Lidar com a pandemia de coronavírus não está fácil para ninguém, principalmente os profissionais de Saúde que atuam diariamente na linha de frente do combate à Covid-19. Um ano depois de declarado o estado de pandemia e das primeiras centenas de milhares de internações e mortes por todo o Brasil, o que se vê são profissionais esgotados e com problemas de saúde mental. E não há qualquer suporte para isso.
É o que mostram diferentes pesquisas realizadas neste ano de 2021 pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e PebMed. O cenário impacta, mas já é previsível, afinal, o Brasil tem emendado uma onda de contaminação à outra, cada uma mais grave do que a anterior.
Com isso, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos, agentes de saúde comunitária e demais profissionais não têm tempo para férias ou licença. Também faltam equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados e já há relatos de hospitais sem medicamentos para a prática de tratamentos recomendados à doença.
Estresse e medo
Os números são impactantes. O estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) com 1.829 profissionais indica que 80% deles afirmaram ter algum problema de saúde mental no último ano. Isso inclui:
- Medo (87%);
- Ansiedade (67%);
- Cansaço (58%);
- Tristeza (50%).
Dados da PebMed apontam que 89,4% dos mais de 2,2 mil profissionais ouvidos estão esgotados. A pesquisa da Fiocruz reúne alguns sintomas apresentados por esses heróis da saúde:
- 15,8% têm perturbação do sono;
- 13,6% têm irritabilidade, choro frequente ou distúrbios em geral;
- 11,7% têm incapacidade de relaxar ou estresse;
- 9,2% têm dificuldade de concentração ou pensamento lento;
- 9,1% têm apatia;
- 8,3% têm pensamento negativo ou suicida;
- 8,1% têm alteração no apetite.
O estresse causado pela doença vai além da carga exaustiva de trabalho, considerada extenuante por 22,2% dos entrevistados pela Fiocruz. O medo da contaminação aterroriza esses profissionais.
Entre aqueles ouvidos pela PebMed, 97% disseram ter medo de levar o coronavírus para casa. Além disso, 88% que não se infectaram temem desenvolver a doença, enquanto que 86% dos que já tiveram a doença têm medo de reinfecção.
Falta apoio
O impacto desse um ano de pandemia nos profissionais da saúde é resultado da falta de apoio institucional, de acordo com a avaliação de 60% dos entrevistados pela Fiocruz. Há ainda relatos de desvalorização da própria chefia, frequência de episódios de violência e discriminação e falta de reconhecimento por parte da população em geral.
A coordenadora do estudo, Maria Helena Machado, chama a atenção, em entrevista ao portal da Fiocruz, que esses profissionais cotidianamente são discriminados devido à atividade que exercem. Isso porque há um preconceito em torno da ideia de que eles transportam o vírus do hospital para fora dele.
“Se não bastasse esse cenário desolador, esses profissionais de saúde experienciam a privação do convívio social entre colegas de trabalho, a privação da liberdade de ir e vir, o convívio social e a privação do convívio familiar”, acrescenta.
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Referências