Vias de administração de fármacos: tudo que você precisa saber

Vias de administração de fármacos: tudo que você precisa saber

Para uma droga atuar e produzir seus efeitos sistêmicos característicos, deve primeiro ser absorvida e então atingir uma concentração eficiente em seu local de ação. A absorção da droga geralmente é definida como a passagem da droga de seu local de administração para a corrente sanguínea (ADAMS, 2003).

A via de administração é determinada primariamente pelas propriedades do fármaco (p. ex., hidro ou lipossolubilidade, ionização) e pelos objetivos terapêuticos (p. ex., necessidade de um início rápido de ação, necessidade de tratamento por longo tempo, ou restrição de acesso a um local específico). As vias principais de administração de fármacos incluem a enteral, a parenteral e a tópica, entre outras (WHALE et al., 2016).

Principais vias de administração de fármacos
Figura 1: Vias comumente usadas para a administração de fármacos.
Fonte: WHALE et al., 2016.


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De acordo com Silva (2010) as  principais vias e sistemas de administração das drogas são as seguintes:
l. oral
2. sublingual ou bucal
3. parenteral
4. tópica
5. transdérmica
6. intraocular
7. Intrarrespiratória
8. retal
9. intravaginal
10. intrauterina
11. uretral e peniana
12. novos sistemas de administração de drogas

Neste artigo serão abordadas as principais vias de administração de fármacos, as características, vantagens e desvantagens e aplicações.

Vias enterais

  • Via Oral

A administração de medicamentos por via oral é a mais utilizada, segura e econômica, além de ser bastante confortável, sem apresentação de dor. Os fármacos orais são facilmente autoadministrados, e a toxicidade e/ou a dosagem excessiva podem ser neutralizadas com antídotos como o carvão ativado. As drogas administradas por via oral podem exercer um efeito local no trato gastrointestinal ou ser absorvidas pela mucosa gastrointestinal, atingindo o sangue ou a linfa e exercendo efeitos sistêmicos.  (WHALEN et al., 2016; SILVA, 2010)

As soluções aquosas alcançam rapidamente o duodeno e logo começam a ser absorvidas. As partículas das suspensões têm que ser, primeiro, dissolvidas nas secreções gastrointestinais antes que ocorra a absorção.  Os comprimidos e cápsulas convencionais têm que se desintegrar no estômago ou intestino delgado antes de ocorrerem a dissolução e a absorção (SILVA, 2010).

A via Sub-Lingual permite a retenção do fármaco por tempo mais prolongado. Propicia uma rápida absorção de pequenas doses de alguns fármacos, devido à vasta vascularização sanguínea e a pouca espessura da mucosa sub-lingual, permitindo a absorção direta na corrente sanguínea (LIMA, 2008).

A administração de medicamento por via oral não é indicada em pacientes que apresentem náuseas, vômitos, que tenham dificuldade de engolir ou desacordados, pois poderiam engasgar ou o medicamento não chegar ao intestino para ser absorvido.

  • Via Retal

É uma via alternativa da via oral para crianças, doentes mentais, comatosos e aqueles que apresentam vômitos e náuseas. Certas dçogas, que provocam irritação gastrointestinal excessiva ou sofrem elevado metabolismo hepático de primeira passagem, podem ser favoravelmente administradas por via retal (SILVA, 2010).

Como 50% da drenagem da região retal não passa pela circulação portal, a biotransformação dos fármacos pelo fígado é minimizada com o uso desta via (WHALEN et al., 2016).

Vias parenterais

A via parenteral introduz o fármaco diretamente na circulação sistêmica. Ela é usada para fármacos que são pouco absorvidos no trato gastro intestinal (TGI) e para os que são instáveis no TGI (WHALEN et al., 2016).

Tabela 1: Fatores a serem consuderados na via parenteral.

Os fatores mais iportantes que devem ser considerados quando se usa a via parenteral são:
local de injeção;
volume da injeção;
tamanho e tipo da agulha;
efeito terapêutico desejado;
domínio da técnica da injeção.

Fonte: SILVA, 2010


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  • Intravenosa (IV)

A via IV permite um efeito rápido e um grau de controle máximo sobre a quantidade de fármaco administrada. Quando injetada em bólus, toda a dose de fármaco é administrada na circulação sistêmica quase imediatamente. Se for administrado como infusão IV, o fármaco é infundido em um período de tempo maior, resultando em pico de concentração plasmática mais baixo e em aumento da duração do nível do fármaco circulante. (WHALE et al., 2016).

