Ozonioterapia: o futuro da odontologia | Colunista

Independente de qual seja a sua especialidade, tente pensar em algumas complicações que podem atrapalhar seus atendimentos, ou então em alguns casos em que você gostaria que houvesse uma cura mais rápida para o paciente. 

Imagine agora como seria se, com uma única técnica terapêutica, você pudesse resolver esses problemas, sejam lá quais foram as situações clínicas específicas que você pensou. Parece milagre né?

É dessa forma – quase mágica – que algumas pessoas descrevem a Ozonioterapia e outras práticas integrativas. No outro extremo, temos aqueles que duvidam e reforçam contra o uso de quaisquer que sejam essas técnicas. De fato, a ozonioterapia tem inúmeras aplicações em diversas áreas, mas será que é mesmo tudo isso que contam? Independente da sua posição sobre o tema, você conhece os princípios e sabe como usar a ozonioterapia? 

Vamos conversar e conhecer um pouco mais sobre isso!

Do começo: de onde vem e o que é a ozonioterapia?

A ozonioterapia é uma Prática Integrativa e Complementar (PIC), ou seja, uma técnica não invasiva, que pode ser usada isolada ou em conjunto com as técnicas da Medicina Tradicional. Outras PICs que você pode conhecer são Aromaterapia, Terapia de Florais, Meditação, Musicoterapia, Quiropraxia, Hipnoterapia, Ioga, entre muitas outras. Elas estão ganhando espaço na Odontologia pois contribuem para uma visão ampliada da saúde, já que seus benefícios não se restringem à cavidade bucal. 

O ozônio é uma molécula composta por 3 átomos de oxigênio, que começou a ser utilizada de forma terapêutica nas primeiras décadas do século XX. Naturalmente, ele é encontrado na forma de um gás atmosférico, instável, com um cheiro característico e responsável por filtrar os raios UV. Para a terapia podemos encontrar 3 formas de apresentação:

  • Água Ozonizada: aplicação tópica imediata, pois como o ozônio encontra-se na forma instável deve ser incorporado à água e logo aplicado.
  • Óleo Ozonizado: comum em misturas com outros óleos naturais, a aplicação tópica é segura e com ação antimicrobiana potente.
  • Gás Ozônio: muito usado para descontaminação, é aplicado de forma tópica aberta ou por sucção vedada (mais segura).

Por ser seguro e permanecer em contato com a superfície por mais tempo, o uso do óleo ozonizado tem sido mais indicado. Entretanto, todas as 3 formas são válidas e possuem vantagens e indicações específicas, mas possuem desvantagens. 

De forma geral, as grandes vantagens da ozonioterapia se devem aos seus muitos efeitos biológicos ao entrar em contato com o sangue: 

  • Antimicrobiano – promovendo oxidação, o ozônio leva a ruptura da membrana celular e remodelação do citoplasma;
  • Imunoestimulador – por possuir carga negativa o ozônio é atraído pela infecção/inflamação e nesse local aumenta a produção de prostaglandinas, leucotrienos e interleucinas;
  • Anti-inflamatório – juntamente com o efeito imunoestimulante, ao chegar no sítio inflamado o ozônio acelera a cicatrização e reduz a inflamação;
  • Anti-hipóxico – modifica a respiração celular, aumentando a oxigenação dos tecidos;
  • Bioenergético – estimula o aumento da síntese proteica;
  • Biossintético – aumenta a regeneração dos tecidos.

Entre as desvantagens, podemos citar a falta de dosagens padronizadas para cada aplicação, risco de toxicidade (se inalado em grandes quantidades) e a contraindicação para gestantes e portadores de algumas doenças, como hipertireoidismo e anemia grave.

E na Odontologia, onde podemos aplicar?

Ao contrário do Conselho Federal de Medicina, em 2015 o CFO já reconheceu, autorizou e regulamentou o uso da ozonioterapia como terapia válida para o tratamento de diversos casos.

 Na odontologia, essa técnica se aplica a diversas especialidades, vamos exemplificar algumas:

  • Cirurgia Oral e Maxilofacial: para pacientes com patologias ósseas, até mesmo em casos de necrose; no tratamento da alveolite, quando associado com antibióticos; e para acelerar a cicatrização de feridas.
  • Dentística Restauradora: existem estudos que indicam que o ozônio pode modificar a produção de ácidos pelas bactérias, o que poderia reduzir os ataques ácidos e até mesmo a remoção de tecido cariado no ato da restauração.
  • Endodontia: potencializando a descontaminação e limpeza do sistema de canais radiculares; alguns estudos sugerem sua aplicação como medicação intracanal, pelo potencial antimicrobiano.
  • Estomatologia: promover analgesia em lesões ulcerosas e em casos de mucosite; tratamento de queilite angular, herpes labial e candidíase oral, para cicatrização das lesões.
  • Periodontia: redução da inflamação e da perda de inserção clínica em casos de periodontite, além de melhora da saúde periodontal no geral. Também é possível tratar casos de peri-implantite, auxiliando na desinfecção e regeneração.

Por fim: por quê ainda não é tão aplicada?

Você pode se perguntar: se temos autorização do CFO, grandes vantagens, poucos efeitos adversos e ampla gama de aplicações, por que não temos mais dentistas utilizando a ozonioterapia?

Bom, para responder a essa pergunta temos que considerar vários fatores. O principal deles, talvez seja o fato de não termos muitos estudos conceituados e relevantes, para padronizar as dosagens indicadas e difundir os benefícios. Além disso, muitas das aplicações da ozonioterapia já possuem outros formas de tratamento ou condutas já muito bem estabelecidas, como por exemplo a limpeza dos canais radiculares com hipoclorito de sódio e EDTA, no caso da endodontia.

Assim sendo, é importante reforçar que apesar de parecer muito promissora, a ozonioterapia ainda necessita de mais estudos antes de ser plenamente integrada ao dia a dia clínico. Para saber mais sobre essa técnica e até conferir dicas e cursos, acesse o site da Associação Brasileira de Ozonioterapia aqui.

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Referências:

FLORIANO, Isabela Santos. PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES APLICADAS À ODONTOLOGIA: revisão de literatura. Odontologia-Tubarão, 2020.

GARCIA, Nathana et al. Utilização da ozonioterapia em odontologia. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 1, p. 8797-8711, 2021.

NIMER, Hanna Yaecoub Yousif. O uso da ozonioterapia nas diversas especialidades da odontologia. 2018.

TAKESHITA, Isabela Mie et al. A implementação das práticas integrativas e complementares no SUS: revisão integrativa. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 2, p. 7848-7861, 2021.

Por Sanar

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