A procura por procedimentos odontológicos estéticos tem sido cada vez maior, pelo motivo de que o rosto e o sorriso têm importante função na vida das pessoas, sendo seu primeiro aspecto notado no processo de comunicação.
Afinal, quem nunca escutou ‘’Um belo sorriso é o ‘cartão postal’ do rosto’’? Sendo assim, com o objetivo de aumentar a autoestima e a confiança, essas pessoas buscam melhorar não só a aparência do sorriso e dos dentes, mas também a da face.
Para atender as demandas recentes, como os cirurgiões dentistas devem proceder?
A fim de indicar o melhor tratamento dentro da HOF, de forma segura e eficaz, não existe fórmula mágica, precisam estudar e se capacitar cada vez mais. Para a realização dos procedimentos orofaciais deve-se pautar nas indicações e necessidades reais do paciente, com o objetivo de devolver o equilíbrio, harmonia e funcionalidade do sistema estomatognático, amparado pela ética e responsabilidade profissional.
A partir dessa crescente demanda, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) aprovou, em 2019, por meio da resolução 198/2019, o reconhecimento da Harmonização Orofacial como especialidade odontológica.
“Art 1º. Reconhecer a Harmonização Orofacial como especialidade odontológica”.
“Art. 2º. Definir a Harmonização Orofacial como sendo um conjunto de procedimentos realizados pelo cirurgião-dentista em sua área de atuação, responsáveis pelo equilíbrio estético e funcional da face.”
Estudos apontam que tratamentos modernos e cada vez mais favoráveis possibilitam atingir equilíbrio e simetria da face, resolver questões funcionais, como a dor e a disfunção mastigatória, atenuar o envelhecimento e proporcionar qualidade de vida. E, tudo isso, possibilitado por terapias estéticas minimamente invasivas. Não é o máximo?
Quer entender como funcionam os procedimentos mais utilizados? Vem que eu te explico
Embora existam diversos procedimentos na Harmonização Orofacial com indicações, contraindicações e mecanismos de ação específicos em cada, os procedimentos considerados pioneiros e mais procurados são a aplicação de toxina botulínica e o preenchimento com ácido hialurônico.
Toxina Botulínica
A toxina botulínica A é uma substância bastante conhecida por sua ação em tratamentos estéticos e funcionais. Trata-se de uma neurotoxina produzida pela bactéria anaeróbia clostridium botulinum, e é considerada a mais potente dentre os 7 tipos de neurotoxinas.
O mecanismo de ação da neurotoxina do tipo A consiste no bloqueio da condução do estímulo nervoso, diminuindo assim o potencial de contração muscular pela inibição da ação da acetilcolina. Ou seja, ao ser aplicada sob a pele, a toxina lesiona a placa motora dos músculos, impedindo que esses se contraiam e, por isso, evita que as rugas se formem. A ação dela propicia também o relaxamento e alívio da tensão muscular.
O efeito dessa substância tem duração de 4 a 6 meses e após este período, ocorre gradualmente o restabelecimento da função muscular.
Indicações
A toxina botulínica é utilizada em tratamentos estéticos para prevenir rugas e marcas de expressões, e vem tomando destaque na Odontologia por também possuir efeitos terapêuticos, e ser utilizado em tratamentos onde o paciente apresenta quadros de dores musculares crônicas e desconfortos na região de ATM, disfunções mandibulares, cefaleias secundárias etc.
Sendo assim, o uso do botox pode ser indicado em casos de bruxismo, disfunção temporomandibular (DTM), sorriso gengival, pós-operatório cirúrgico, hipertrofia do músculo masseter, assimetria facial, estética facial, cefaleias e redução salivar em pacientes com esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Contraindicações
Paciente imunodeprimidos e/ou com condição sistêmica comprometida, gestantes, lactantes e pacientes com alergias aos componentes do produto.
Mas, temos que nos atentar também as complicações, variadas e na sua maioria de forma passageiras, que são: dores de cabeça, ptose palpebral, sorriso assimétrico, edemas, eritema local e muitas outras.
Agora, você vai entender sobre um dos maiores destaques na odontologia no âmbito funcional do uso de toxina botulínica: O Bruxismo.
O uso da toxina botulínica no tratamento de bruxismo é indicado especialmente para aliviar a dor muscular motivada por movimentos excessivos e repetitivo de ranger e apertar de dentes. A aplicação dessa substância na musculatura da face, sobretudo na região dos músculos masseter e temporal anterior, reduz a atividade de contração deles. Sendo assim, a articulação temporomandibular é menos forçada, diminuindo sua movimentação e, consequentemente, o apertar dos dentes.
