Medo de Dentista: por que isso acontece e como lidar com isso?

ilustração de paciente lidando com medo de dentista

Não é incomum alguns pacientes demonstrarem medo ao ir ao dentista – mas o que você pode não saber, é que esse medo se manifesta de duas formas bem diferentes: ansiedade odontológica x odontofobia.

Ansiedade Odontológica

O primeiro quadro é o da ansiedade odontológica, que causa uma sensação desconfortável no paciente enquanto o momento da consulta está se aproximando. Nessa situação, ele pode se preocupar antecipadamente com os procedimentos que serão realizados, vivenciando um estado emocional de nervosismo e tensão moderada.

O que é odontofobia?

Enquanto isso, a odontofobia funciona de outra maneira: é um transtorno mental que atribui medo intenso ou pavor excessivo. Para além da ansiedade, pessoas que desenvolvem essa fobia necessitam de um diagnóstico por profissionais, já que pode interromper as idas do paciente ao consultório e prejudicar a saúde física bucal e mental.

Para esclarecer dúvidas e dialogar sobre o assunto, convidamos a professora da Pós-graduação da Sanar Saúde, Sálua Omais, que junta suas duas áreas de atuação. Além de Mestra e Doutoranda em Psicologia, também tem formação em Odontologia.

Falamos sobre o medo de dentista, porque ele existe e sobre possíveis maneiras de diminuir ou acabar com ele.

Porque muitas pessoas têm tanto medo de ir ao dentista?

Existem duas hipóteses principais para se ter medo de dentista, a primeira é a experiência de dor (relacionada à memória de longo prazo) e a segunda é a criação imaginária baseada em histórias que se ouve de outras pessoas (principalmente no caso das crianças).

A primeira, que diz respeito à memória de alguma dor, é muito comum pois as pessoas no geral não têm o costume de irem ao dentista como prevenção, elas procuram o consultório odontológico quando já estão sofrendo alguma dor. Dessa maneira, a memória relacionada à ida ao dentista se relaciona a essa situação de incômodo, de desconforto.

As memórias de dor são muito profundas e ficam armazenadas junto com experiências negativas e erros, ou seja, o cérebro interpreta que aquela situação é de perigo, e que é preciso se defender. É como se a mente compreendesse aquele momento como uma ameaça. O desconforto da dor é extremamente memorável.

O segundo motivo mais provável, associado ao medo, é a narrativa de outras experiências. Existem crianças que nunca foram ao dentista e já têm medo, pois ouviram histórias dos pais ou dos avós. Nesse caso, é importante estar atento à narrativa que se tem em casa sobre o momento de ir ao dentista.

As técnicas e recursos de odontologia atuais são muito mais modernos e menos invasivos do que os de 40 anos atrás, então é importante deixar, principalmente os mais jovens, experienciar sua ida sem interferência de informação negativa. 

No caso das crianças, é ainda pior, pois a criação da memória no geral é mais exagerada e aumentada. Uma frase captada de um adulto pode se tornar uma verdade distorcida da realidade.

O que os profissionais de Odontologia podem fazer para ajudar a quem tem “medo de dentista”?

Ir ao dentista também é prevenção

Incentivar que os pais procurem levar as crianças e jovens ao dentista como medida de prevenção e não só no momento de dor. Ir passar flúor, fazer uma limpeza, pode ser uma experiência divertida e gostosa e colaborar para uma memória positiva sobre esse momento. Hoje os dentistas usam recursos divertidos, interessantes, lúdicos e pedagógicos.

Companhia na primeira consulta

Permitir a ida de um amigo na primeira consulta. Isso pode acalmar o estado emocional do paciente, que irá mudar o foco da sua tensão no momento.

Nada de pânico

Procurar orientar os pais para terem cuidado com as histórias que se conta às crianças sobre a ida ao dentista e sensações negativas vindas de suas experiências anteriores.

Dialogar é o caminho

Contar com a técnica mais comum, antiga e ainda assim valiosa: uma boa conversa. Dar atenção ao paciente, olhar com empatia para ele e o seu desafio de estar ali. É válido inclusive parar o atendimento, levantar a cadeira e conversar um pouco antes de voltar ao procedimento, principalmente no caso de atendimentos longos.

Combine sinais com o paciente

Deixar que o paciente explicite os seus limites. Para isso, o odontologista pode combinar alguns sinais (como levantar ou abaixar dedos) que possam comunicar se o paciente está presenciando um quadro de ansiedade ou se a dor está altamente desconfortável. Assim, a relação paciente-dentista estará pautada na confiança.

Tecnologia como aliada

Usar recursos tecnológicos: vídeos, músicas com sons neutros, realidade virtual. No caso de crianças: bonecos, animações, brinquedos.

Desvie o foco

Bater um papo com um auxiliar ou outra pessoas que esteja no consultório, ou até mesmo com o paciente, desviando assim o foco do paciente ao procedimento.

Espaço confortável

Preparar bem a sala de espera. O profissional de odontologia pode organizar esse espaço para deixá-lo mais convidativo, que possa simular um ambiente confortável e acolhedor. Dessa forma, o paciente pode se sentir mais tranquilo e focar em outros elementos antes de ir para a consulta.

Estar bem para cuidar

Estar bem! Essa dica é muito especial, pois o profissional pode estar em um momento de stress ou com algum problema pessoal. Somos animais muito complexos e capazes de detectar inseguranças e nervosismos. As alterações cardíacas e respiratórias causadas pelo stress, por exemplo, podem não ser perceptíveis para quem está sob o stress, mas é perceptível ao outro, que no caso é o seu paciente.

Bom humor é importante

O humor é sempre uma técnica infalível. Estudos comprovam que ele é terapêutico. Se o profissional consegue aliar o bom humor no tratamento de pacientes ele pode gerar confiança, aproximar e tirar o foco do medo.

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