Os principais distúrbios respiratórios no período neonatal | Colunista

Quando se diz período neonatal, o que vem a sua mente? Algo referente a um recém nascido, correto? Pois bem,é denominado período neonatal o momento do nascimento até ao 28º dia de vida, podendo ter variações,  sendo elas divididas em:  precoce (0 a 6 dias) e tardio (7 a 28 dias). E prontamente pensamos em um RN(recém – nascido) saudável, como toda regra tem sua exceção.

Existem alguns que nesse período apresentam a necessidade de um acompanhamento específico,que muitas das vezes apresentam em decorrência no parto ou consequência de uma gestação de alto risco.E como assistir esses RNs dentro das suas necessidades? Nesses momentos faz – se a transferência para uma UTI Neonatal.

Quer saber como é uma UTI Neonatal? Vamos lá…

Uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal é organizada e estruturada fisicamente –  com incubadoras e berços (á atender a necessidade de cada RN dentro da sua complexidade).

  • Composição técnica na Unidade:
    1 Enfermeiro gerente/encarregado(a) da UTI Neonatal;
    1 Enfermeiro(a) neonatologista  responsável do plantão por turno para cada 10 leitos;
    1 médico neonatologista;
    1 técnico / auxiliar de enfermagem correspondente ao nível de assistência;
    1 auxiliar de serviços gerais por turno;
    1 secretário(a) / recepcionista por turno de acordo com os protocolos de cada instituição( pública ou privada) atendendo  às novas realidades do RN.

  • Correspondente ao nível de assistência:
    Intensivo:  um técnico para 1 a 2 leitos;
    Semi – intensivo:  um técnico para 2 a 3 leitos;
    Pré – alta: um técnico para 3 a 4 leitos.

Os principais distúrbios respiratórios,  desenvolvidos nesse período, são comorbidades constantes discutidas no meio neonatal e com repercussões em estudos e pesquisas, apresentando em algumas delas relação direta a natureza do parto.

Enquadram – se nos distúrbios citados: a Síndrome do desconforto respiratório (SDR), provavelmente um dos  mais conhecidos, a Taquipnéia transitória do RN, a Síndrome de aspiração do mecônio (SAM),  também muito mencionada,  e a Pneumonia. Sim, essa última também faz parte do acometimento nesse período neonatal, apesar de muitos relacionarem  a outra fase da vida , o período da infância.

Vamos entender?

  • Síndrome do desconforto respiratório ( doença da membrana hialina): é causada pelo déficit de surfactante alveolar,ocorrendo assim o seu colapso de forma progressiva,tendo como consequência maior necessidade de oxigênio e um estresse respiratório.

    Como desencadeador, tem – se uma maior incidência entre os RNs prematuros( < 37 semanas de gestação), pois apresentam fisiologicamente pulmões imaturos.

    Como característica (quadro clínico) notam – se:

    Dispnéia ou respiração superficial;
    Retrações esternais e intercostais;
    Batimento de asas de nariz;
    Aumento proressivo de aporte de oxigênio;
    Acidose respiratória e metabólica;

    Intervenções / Tratamentos:

    Reduzir a hipoxemia e diminuir o trabalho da respiração em uso de ventilação mecânica assistida e CPAP(pressão positiva contínua das vias aéreas);
    Monitorar gasometria,corrigir acidose;
    Manter temperatura corporal e sinais vitais normais;
    Manter equilíbrio hidroeletrolítico e glicose;
    Fornecer aporte calórico adequado.

 

  • Taquipnéia transitória do RN( síndrome do pulmão úmido): ocorre no recém – nascido logo após a  realizar os primeiros movimentos respiratórios ao nascer.Esse movimento proporciona entrada de ar nos pulmões ao mesmo tempo a saída de fluido pulmonar que na vida intra – uterina circulava dentro dos pulmões.Quando esses fluidos não saem completamente,causam uma diminuição da complacência do pulmão e aumenta a resistência das vias aéreas.

    Como desencadeador tem – se, a prematuridade, RNs a termo através de parto cesariano e cordão umbilical clampeado > 45 segundos após o nascimento.A questão da cesariana explica – se pois,neste momento não ocorre a pressão normalmente exercida na caixa torácica que é  realizada no parto normal.

