Como é o dia a dia de quem tem de 12 a 19 anos na maior capital do Brasil? A seguir, veremos que adolescentes falam em estudo sobre violência que sofrem em São Paulo. A triste realidade apontada, reforça a necessidade de políticas de proteção.
A pesquisa foi realizada pelo Comitê Paulista pela Prevenção de Homicídios na Adolescência (CPPHA) em parceria técnica com a Rede Conhecimento Social.
Para o levantamento, foram ouvidos, entre janeiro e fevereiro de 2021, 747 adolescentes e jovens, entre 12 e 19 anos, moradores da Região Metropolitana de São Paulo.
Os relatos integram o estudo Violências no cotidiano de adolescentes na Grande São Paulo. A escuta que subsidou esse estudo foi realizada por meio da metodologia PerguntAção.
Ela é considerada inovadora por promover a construção participativa de todas as etapas de uma pesquisa. Isso deu por meio de oficinas práticas, com o próprio público pesquisado sendo coautor da produção de conhecimento.
Adolescentes falam em estudo sobre violência que sofrem na Grande SãoPaulo
Violência das mais diversas. Em todo e qualquer tipo de lugar. Essa é a realidade apontada por jovens entrevistados.
Até os espaços que deveriam ser de proteção, podem ser sinônimo de agressão. Essa repetição foi a tônica da narrativa compartilhada pelos adolescentes e jovens que fizeram parte da pesquisa.
E tem mais: oito em cada dez disseram ter presenciado ao menos uma situação de ocorrência contra outros adolescentes no ambiente escolar.
Além disso, três em cada dez deles relataram ter visto situações de violência em serviços de saúde. Realidades similares também aconteceram em serviços de assistência social.
Nesse sentido, um em cada dez entrevistados destaca ter presenciado uma situação de violência.
Quando o assunto é violência contra adolescentes na internet ou nas ruas, o número sobe: aproximadamente nove entre cada dez afirmaram ter visto algum episódio violento.
Até a própria moradia reflete esse triste quadro. Três de cada dez adolescentes apontaram a casa onde moram como local de agressão.
Violência extrema contra adolescentes
A adolescentes falam em estudo sobre violência que sofrem na Grande São Paulo. O que vem à sua mente? A palavra violência pode embarcar vários contextos.
Do bullying, passando pelo abuso sexual, pela agressão física e LGBTfobia. Isso, sem dizer do racismo.
Seja qual for o tipo de violência ela machuca e pode matar. Essa afirmação encontra eco na fala de um a cada cinco entrevistados que sinaliza ter perdido alguém próximo, vítima de homicídio.
Sobre esse grave cenário, a deputada estadual Marina Helou (Rede), presidente do Comitê Paulista pela Prevenção de Homicídios na Adolescência (CPPHA), comenta: “o homicídio é muitas vezes o desfecho extremo de uma série de violências e violações de direitos”.
Ela ainda ressalta que “não podemos deixar as múltiplas violências paralisarem os jovens, fazendo com que eles deixem de se desenvolver e de aproveitar oportunidades.”
A deputada defende ainda que estar na escola ou acessar um serviço de saúde ou assistência deveria ser sempre sinônimo de proteção. “Se isso não ocorrer, precisamos mudar urgentemente”, reitera.
Violência de gênero contra adolescentes e jovens
Nesse contexto, que por si só é preocupante, há ainda os que vivem uma situação ainda mais grave. Ou seja, a desigualdade presente na sociedade também é refletida no estudo.
A vivência de violência é ainda maior para quem é adolescente negro, mulher ou LGBTQIA+. Nesse sentido, 25% das mulheres e 37% dos respondentes que se apresentaram LGBTQIA+ relataram já ter sofrido violência sexual.
Quando falamos de homens, o número cai e chega a 8% no âmbito da pesquisa. No total, entretanto, 40% disseram já ter sido vítimas de agressão verbal de alguém da família.
Racismo contra adolescentes e jovens
Ao todo, 36% dos jovens entrevistados e que se declaram pretos afirmam já terem sido seguidos ou abordados em algum supermercado.
Quando questionados se já sofreram racismo, 57% deles afirmaram que sim.
Entre janeiro e fevereiro de 2021, 10% dos entrevistados que se identificaram como negros foram abordados pela polícia. O número é duas vezes e meia maior do que o relatado por brancos que responderam à pesquisa.
Caminhos para reverter o cenário de violência
Adolescentes falam sobre violência que sofrem em São Paulo, mas também apontam soluções. Ou seja, a pesquisa foi além de ouvir relatos de violência compartilhados pelos jovens.
Isso porque os entrevistados também apontaram possíveis caminhos e soluções para mudar o cenário de hoje, marcado pela violação de direitos.
Nesse sentido, 43% disseram que é necessário investir mais em campanhas contra o racismo. Do total, 37% defendem campanhas pela igualdade de gênero.
Também foi lembrado outro ponto fundamental: o acesso a oportunidades como forma de prevenir a violência. Em meio a esse entendimento, 19% falaram da importância da oferta de vagas de emprego.
As vagas, nesse sentido, seriam para áreas periféricas e não somente nas regiões centrais.
Prova de que a esperança ainda resiste, é o fato de que 49% dos entrevistados sonham em trabalhar com o que gostam.
Para além do medo de não conseguir inserção no mercado de trabalho, sentimento comum a 33% dos respondentes, 92% dos adolescentes e jovens acreditam que irão realizar sonhos profissionais e relacionados à educação.
Acesse o estudo completo e saiba mais sobre essa pesquisa inovadora que amplia nosso olhar para a sociedade como um todo.