Hipnose e PNL: noções básicas que o(a) dentista deve saber | Colunista

Quem já se deparou com a seguinte situação na clínica odontológica: a paciente entra no consultório com um ar afobado, nitidamente com o suor escorrendo pelo rosto, balançando os braços de forma hiperativa, e ao sentar na cadeira solta a seguinte frase: “já vou logo avisando, tenho pavor de dentista!” Bom, acredito que esse episódio não é isolado e muitos profissionais devem se deparar com situações similares a esta.

Segundo o artigo científico publicado em 2019 pela Universidade de Messina, na Itália, a fobia ao dentista, ou odontofobia, como também é chamada, é uma questão generalizada que deve ser entendida pelo(a) cirurgião-dentista ao avaliar individualmente cada caso, adotando-se assim, técnicas psicológicas não invasivas que podem ser a chave para o sucesso do tratamento nos pacientes ansiosos ou fóbicos, como a hipnose. Mas afinal, o que é a hipnose e o que você, como dentista, deve saber sobre esse assunto?

Segundo o Conselho Federal de Odontologia, que desde 2008 regulariza a habilitação do(a) dentista ao realizar a hipnose, ela é “uma prática dotada de métodos e técnicas que propiciam aumento da eficácia terapêutica em todas as especialidades da Odontologia, não necessita de recursos adicionais como medicamentos ou instrumentos e pode ser empregada no ambiente clínico. Respeitando o limite de atuação do campo profissional do(a) cirurgião-dentista”. Algumas atribuições do(a) dentista ao se habilitar em hipnose são:

I – tratar e/ou controlar as ansiedades, os medos e as fobias relacionadas aos procedimentos odontológicos e/ou condições psicossomáticas relacionadas à Odontologia;

II – condicionar o paciente para a adoção de hábitos de higiene, adaptação ao tratamento, ao uso de medicamentos, à reeducação alimentar, aos hábitos para funcionais, dentre outros.

Em 2018, dois profissionais hipnólogos, Tom Lucas e Bruno Tricarico cederam uma entrevista ao canal do Youtube “Hipnotizando Brasil”, dizendo sobre os benefícios da hipnose na Odontologia, como o controle da ansiedade do paciente, o manejo da fobia, a prática da analgesia e até a anestesia, no controle da dor durante o tratamento odontológico, citando também o aplicativo gratuito “Porta da mente”, que disponibiliza cursos e artigos para quem se interessa pelo assunto.

O tema é vasto e recentemente ocorreu, no dia 16 de fevereiro de 2021, uma reunião do Grupo de Estudos de Hipnose na Odontologia, liderado pelas profissionais Monica Okuhara e Marly da Silva Rodrigues, onde foram debatidos justamente sobre os níveis de evidências que a hipnose na odontologia se encontra atualmente, determinando assim a grande influência que a prática está exercendo. 

O(a) dentista que desenvolve sua Programação Neurolinguística (PNL) estará apto a lidar com essas e outras diversas situações em que o paciente possa se mostrar receoso ao realizar o procedimento. É uma capacidade de lidar com a inteligência emocional a ponto de não se preocupar e seguir em direção ao resultado satisfatório que se espera. Ao adotar esse comportamento o(a) dentista poderá realizar os seguintes passos para controlar a paciente citada no início deste artigo:

Coloque uma música calma e tranquila no consultório, deite a paciente e peça para ela deixar os pesos de lado (como bolsas, casacos, sacolas com compras, como exemplo). Aos poucos, vá guiando-a a prestar atenção em sua respiração. Peça para ela respirar profundamente e então aos poucos induza ela a mentalizar um novo contexto, um ambiente tranquilo, como uma praia, um lago, um retiro na floresta, por exemplo. Oriente a mesma a relaxar seus músculos dos braços e pernas, uma etapa por vez. Por fim, ao perceber que a paciente se encontra em um modo mais calmo, realize a anamnese de forma calma e tranquila, para que ela vá se acostumando ao ambiente que se encontra.

Essa é apenas uma técnica simples e adaptada, encontrada no site da SIAH (Sociedade Interamericana de Hipnose) e que você pode aplicar em diversos casos clínicos, na sua rotina de trabalho.

Portanto, é fundamental que o(a) dentista hoje tenha o conhecimento básico em relação à hipnose e a PNL, para poder controlar a situação e também saber encaminhar o(a) paciente caso o tratamento não esteja a seu alcance. Atualmente, os(as) hionólogos(as) também podem oferecer os serviços no consultório, sem que o profissional tenha que fazer o curso para se habilitar na técnica.   

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Referências:

Hipnose na Odontologia oque todos deviam saber – #ENTREVISTAS 8

https://sociedadeinteramericanadehipnose.com/blog/hipnose-na-pratica-um-guia-com-tudo-o-que-voce-precisa-saber/

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6843210/pdf/medicina-55-00678.pdf

http://sistemas.cfo.org.br/visualizar/atos/RESOLU%C3%87%C3%83O/SEC/2008/82

https://www.youtube.com/watch?v=hHMGAZY9tGw