O SUS e o parto humanizado | Colunista

Definição do parto humanizado para o ministério da saúde Brasileiro é  ‘’O parto humanizado é o direito que toda gestante tem independente da sua classe social, pois o direito dela é assegurado pelo sistema único de saúde (SUS)’’.

Dentro desse sistema a gestante tem que ser contemplada por pelo menos seis consultas de pré-natal, ter a sua vaga garantida em um hospital na hora do parto, ter o direito a um acompanhante de sua escolha, ter direito de escolha sobre o parto e tudo que vai ocorrer nele.

Segundo a REHUNA (Rede Brasileira de humanização do parto e nascimento).Se a mulher vai ter que dar a luz e escolher dar à luz de forma de cócoras ou na água, quanto tempo ela vai querer ficar com bebê no colo após seu nascimento, se ela vai querer se alimentar e beber líquidos, todas essas decisões são direito da mulher decidir e ela tem que ser protagonista do seu parto.

Ademais, o papel da equipe médica seria de oferecer um apoio e respeitar a fisiologia do parto, só interferindo se houver a real necessidade e não rotineiramente. O parto humanizado tem que considerar os aspectos emocionais, humanos e culturais envolvidos no processo de gestação e nascimento. Independente se esse parto humanizado será de forma vaginal ou cesárea, pois a maioria da população e até profissionais de saúde têm a ideia de que parto cesáreo não tem o direito ou a cobrança de ser humanizado. Não importa o tipo de parto que vai ser realizado, o nascimento sempre tem que ser humanizado.

A organização mundial de saúde recomenda algumas práticas para o parto humanizado sendo elas:

  • Assistência em ambientes não hospitalares, como o parto domiciliar e em centros de nascimento;
  • Equipe multiprofissional, com enfermeiras obstetras, doulas, fisioterapeutas obstetras para acompanhamento de partos e nascimentos de baixo risco;
  • Uso de métodos não farmacológicos e farmacológicos para o manejo da dor;
  • Incentivo ao parto normal e redução do número de cesarianas, que chegam a 88% nos hospitais privados brasileiros;
  • Conscientização das famílias e dos profissionais de saúde para combater a violência obstétrica.

No Brasil, temos um número elevado de parto cesárea que é um tipo de parto que consiste essencialmente de um corte no abdômen e outro no útero (passando por outras camadas), que abrem o espaço pelo qual o médico irá retirar o bebê. 

Segundo dados do Ministério da saúde, 40% dos partos realizados pelo SUS foram cesarianas; na rede particular esse número chega um pouco mais do que o dobro, esse número sobe para 88%. Pode ter haver com a própria escolha da parturiente, conforto para o médico e sua equipe e para o hospital onde vai ser realizado, valor do procedimento sendo mais alto que o parto vaginal ou gestação de alto risco decorrente de problemas e dificuldade de parto normal.

 O Brasil não possui nenhum documento nas maternidades que especifique o que é violência obstétrica e o que pode configurar uma violência obstétrica é:

  •  Recusa de atendimento médico.
  • Procedimentos médicos desnecessários.
  • Agressões verbais (Comentários constrangedores, ofensivos ou humilhantes à gestante, seja a inferiorizando por sua raça, idade, escolaridade, religião, crença, orientação sexual, condição socioeconômica, número de filhos ou estado civil, seja por ridicularizar as escolhas da paciente para seu parto, como a posição em que quer dar à luz).
  • Violência física (como ocitocina, lavagem intestinal, privação da ingestão de líquidos e alimentos, exames de toque em excesso, ruptura artificial da bolsa, raspagem dos pelos pubianos, imposição de uma posição de parto que não é a escolhida pela mulher, não oferecer alívio para a dor, episiotomia sem prescrição médica, “ponto do marido”, uso do fórceps sem indicação clínica, imobilização de braços ou pernas, manobra de Kristeller, procedimento banido pela Organização Mundial de Saúde, em 2017.
  • Violência psicológica (Toda ação verbal ou comportamental que cause na mulher sentimentos de inferioridade, vulnerabilidade, abandono, medo, instabilidade emocional e insegurança).
  •  Violência obstétrica em casos de abortamento (Embora seja muito aliada ao parto em si, mulheres que sofreram um aborto também podem ser vítimas de violência obstétrica. Isso pode acontecer de diversas maneiras: negação ou demora no atendimento, questionamento e acusação da mulher sobre a causa do aborto, procedimentos invasivos sem explicação, consentimento ou anestesia).

Sofrer algum tipo de violência obstétrica é realidade para 1 em cada 4 mulheres no Brasil, segundo o estudo “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, realizado pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o Serviço Social do Comércio (SESC), em 2010. É importante salientar que a violência obstétrica não acontece só por parte do médico, podendo vir de toda equipe médica e trabalhadores do hospital. 

A episiotomia é a incisão perineal para facilitar a passagem do bebê que a população feminina achava muito comum, mas que muitas não sabem que é uma violência obstétrica considerada grave, pois secciona diversos músculos como:

  • Transverso superficial do períneo; 
  • Bulbocavernoso;
  • Feixes puboretais do músculo elevador do ânus;
  • Fibras de esfíncter estriado do ânus;
  • Transverso profundo do períneo. 

Podendo acarretar em sérios problemas vaginais no futuro dessa mulher, como incontinência urinária e anal á longo prazo, dor perineal, sangramentos, infecções, dispareunia (dor durante a relação sexual) e vulvodinia.

Além disso, sabemos que o SUS enfrenta problemas em diversas áreas, não seria diferente com a maternidade e as propostas de partos humanizados. A proposta é linda na teoria, mas quando procuramos a fundo os relatos das parturientes é deplorável. Ademais a violência obstétrica acontece corriqueiramente nas maternidades dentro do Brasil e não se enganem achando que só nas maternidades públicas que as negligências ocorrem as maternidades privadas também são um verdadeiro terror para as gestantes.

Entretanto podemos dizer que o problema vai muito além das propostas não colocadas em prática e sim um problema enraizado culturalmente sobre o parto.

Os profissionais de saúde e as mulheres acreditam que o parto é somente isso mesmo com dores, sem um plano de parto adequado para cada mulher e as parturientes não sendo protagonista e o pior não desfrutando sobre as novas técnicas  que são comprovadas cientificamente com a ideia de gerar mais conforto para a mulher e o seu bebê. Medidas devem ser tomadas como cartilhas orientando esses familiares e a gestante sobre um plano de parto adequado.

Entretanto no Brasil temos um programa nacional que se chama rede cegonha que preza por uma gestação mais tranquila e com suporte humanizado, são propostas que fazem a ideia do parto humanizado ser uma realidade em uma  pequena parte da população, mas infelizmente essa não é uma realidade de todas as gestantes Brasileiras, porém é um grande começo para um  novo olhar para um parto mais humanizado pela rede pública Brasileira. 

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Referência

site:: https://www.ufrgs.br/humanista/2018/01/28/violencia-obstetrica-atinge-1-em-cada-4-gestantes-no-brasil-diz-pesquisa\  .Acesso em 11 de junho de 2021.

site:https://portalarquivos.saude.gov.br/campanhas/vivamaissus/saudedamulher_interna.html. Acesso em 11 de junho de 2021.

site: http://rehuna.org.br/ .Acesso em 11 de junho de 2021.

Por Sanar

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