    Como característica (quadro clínico), notam – se:

    Gemidos expiratórios e cianose;
    Taquipneia,com frequência respiratório > 100 rpm;
    Taquipneia persistente sem dispnéia;
    Retrações intercostais mínimas ou ausentes;
    Respiração gemente e batimento de asas de nariz.

    Intervenções / Tratamentos:

    Administrar oxigênio,manter PO2 arterial (50 – 80 mmHg);
    Manter o RN em jejum se a frequência respiratória for maior que 60 rpm;
    Manter a saturação de oxigênio entre 90 – 95%;
    Manter a temperatura nos parâmetros normais,diminuindo a necessidade de oxigênio; 
    Hidratação endovenosa adequada para manter o equilíbrio hidroeletrolítico.

  • Síndrome de aspiração do Mecônio(SAM): desenvolve – se no meio intra – uterino,desencadeando por movimentos respiratórios do RN permitindo a entrada de líquido amniótico meconial no interior da árvore respiratória.Essa aspiração meconial pode levar a obstrução e inflamação.Quando o mecônio tem característica espessa,pode ocorrer a obstrução de grandes vias aéreas desencadeando um  quadro de sufocação.E em obstrução de vias aéreas distais, tem como consequência a atelectasia.

    Como desencadeador tem – se: RNs a termo( 37 a 41 semanas de gestação) e pós – termo(igual ou maior que 42 semanas de gestação) com agravante de história de asfixia perinatal e doenças maternas(que nessa síndrome tem um fator de risco predominante).

    Como características(quadro clínico),notam – se:

    Coloração amarelada da pele,cordão umbilical e sob as unhas(quando eliminação meconial pelo menos 6 a 4 horas antes do nascimento);
    Unhas longas, pele seca,enrugada e sem vérnix.(características de pós – termo);
    PIG(pequeno para a  idade gestacional)devido ao retardo de crescimento intra – uterino.

    Intervenções / Tratamentos:

    Monitorar débito cardíaco e perfusão periférica;
    Evitar desenvolvimento de acidose;
    Manter a vasodilatação pulmonar;
    Administrar surfactante;
    Atentar e observar sinais de hipertensão pulmonar persistente;

  • Pneumonia: é uma infecção de aspecto bacteriano,viral ou fúngico dos pulmões fetais ou neonatais, que pode ocorrer intra – útero ou após o nascimento.Podendo ser  apresentada como congênita(adquiridas antes do nascimento) e associada a fatores maternos( história materna,infecções urinárias e parto prolongado).

    Como desencadeador tem – se:  os prematuros( inferior a 37 semanas de gestação), visto a sua vulnerabilidade no sistema imunológico que ainda encontra -se imaturo e adquirida através de contaminação pela manipulação na própria UTI.

    Como características(quadro clínico), notam – se:

    Estresse respiratório;
    Instabilidade térmica;
    Hipoglicemia;

    Intervenções/Tratamentos:

    Atentar e controlar quanto a  regulação térmica;
    Iniciar ventilação mecânica,se necessário;
    Ofertar adequado aporte nutricional;
    Ofertar oxigenoterapia.

Bom,aqui eu encerro essa breve apresentação do mundo neonatal e algumas dentre muitas das suas complicações e a forma como podemos detectar e intervir no prognóstico satisfatório para o RN.Espero ter sido de grande proveito esse compartilhamento.Até o próximo!

Matérias relacionas:

Referências:

  • Tamez,Raquel Nascimento et al.Enfermagem na UTI Neonatal – Assistência ao Recém – nascido de Alto Risco.4º edição.Rio de Janeiro:Guanabara Koogan,2010.

  • Brasil.Ministério da Saúde.Atenção à Saúde do recém nascido: guia para os profissionais de saúde – Cuidados Gerais.Vol. 1.Secretaria de Atenção à Saúde,Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas.Brasília: Ministério da Saúde,20011.Disponível em:<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_saude_recem_nascido_profissionais_v1.pdf

  • Brasil.Ministério da Saúde.Atenção à Saúde do recém nascido: guia para os profissionais de saúde – Problemas Respiratórios,Cardiocirculatórios, Metabólicos,Neurológicos, Ortopédicos e Dermatológicos.Vol. 3.Secretaria de Atenção à Saúde,Departamento de Ações Programáticas.Brasília.Ministério da Saúde,2012.Disponível em:< http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_saude_recem_nascido_profissionais_v3.pdf