são necessários mais estudos para melhor entendimento do papel de determinantes sociais sobre o edentulismo. Além disso, é imprescidível ações em saúde e políticas de prevenção e intervenção devem ser planejadas de forma integrada aos fatores sociais, psicológicos e biológicos, visando reduzir o uso abusivo do álcool e do tabagismo, bem como prevenir seus efeitos nocivos à saúde.

Junto a isso, é importante que haja um trabalho continuado de orientação para o cuidado da saúde bucal, instruções para a limpeza diária dos dentes e controle da dieta. Para aqueles que já perderam seus dentes, deve-se assegurar seu acesso à reabilitação das funções mastigatórias e estética, através da confecção de próteses dentárias e de sua limpeza.

Além do mais,é necessário o rastreio de uso de álcool e tabaco em pessoas de idade avançada por meio dos serviços de saúde que acompanham a comunidade na perspectiva de fazer um levantamento de informações sobre as necessidades desse público e a partir disso, facilitar o planejamento e realização de estratégias para o tratamento adequado.

Por meio dessas políticas públicas de saúde bucal para a terceira idade haverá o aumento da expectativa de vida, redução o edentulismo e melhoria nas condições de saúde dos idosos.

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REFERÊNCIAS

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