Acompanhamento farmacoterapêutico: elo entre paciente e farmacêutico | Colunista

Conforme a Lei nº 13.021/2014 que dispõe sobre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas, “o acompanhamento farmacoterapêutico de pacientes, internados ou não, em estabelecimentos hospitalares ou ambulatoriais, de natureza pública ou privada” é uma conduta obrigatória do farmacêutico. 

Antes de abordar sobre como realizar um acompanhamento farmacoterapêutico, vamos entender o que é… Segundo o Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica, esse acompanhamento é uma das ferramentas incluídas na Atenção Farmacêutica e propõe um processo de detecção, prevenção e solução de eventuais inconvenientes relacionados a medicamentos, de forma documentada, com o objetivo de fornecer ao paciente uma terapia medicamentosa de sucesso, ou seja, medicamento certo, pela via de administração certa, para o paciente certo, na hora certa e na dose certa. 

Relação Atenção Farmacêutica e Acompanhamento Farmacoterapêutico

Portanto, trata-se de uma relação profissional-paciente, em que o farmacêutico deve orientar, tirar as dúvidas e fazer as devidas intervenções, se necessário. Dentro desse cenário, o farmacêutico não só pode, como deve executar um plano de acompanhamento farmacoterapêutico em todos os ambientes em que esteja presente. Agora que você já sabe o que é o acompanhamento farmacoterapêutico e qual sua importância, se liga nessas dicas de como executar esta prática.

1) Tenha um ambiente mais privado

O acompanhamento farmacoterapêutico é quase uma consulta, uma troca de informações que pode durar em média uns 40 minutos a 1 hora dependendo do caso, portanto, não é uma prática conveniente para se fazer no balcão de uma farmácia e requer uma estrutura mais adequada.

O ideal é ter uma sala específica para esse tipo de atendimento ou até mesmo um consultório farmacêutico, um ambiente tranquilo e confortável que possibilite a interação entre você e o paciente sem interrupções.

2) Crie conexões com seus pacientes

A segunda dica de sucesso é: crie um vínculo com seus pacientes, faça com que eles te vejam não apenas como um profissional, mas também como alguém confiável, um amigo com quem ele possa contar. Afinal, para montar um plano de acompanhamento farmacoterapêutico eficaz, você precisa saber um pouco da vida do paciente, de que forma ele faz o uso de seus medicamentos, além de outros itens, como por exemplo, se ele está tomando um antibiótico e consumindo bebidas alcoólicas durante o tratamento.

Ressalta-se que essa é uma consulta periódica, então, é preciso fazer com que o paciente ganhe a sua confiança para que ele retorne e assim continue o acompanhamento. Por isso, é importante que tudo seja documentado, dessa forma, facilita a visualização da adesão ao tratamento. 

3) Atente-se a linguagem!

Não adianta nada você conversar com o paciente, entender suas dúvidas e na hora de explicar utilizar uma linguagem técnica. Aí não dá, né farmacêutico? Nesse momento, fale de maneira mais clara, lembre-se de que o paciente é leigo… O objetivo não é explicar o mecanismo de ação do fármaco e sim fazer com que o usuário entenda a importância de seguir corretamente a posologia para que tenha uma melhor qualidade de vida.

4) Construa um cronograma

Você pode ainda montar uma lista/ficha contendo os nomes dos medicamentos, os horários, data de início e de término do tratamento, além de algumas observações, como por exemplo, não tomar o medicamento com suco ou leite, somente com água!

Vale também fazer desenhos na embalagem secundária do medicamento e no cronograma criado por você. Faça um sol, uma lua ou outras figuras que possam ajudar a identificar o momento exato da administração. Se preferir, utilize cores! Cole pequenos adesivos que facilitem ao paciente a diferenciação entre um medicamento e outro. Essa é uma técnica muito bem-vinda para pacientes idosos que geralmente fazem uso de vários medicamentos e podem acabar se confundindo.

Não esqueça que o acompanhamento farmacoterapêutico é um processo que deve ser documentado, isso resguarda tanto você quanto o paciente.

5) Não hesite em falar com o médico

Nunca trabalhamos sozinhos, por mais que seja a nossa vontade. Então, ao se deparar com alguma prescrição e julgar que precisa ser ajustada, não hesite em entrar em contato com o médico responsável. Explique o motivo da sua intervenção ou tire suas dúvidas do por que foi prescrita tal dose ou tal medicamento para o paciente “x”.

DICAS BÔNUS!

6) Paciência é uma virtude

Profissionais da área da saúde lidam com pacientes de diferentes faixas etárias e com diferentes personalidades… Tem pessoas gentis que são fáceis de lidar e também tem pessoas mais indelicadas. Independente do “estilo” de cada um tenha paciência de explicar e de entender também.

7) Saiba ouvir

É certo que como profissional é preciso se impor, mas escute atentamente o que o paciente tem a dizer, muitas informações poderão ser captadas no ato de ouvir. 

“O bom ouvinte não é aquele que ouve passivamente ou levanta críticas, mas aquele que faz a outra pessoa se sentir acolhida e em um ambiente seguro, que permita discutir pontos críticos e problemas de uma maneira confortável” – Autor desconhecido.

Logo, podemos dizer que o acompanhamento farmacoterapêutico é um ramo complexo que requer certas habilidades, mas que podem ser desenvolvidas com a prática. Apesar disso, é um ato profissional de grande relevância para que o paciente tenha uma melhor adesão ao tratamento e assim melhore sua qualidade de vida.

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Referências

BRASIL. Lei nº 13.021, de 8 de agosto de 2014. 2014.

CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Código de ética da profissão farmacêutica. Diário Oficial da União, 2014.

IVAMA, A. M. et al. Proposta-Consenso brasileiro de atenção farmacêutica. Brasília (DF): Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), 2002.KÖHLER, L. F. Das boticas aos cuidados farmacêuticos: Farmácia uma profissão em transformação. Sinop: Faculdade do Noroeste de Mato Grosso, 2018.

Por Sanar

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