Embora muitos já o fizessem antes, a pandemia da COVID-19 praticamente obrigou os psicoterapeutas a aderir ao formato on-line desde março de 2020. Com a flexibilização por parte do Conselho Federal de Psicologia, os profissionais cadastrados na plataforma E-Psi não precisaram esperar a aprovação de suas inscrições, podendo fazer uso, em caráter “emergencial”, das plataformas virtuais para os atendimentos em psicoterapia.
Apesar da aparente facilidade dos procedimentos, algumas questões logo se apresentaram como desafios neste processo: como comunicar os pacientes da interrupção das sessões presenciais? Que estimativa dar quanto ao retorno? As preocupações quanto à formação de vínculo nos atendimentos virtuais são justificadas? Como proceder diante de problemas como a falta de privacidade em casa ou mesmo quanto à telepresença?
Algumas orientações parecem pertinentes neste cenário: uma comunicação clara e precisa quanto aos motivos das sessões online continuarem sem previsão de retorno se revelou, na opinião de muitos profissionais, a melhor estratégia. Feedbacks constantes quando ao trabalho não-presencial também podem oferecer um parâmetro confiável ao profissional que deseja oferecer um trabalho de qualidade mesmo à distância. Na medida em que o paciente pode expressar livremente como está se sentindo, é significativamente mais provável de que o terapeuta possa cuidar de aspectos importantes, como se o paciente se sente emocionalmente conectado na terapia, ou mesmo se existem fatores ambientais comprometendo sua telepresença (por exemplo, a presença de familiares em casa).
Mesmo com tantas variáveis desafiadoras, o atendimento online parece promissor e veio para ficar. Muitos profissionais que se viram obrigados a fecharem suas portas em 2020 hoje demonstram estar plenamente adaptados e alguns questionam a real necessidade do retorno às questões presenciais que não seja o gosto pessoal e o desejo.
Uma vez que o trabalho on-line oferece algumas outras implicações (fadiga de tela, ambiente de atendimento inadequado, etc), é interessante que o profissional que pretende manter-se no virtual por mais algum tempo cuide destas questões essenciais: privacidade (ambiente fechado e acusticamente isolado), bom suporte tecnológico (internet de alta velocidade e múltiplos dispositivos de atendimento) e, principalmente, uma alta disposição em aceitar as ocorrências imprevistas deste modelo de trabalho – falta de energia, desinteresse do paciente, níveis de cansaço diferenciados.
O ser humano é extremamente plástico e adaptável. Neste sentido, um psicoterapeuta flexível e aberto às mudanças que se fazem necessárias não só oferece um excelente modelo para seus pacientes, mas também adota para si tudo aquilo que recomenda no tratamento da ansiedade: aceitação, paciência e autocuidados.
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