Educação em saúde: o que você precisa saber sobre a Leishmaniose Tegumentar Americana | Colunista

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma doença infecciosa não contagiosa. É uma antropozoonose (doença primária de animais que pode ser transmitida aos humanos), caracterizada como um problema de Saúde Pública no Brasil.

Sua transmissão é vetorial, através do protozoário do gênero Leishmania que pode acometer animais e humanos, originando feridas em pele e mucosas.

A taxa de prevalência é alta, principalmente em áreas tropicais e subtropicais, estes protozoários pertencem à ordem Kinetoplastida, da família Trypanosomatidae, sendo parasito intracelular obrigatório de células do sistema fagocítico mononuclear.

São capazes de apresentar-se de duas formas: promastigota ou flagelada, encontradas no tubo digestivo do inseto vetor. Além disso, sua forma amastigota pode ser observada nos tecidos dos animais vertebrados.

Os protozoários são responsáveis pela ocorrência tanto da Leishmaniose Visceral (LV) quanto da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), a distinção do surgimento de cada enfermidade está relacionada à espécie envolvida.

A Leishmaniose Tegumentar Americana ocorre pela infecção com as espécies de Leishmania amazonensis, guyanensis, e braziliensis. Sua forma de transmissão é através da picada das fêmeas de flebotomíneos, popularmente conhecidos como mosquito-palha, birigui, asa branca ou tatuquiras. Esses insetos costumam viver em habitats variados, mas as formas imaturas se desenvolvem em ambientes terrestres úmidos, ricos em matéria orgânica e com uma baixa incidência de luz (ALENCAR, 1991; POCAI, 1998).

Apesar de ser uma zoonose primária de mamíferos silvestres, roedores, marsupiais e primatas, os humanos podem adquirir a doença de diversas formas, podendo ser através de surtos epidêmicos sazonais, em áreas com pequenos focos residuais de mata primária, ou em locais peridomiciliares onde há suspeita de animais domésticos como reservatórios.

Habitualmente, em áreas onde a falta de saneamento básico, água não tratada, terreno baldio, falta de acessibilidade em postos de saúde e hospitais, tem-se um número maior de pessoas acometidas pela doença. O aumento dos flebótomos também pode estar relacionado com meses quentes e chuvosos, pois, a chuva modifica as condições de umidade do solo.

Há diferentes tipos de LTA, cutânea, mucocutânea, cutânea-difusa e disseminada. Comumente, em humanos há alguns sinais e sintomas da Leishmaniose Tegumentar Americana. Lesões indolores na pele, caracterizadas como feridas pequenas com pus e bordas avermelhadas que demoram a cicatrizar, pode surgir metástases nas mucosas nasofaringes, que destroem a cartilagem do nariz e palato provocando deformações graves, e apresentar nódulos espalhados no corpo, causar febre, calafrios e mal-estar.

Um diagnóstico preciso e precoce é ideal para que haja um tratamento adequado da doença e controle das possíveis complicações, porém, até o momento não se identificou um método “padrão-ouro” para o diagnóstico desta enfermidade.

O diagnóstico da LTA abrange aspectos clínicos, epidemiológico e laboratorial, são feitos exames de Intradermorreação de Montenegro (IDRM), parasitológico direto, biópsia, raspado da borda da lesão, histopatológica, sorologia, dentre outros.

Em alguns casos, as lesões da LTA podem regredir espontaneamente ou com uso de medicamentos, atualmente são usados: antimoniato de Meglumina como droga de primeira escolha, Anfotericina B e Pentamidinas. O Programa de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana (PV-LTA), tem o objetivo diagnosticar e tratar precocemente os casos detectados, visando reduzir deformidades provocadas pela doença.

Portanto, a Leishmaniose Tegumentar Americana é uma doença de notificação compulsória e os casos confirmados devem ser notificados e investigados por meio da ficha de investigação padronizada pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que tem como objetivo identificar e monitorar unidades territoriais de relevância epidemiológica, investigar e caracterizar surtos e reduzir o número de casos em áreas de transmissão domiciliar.

Existem algumas medidas de prevenção para evitar o risco da transmissão: uso de repelente, evitar exposição nos horários que os mosquitos estão mais ativos no amanhecer e fim de tarde, uso de telas nas janelas, manter quintais e terrenos baldios limpos a fim de não haver criadouros de mosquitos, jogar o lixo doméstico em local adequado isso ajuda a manter roedores distantes que podem ser reservatórios da doença e sempre cuidar da saúde do seu animal de estimação.