Preenchedores
O envelhecimento é um processo natural e contínuo que tem efeitos diretos na pele, devido à diminuição das funções biológicas de adaptar e suportar as agressões do dia a dia. Neste sentido, com uma maior busca para reduzir os efeitos marcados pela idade, houve um crescimento do setor de cosméticos, através da elaboração de novas substâncias e tecnologias não invasivas para o tratamento orofacial.
Quem não quer eliminar aquelas ruguinhas salientes, né?
Por isso, ocorreu uma grande expansão e reconhecimento dos preenchedores faciais para interesse estético, antes decorrente apenas pelos procedimentos clínicos cirúrgicos. Dentre as vantagens estão o baixo custo, o menor tempo de recuperação, menos complicações e efeitos adversos.
Os materiais de preenchimento orofacial têm inúmeras aplicações no ambiente oral e extra oral. São elas:
- Aumentar o volume interdental, reduzindo black spaces periodontais;
- Suavizar linhas de expressão, sobretudo ao redor dos lábios;
- Harmonizar a face como um todo.
Porém, o considerado o padrão ouro no quesito preenchedores para rejuvenescimento facial é o Ácido Hialurônico (AH) – polissacarídeo glicosaminoglicano mais abundante na matriz extracelular da pele (derme).
Principais propriedades do AH:
Lubrificação, hidratação, modulação de células inflamatórias, diferenciação celular no reparo tecidual, formação de colágeno e efeitos antioxidantes (eliminação de radicais livres). E aí, captou? ele é muito importante para a fisiologia humana.
Além disso, é biocompatível, proporcionando mais segurança, e biodegradável, isto é, não ficará para sempre na face do indivíduo. A duração pode variar de 8 meses a 24 meses.
Indicações:
- Correções de cicatrizes atróficas;
- Defeitos cutâneos, definição de contorno facial;
- Eliminação de rugas e linhas de expressão;
- Sustentação e reposição de volume facial;
- Definição de contorno e volume labial;
- Regeneração de tecido gengival;
- Desordens temporomandibulares.
Olha que legal, o uso do ácido hialurônico para conduzir distúrbios da ATM vem sendo feito em função dos bons resultados desta viscossuplementação em lesões de articulações maiores, como joelhos.
As contraindicações para o uso dos preenchedores são:
- Pacientes com imunodeficiência;
- Doenças não controladas;
- Doenças auto imunes;
- Pacientes com presença de implantes permanentes na mesma região que será tratada como: Polimetilmetacrilato (PMMA) ou silicones permanentes;
- Pacientes com alergia à algum componente da fórmula;
- Grávidas e lactantes.
Então, nada melhor que uma boa anamnese do paciente. Não acha?
Já sobre os efeitos colaterais, tem-se: eritema, equimose, edema, hematomas, necroses, infecções, nódulos, hipersensibilidade e cicatrizes hipertróficas.
O olhar da odontologia contemporânea foi ampliado, se relacionando com outras áreas da saúde e expandindo a ação da profissão. Assim, novos ângulos de observação estão disponíveis, capazes de fornecer ainda mais aparatos para a valorização da estética facial.
Relativamente novos, é entendível que esses procedimentos levantem dúvidas e tragam incertezas. Por isso, o preparo profissional é indispensável para que essas técnicas sejam utilizadas em sua plenitude e tragam resultados confiáveis, visando o atendimento da demanda de forma responsável. A ciência está em constante desenvolvimento, e a Odontologia deve seguir o mesmo caminho.
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Referências
MACHADO, L. M. Atuação do cirurgião dentista na harmonização orofacial. 2020. Dissertação (Mestrado Profissional em Pesquisa Clínica) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Hospital de clínicas de Porto Alegre, 2020. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/214031/001117885.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 15 jun. 2021.
GARBIN, A. J. I. et al. HARMONIZAÇÃO OROFACIAL E SUAS IMPLICAÇÕES NA ODONTOLOGIA. 2019. Vol.27, n.2, pp.116-122. São Paulo, 2019. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research – BJSCR. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20190704_103726.pdf. Acesso em: 16 jun. 2021.
Cavalcanti AN, Azevedo JF, Mathias F. HARMONIZAÇÃO OROFACIAL: A ODONTOLOGIA ALÉM DO SORRISO. Revista Bahiana de Odontologia. 2017 June;8(2):35-36. Disponível em: file:///C:/Users/Cliente/AppData/Local/Temp/1454-8683-1-PB.pdf. Acesso em: 19 jun. 2021.