Formar-se farmacêutico requer passar pelo processo de um curso de graduação que possibilita transitar por diversas áreas do saber. O que um estudante pensa quando escolhe o curso de Farmácia? Será sua escolha orientada pelo desejo de trabalhar na área de saúde? Será porque gosta de estudar química, biologia? Ou o que mais pode motivar a reflexão sobre o que determina essa escolha?
Anos atrás a grade curricular do início do curso de Farmácia era bem técnica, repleta de disciplinas de química, com algumas disciplinas de biologia, mas também com cálculo e física e, por diversos fatores, inclusive pela dificuldade pedagógica de promover a compreensão do que e como essas disciplinas iriam agregar a sua formação acadêmica; alguns acabavam desistindo do curso ou se encontrando lá mais para frente na parte do currículo mais direcionada para prática farmacêutica. Claro que nem todos os alunos seguiam essa lógica, haviam as exceções, dentre elas os estudantes que tinham perfil para área básica e, muitas vezes, para pesquisa científica.
Com o avanço de políticas públicas no âmbito da assistência farmacêutica e da aproximação do profissional frente as demandas sociais com relação ao uso racional dos medicamentos, a grade curricular do curso de Farmácia também passou por mudanças. Uma delas foi a formação generalista, onde o curso aumentou para dez semestres e possibilitou ao aluno se tornar profissional com capacidade para atuar em várias áreas. Além de uma formação mais voltada para o sentido crítico reflexivo e humanista.
Diante dessas mudanças na formação do profissional farmacêutico, outras alterações na perspectiva do cuidado do paciente também passaram por transformações. Dentre essas modificações, a atuação de profissionais de saúde em equipes multidisciplinares é uma delas, e que vem agregando bastante aos serviços sanitários e, consequentemente, aos pacientes.
Uma equipe multidisciplinar trabalha com vários profissionais em conjunto e um agregando ao outro a abordagem, a perspectiva das necessidades e a decisão de tratamento para o paciente de acordo com sua área e especialidade. Há uma otimização e visão mais holística e integral do paciente.
Nesse contexto de equipe multidisciplinar é que o farmacêutico também entra e apresenta grande e primordial contribuição. Compreender a inserção do farmacêutico nesse cenário é muito relevante para esse perfil do profissional no mercado e as novas demandas.
A colaboração do farmacêutico nas equipes multidisciplinares se dá através das atribuições administrativas e clínicas do profissional. As atividades clínicas estão registradas na Resolução 585 de 2013 do Conselho Federal de Farmácia. Ao farmacêutico fica o encargo de promover o uso racional dos medicamentos, aprimorar a farmacoterapia, prevenir e identificar problemas relacionados aos medicamentos e, assim, promover qualidade de vida para o paciente, além de em muitas ocasiões, através dessas intervenções, diminuir os gastos financeiros. No aspecto gerencial, a informação quanto aos aspectos logísticos e do mercado farmacêutico para os outros profissionais é de grande relevância.
Essa atividade do farmacêutico no quadro multidisciplinar requer dele uma boa capacitação técnica, habilidade de constituir vínculo de confiança e boa comunicação com os outros profissionais.
Logo, o estímulo deste molde de trabalho em equipe promove também o desenvolvimento de um profissional com uma visão integral do paciente e com compreensão da necessidade do olhar e da intervenção de outros especialistas. Além do que os resultados clínicos serão conquistados em conjunto de forma harmônica, conectada e com o mesmo objetivo, que é o bem estar do paciente.
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