Quem nunca ouviu dizer que uma pessoa teve 90% de seu corpo queimado ou teve queimaduras de terceiro grau? Sabemos que esta avaliação é de extrema importância, pois os ferimentos de queimaduras podem levar a outros agravos e complicações. Então, vamos discutir sobre essas duas formas complementares de avaliação do paciente queimado?!
Aspectos peculiares que podem ocorrer
No primeiro contato com o paciente queimado, além de perceber e avaliar o que lhe foi causado, é importante avaliar o grau de consciência, aspectos como a inalação de fumaça e/ou produtos tóxicos, histórico do acidente (se possível, perguntar ao paciente ou pessoas ao redor) e com isso saber se houve explosões (pois se sim, o paciente pode ter sido arremessado e ter sofrido lesões internas e outras fraturas), se o paciente há doenças preexistentes, alergias ou se foi tentativa de suicídio (AMERICAN COLLEGE OF SURGIONS COMMITTEE ON TRAUMA, 2012).
Esses aspectos além de auxiliar nas condutos de primeiro contato, auxiliarão nas próximas condutas, como acompanhamento em caso de suicídio. Atentar-se se a história apresentada do acidente é condizente ao padrão de queimaduras e outras lesões, se as tiverem. Não obstante, perceber também sobre a imunização do paciente contra o tétano (AMERICAN COLLEGE OF SURGIONS COMMITTEE ON TRAUMA, 2012).
Avaliação quanto à superfície corporal
A “Regra dos Nove” é uma regra simples e muito útil para determinar a extensão da queimadura. Esta regra se baseia na divisão do corpo humano (há padrão para pediatria e para adultos) com praticamente 9% para cara região anatômica ou múltiplos de 9% (AMERICAN COLLEGE OF SURGIONS COMMITTEE ON TRAUMA, 2012). Observe as figuras ilustrativas:
Figura 1 – Regra dos Nove – Adulto
Fonte: ATLS, 2012.
Fonte: ATLS, 2012.
Avaliação quanto a profundidade da superfície
Além de saber a extensão da queimadura, é importante determinar a profundidade dos ferimentos ocasionados. Avaliar sua profundidade auxilia na determinação da conduta quanto a gravidade dos ferimentos, planejar a conduta de tratamento da ferida e prever os resultados que estes podem causar para o melhor desfecho clínico (ALVES, 2018).
Estas avaliações quanto a profundidade se dividem em:
- Queimaduras de primeiro grau são caracterizadas por eritema, dor e ausência de bolhas. Elas não determinam risco à vida e geralmente não necessitam reposição endovenosa de fluidos porque a epiderme permanece intacta. Um exemplo é a queimadura solar.
- Queimaduras de segundo grau são caracterizadas pela aparência vermelha e presença de edema e bolhas. A superfície pode ter uma aparência “lacrimejante” ou úmida e é hipersensível à dor até mesmo às correntes de ar.
- Queimaduras de terceiro grau costumam ser escuras e ter aparência de couro. A pele também pode apresentar-se translúcida ou com aspecto de cera. A superfície é indolor e geralmente seca e pode ser vermelha e não mudar de cor à compressão local. Há pouco edema no tecido, no entanto, na área ao redor da queimadura pode apresentar um edema significativo (AMERICAN COLLEGE OF SURGIONS COMMITTEE ON TRAUMA).
Após estabilizar o paciente, juntamente com as avaliações aqui apresentadas, inicia-se o tratamento das feridas, este será estabelecido conforme as peculiaridades de cada paciente queimado, considerando os aspectos das diferentes feridas.
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REFERÊNCIAS
AMERICAN COLLEGE OF SURGIONS COMMITTEE ON TRAUMA. Advanced Trauma Life Suport – ATLS. 9 ed. 2012.
ALVES, Rachel Mola et al. Características e complicações associadas às queimaduras de pacientes em unidades de queimados. Revista Brasileira de Queimaduras, v. 17, n. 1, p. 8-13, 2018.