Contudo, os animais domésticos acometidos pela LTA se tornam reservatórios da doença e até o momento não há nenhum tratamento eficaz. Para que haja sua transmissão é essencial a presença do vetor, pois, não há transmissão do parasito entre hospedeiros vertebrados para outros vertebrados.

Matérias relacionadas:

REFERÊNCIAS

BASANO, S. A.; CAMARGO, L. M. A. Leishmaniose tegumentar americana: histórico, epidemiologia e perspectivas de controle: american cutaneous leishmaniasis: history, epidemiology and prospects for control. 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbepid/v7n3/10.pdf.

BRASIL,        Ministério       da        Saúde.            Manual           de          vigilância       da leishmaniose tegumentar. Brasília, DF, 2017.

BRASIL,        Ministério       da        Saúde.            Manual           de          vigilância       da        leishmaniose tegumentar. Brasília, DF, 2010.

OKUMURA, R. S. A. Perfil epidemiológico de Leishmaniose Humana no estado da Paraíba (2010 a 2015). 2018. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/3755/1/RSAO14032018.pdf.

RIBEIRO, L. A.; SANTOS, S. G.; MITTMAN, J. Leishmania tegumentar americana (LTA) em Teófilo Otoni, Minas Gerais: uma visão sócio-econômica.        2006.   Disponível       em: http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2007/trabalhos/saude/epg/EPG00067_01C.pdf.

SOUZA, C. S. A. ANÁLISE TEMPORAL, ESPACIAL E FATORES ASSOCIADOS À MORTALIDADE POR LEISHMANIOSE TEGUMENTAR NO BRASIL.

2018. Disponível em: http://www.cpqrr.fiocruz.br/texto-completo/D_2018_CarolinaSouza.pdf.

TEMPONI, A. O. D.; BRITO, M. G.; et al. Ocorrência de casos de leishmaniose tegumentar americana: uma análise multivariada dos circuitos espaciais de produção, Minas Gerais, Brasil, 2007 a 2011. 2018. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/27644/2/Ocorr%C3%AAncia%20de%20casos%20 de%20leishmaniose%20tegumentar%20americana-%20uma%20an%C3%A1lise%20multiv a riada.pdf.

UCHÔA, C. M. A. et al. Educação em saúde: ensinando sobre a leishmaniose tegumentar americana. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, ed. 4, p. 935-941, jul-ago 2004. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csp/2004.v20n4/935-941. Acesso em: 18 maio 2021.

BASANO, S. A.; CAMARGO, L. M. A. Leishmaniose tegumentar americana: histórico, epidemiologia e perspectivas de controle. Rev. Bras. Epidemiol, São Paulo, v. 7, ed. 3, p. 328-337, 2004. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/rbepid/2004.v7n3/328-337. Acesso em: 16 maio 2021.

CONDINO, M. L. F. et al. Leishmaniose tegumentar americana: flebotomíneos de área de transmissão no município de Teodoro Sampaio, região sudoeste do Estado de São Paulo, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, São Paulo, v. 31, ed. 4, p. 355-360, jul-ago 1998. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0037-86821998000400004&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 18 maio 2021.

ANDRADE, B. B. et al. Métodos Diagnósticos da Leishmaniose Tegumentar: Fatos, Falácias e Perspectivas. Gazeta Médica da Bahia, Bahia, v. 75, ed. 1, p. 75-82, Jan-Jun 2005. Disponível em: http://www.gmbahia.ufba.br/index.php/gmbahia/article/viewFile/353/342. Acesso em: 18 maio 2021.

GUERRA, J. A. O. et al. Aspectos clínicos e diagnósticos da leishmaniose tegumentar americana em militares simultaneamente expostos à infecção na Amazônia. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Manaus, v. 36, ed. 5, p. 587-590, set-out 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0037-86822003000500008&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 19 maio 2021.

LIMA, E. B. et al. Tratamento da Leishmaniose Tegumentar Americana. Anais Brasileiros de Dermatologia, Brasília, v. 82, ed. 2, p. 111-124, 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0365-05962007000200002&script=sci_arttext. Acesso em: 20 maio 2021.

Por Sanar

Existimos para empoderar e dar superpoderes aos profissionais da Saúde. Atuamos de forma mais direcionada com 7 áreas da Saúde: odontologia, psicologia, enfermagem, farmácia, fisioterapia, nutrição e medicina veterinária. Queremos ser a Casa da Carreira do profissional da Saúde e acompanhá-lo ao longo de toda a sua jornada: desde a faculdade até o auge da sua maturidade profissional, oferecendo todo o suporte necessário para que possa ir mais longe e mais rápido em sua carreira. Nós acreditamos, e você?