O Covid-19 pode ser considerado um dos mais difíceis assuntos a serem discutidos, diante do nosso cenário atual a nível global. Houve um impacto no sistema público de saúde, econômico, social e o quantitativo de casos confirmados pela rápida disseminação do vírus, trouxe uma nova realidade para os profissionais fisioterapeutas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
COMO SURGIU O COVID-19
O Covid-19 é denominado como SARS-Cov-2, surgiu em Hubei, China, após casos de pneumonia etiologicamente desconhecida em dezembro de 2019. No ano de 2020 no mês de março, a Organização Mundial de Saúde (OMS), anunciou Pandemia.
O vírus tem um alto nível infeccioso e pode ser transmitido através das vias respiratórias ou por contato físico. Foram desenvolvidas medidas de segurança para proteção do contágio como utilização de máscaras, higienização das mãos, uso do álcool 70%, incluindo o isolamento social para prevenção de novos casos.
SINTOMAS E CUIDADOS
Os indivíduos infectados são divididos em estágios leves, moderados, agudos ou assintomáticos. Os sintomas do Covid-19 iniciais são fadiga, febre, tosse, dispneia e cefaleia, podendo desenvolver pneumonia, evolução característica do estado crítico, decorrente a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), consequentemente os pacientes estão submetidos à Ventilação Mecânica Invasiva (VM) na UTI.
Os cuidados a todos os pacientes infectados são necessários, principalmente aos grupos de riscos como os idosos, mulheres grávidas, indivíduos com comorbidades como Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e diabetes ou processos patológicos pulmonares, renal crônico, cardiovascular e imunocomprometidos. Os pacientes são intubados mediante critérios pela equipe intensiva, um dos adotados foram o da American Thoracic Society / Infectious Disease Society of America (ATS/IDSA).
FISIOTERAPIA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI)
A fisioterapia está presente desde a admissão dos pacientes na UTI, com um dos principais objetivos de promover alta hospitalar precoce, reduzir as complicações do Covid-19 como disfunções respiratórias, músculo esqueléticas e neurológicas que podem ser adquiridas durante os estágios de infecção, além da presença prolongada de alguns sintomas clínicos primários.
No processo de reabilitação é importante a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), devido ao alto risco de contágio através da utilização de técnicas e materiais, que geram aerossóis e microgotículas como hiperinsuflação manual, máscara de EPAP, insuflação/exsuflação mecânica, não é recomendado a fisioterapia respiratória na fase aguda.
As técnicas terapêuticas existentes nas rotinas diárias e que estão presentes nas evidências científicas, foram implementadas na reabilitação e tem mostrado um bom resultado aos pacientes infectados no ambiente intensivo.
As práticas e objetivos são individuais para cada paciente. Levando em consideração que para iniciar os manejos terapêuticos, é necessário a avaliação dos parâmetros vitais, estabilizados, como estado hemodinâmico, relação PaO2/FiO2, nível estável de consciência e avaliação dos exames de Eletrocardiograma.
IMPLEMENTAÇÃO DAS PRÁTICAS
AVALIAÇÃO:
Radiografia de Tórax: É o exame complementar solicitado inicialmente para achados inespecíficos, não o mais indicado. Há a probabilidade de um pseudo diagnóstico nos dias iniciais. Porém o exame pode detectar outros tipos de condições como hipotransparências ou pneumonia bacteriana.
Tomografia Computadorizada de Tórax: É indicada para e evidência do comprometimento pulmonar e observa-se pavimentação em mosaico e consolidações até o 13° dia da infecção. A partir do 14° dias os achados reduzem.
Ultrassonografia para avaliação do parênquima pulmonar e da musculatura diafragmática: a USG é indicada para a avaliação do Covid-19 e no rastreamento do avanço da doença nas fases de deterioração e recuperação e direcionar a intervenção fisioterapêutica. A USG diafragmática avalia a função pulmonar por parâmetros como movimentos, amplitude de movimentos e força.
Tomografia por Impedância Elétrica (TIE): Verifica a distribuição da ventilação regional e da perfusão pulmonar em pacientes à beira leito.
Avaliação da Pressão do Balonete (Cuff): Evita o escape de ar e deslocamento das secreções para a vias aéreas inferiores.
Gasometria Arterial: É um exame de avaliação de rotina. Auxilia no manejo da oxigenoterapia, para indicação da VM, ajustes dos parâmetros e classifica a gravidade da insuficiência respiratória.
Capnografia: É possível analisar e registrar a quantidade de gás carbônico (CO2)
Monitoração da Mecânica Respiratória: Mede a complacência estática e a mensuração da resistência respiratória.
Análise Gráfica: Avalia o fluxo-volume e pressão-tempo.
REABILITAÇÃO AO PACIENTE CRÍTICO
São divididas em três propriedades principais: Estratégias ventilatórias, posicionamento propenso e mobilização precoce.
Estratégias Ventilatórias: Ajustar corretamente VCV ou PCV, volume corrente e PEEP.
Posicionamento propenso: Conhecida como posicionamento em pronação que facilita a capacidade ventilatória, decorrente ao SDRA.
Mobilização Precoce: Pode ser iniciada precocemente para reduzir as disfunções adquiridas durante a imobilização.
REFERÊNCIAS
BERNAL-UTRERA, Carlos et al. Could Physical Therapy Interventions Be Adopted in the Management of Critically Ill Patients with COVID-19? A Scoping Review. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 18, n. 4, p. 1627, 2021.
MUSUMECI, Marcella Marson et al. Recursos fisioterapêuticos utilizados em unidades de terapia intensiva para avaliação e tratamento das disfunções respiratórias de pacientes com COVID-19. ASSOBRAFIR Ciência, v. 11, n. Suplemento 1, p. 73-86, 2020.
MASIERO, Stefano; ZAMPIERI, Davide; DEL FELICE, Alessandra. The Place of Early Rehabilitation in Intensive Care Unit for COVID-19. American journal of physical medicine & rehabilitation, v. 99, n. 8, p. 677-678, 2020.