É uma via em que o paciente precisa de ajuda de profissional treinado para realizar esse procedimento (enfermeiros e médicos). A via deve ser manipulada com muito cuidado, pois há chances de infecção no local, podendo piorar o quadro do indivíduo, além dos efeitos serem difíceis de reverter e ter possibilidade de dor e se tornar incômodo quando necessária a aplicação por inúmeras vezes.
Exemplo: bloqueador neuromuscular rocurônio.

  • Intramuscular (IM)

A absorção da droga por via intramuscular é usualmente completa, mas pode variar em decorrência das propriedades físico-químicas das drogas, das variáveis da formulação e de diversos fatores fisiológicos, como, por exemplo, a perfusão sanguínea no local considerado (SILVA, 2010).

Fármacos administrados por via IM podem estar em soluções aquosas, que são absorvidas rapidamente, ou em preparações especializadas de depósito, que são absorvidas lentamente (WHALEN et al., 2016).
Exemplo: medroxiprogesterona (liberação prolongada).

  • Subcutânea

 A administração subcutânea consiste na injeção de pequeno volume ( < 2 mL) de solução ou suspensão aquosa no tecido intersticial frouxo, abaixo da pele no braço, antebraço, coxa, abdome ou região glútea. O local da injeção deve ser variado quando houver necessidade de aplicações frequentes (SILVA, 2010).

A injeção SC minimiza os riscos de hemólise ou trombose associados à injeção IV e pode proporcionar efeitos lentos, constantes e prolongados (WHALEN et al., 2016). Exemplo: Insulina.

Vias tópica e transdérmica

Os alvos para as drogas aplicadas à pele pelos seus efe1tos locais são a superfície da pele, o estrato córneo, a epiderme viável, a derme e os anexos, isto é, unhas, glândulas sudoríparas e sebáceas e folículos pilosos. A presença de uma rede vascular eficiente na derme permite que as drogas que atravessam o estrato córneo e a epiderme sejam prontamente absorvidas, produzindo efeitos sistêmicos (SILVA, 2010).

Os medicamentos são apresentados em forma de pomadas, géis ou cremes e devem ser administrados somente no local onde há a lesão no caso do uso tópico.

A velocidade de absorção da aplicação transdérmica pode variar de modo acentuado, dependendo das características físicas da pele no local da aplicação e da lipossolubilidade do fármaco. Essa via é usada com mais frequência para a oferta prolongada de fármacos, como o fármaco antianginoso nitroglicerina, o antiemético escopolamina e os adesivos de nicotina usados para facilitar a interrupção do hábito de fumar (WHALEN et al., 2016).

De acordo com Silva (2010), admitindo-se que a droga é absorvida em quantidade suficiente, a administração transdérmica de drogas oferece as seguintes vantagens:

a) evitam-se os inconvenientes e riscos da via intravenosa;
b) elimina-se a variável biodisponibilidade observada após terapia oral;
c) as drogas que possuem índices terapêuticos estreitos ou meiasvidas curtas podem ser administradas com segurança e durante períodos prolongados;
d) os efeitos colaterais e a frequência posológica são reduzidos;
e) a obediência ao regime terapêutico por parte do paciente é melhorada;
f) o término rápido do efeito da droga é possível, simplesmente com a remoção do dispositivo de administração (emplastro).

Vias ocular, nasal e auricular

Para utilização desta via os medicamentos devem ser de aplicação local. Os medicamentos para a via ocular se apresentam sob a forma de colírio ou pomadas. Já os medicamentos utilizados por via nasal se apresentam na forma de solução (como os descongestionantes nasais); os medicamentos administrados pela via auricular são apresentados na forma de solução otológica.

Via respiratória

A administração de drogas por inalação representa uma modalidade conveniente de introduzir medicamentos diretamente na árvore respiratória para o tratamento de doenças broncopulmonares. A via inalatória também é usada em anestesiologia quando se empregam anestésicos gerais gasosos,  administração de drogas pela via respiratória pode visar à atividade local ou sistêmica.  (SILVA, 2010).

Tem a vantagem de realizar a administração em pequenas doses com rápida absorção.

Via epidural

O espaço peridural está situado entre a dura-máter anteriormente e as paredes ósseas e ligamentosas do canal espinhal posteriormente. Está limitado cefalicamente pelo forame magno, onde a dura-máter se funde com o periósteo do crânio, e caudalmente, pela membrana sacrococcígea. A via peridural é usada para administração de anestésicos locais e analgésicos (morfina).  

Referências

ADAMS, H. R. Farmacologia e terapêutica em veterinária. 8 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2003.
LIMA, M. F. Formação em preparação e administração de medicamentos. 2008.
SILVA, P. Farmacologia. 8. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
Whalen, K.; Finkel, R.; Panavelil, T. A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.