O destaque do fisioterapeuta na linha de frente da Covid-19 | Colunista

Por muito tempo o fisioterapeuta conviveu com a desvalorização da profissão, sendo o profissional  visto apenas como manuseador de aparelhos em Unidade de Terapia Intensiva (UTIs), Centros de Terapia Intensiva (CTIs),  aspiradores de secreção e cuidadores de ossos e músculos em consultórios, quando na realidade, hoje, nota -se a grande importância deste profissional. Atualmente o Fisioterapeuta está na linha de frente da pandemia, e sua atuação é de grande valia para a evolução do paciente desde a internação até a alta hospitalar, no próprio hospital ou a domicílio. 

A reabilitação é necessária devido a diversas sequelas deixadas pela doença, como  sequelas motoras, respiratórias e  também algumas neurológicas como já mostram alguns estudos  publicados no JEMA.Neurology,2020, como por exemplo alterações sensoriais, derrame e confusão mental.

Hoje, o fisioterapeuta é um dos profissionais essenciais na linha de frente ao combate do covid-19  acompanhando, tratando, reabilitando e protegendo o paciente de traumas da Ventilação Mecânica (VM) e até mesmo da morte, ele está presente desde a entrada  na assistência primária da Saúde (APS), nas UTI e CTIs, assim como também após a alta hospitalar, tratando as sequelas deixadas pela doença. O profissional da fisioterapia, principalmente da área respiratória e hospitalar, vem ganhando destaque durante a pandemia.

O coronavírus é um vírus  denominado Sars cov2 com grande poder de contaminar humano e desenvolver infecção respiratória e outros comprometimentos. Os primeiros casos foram registrados em Wuhan, na China, no final de dezembro de 2019, e se alastrou por outros países. Aqui no Brasil, o primeiro caso registrado foi em fevereiro de 2020, em São Paulo.

O vírus afeta principalmente o sistema respiratório, mas, também pode acontecer manifestações sistêmicas que pode atingir desde distúrbios neurológicos até musculoesqueléticos. Em 30 de janeiro de 2020, a corvid-19 foi classificada como uma pandemia e emergência de saúde pública pela organização Mundial da Saúde (OMS).

Os sintomas da covid 19 pode variar de pessoa para pessoa, algumas se mostram assintomáticas e outras podem desenvolver uma pneumonia e chegar até a morte. Em alguns casos, os sintomas podem ser parecidos com de uma gripe, apresentando febre, fadiga, tosse,  dores no corpo, dor de cabeça e dispneia. 

Tem casos em que o paciente pode apresentar uma síndrome respiratória aguda grave chegando a precisar de uma UTI.  O exame de PCR é feito a partir do quinto dia de sintomas, podendo identificar o vírus, e também exames de laboratórios acompanhado de uma avaliação clínica.

O agravamento da doença é caracterizado por hipoxemia resultante de diferentes processos fisiopatológicos que afetam a relação ventilação – perfusão, essa hipoxemia leva o indivíduo a apresentar sinais como, taquipneia, dispneia, palidez, desorientação e vasoconstrição periférica, daí o comprometimento muscular por causa da falta de perfusão de oxigênio na musculatura. Somando isso ao tempo em que o paciente fica internado gera as disfunções.

O fisioterapeuta é um profissional capacitado para está na linha de frente como mostra a resolução.

“Resolução n°. 400 de 03 de Agosto de 2011,Att. 4°- o exercício profissional do fisioterapeuta respiratório é condicionado ao conhecimento de domínio das seguintes áreas e disciplinas, entre outras: I- Anatomia Geral dos Órgãos e Sistemas e em especial do Sistemas Cardiorrespiratório II- Biomecânica; III- Fisiologia Cardiorrespiratória e do Exercício; IV- Fisiopatologia; V- Semiologia Cardiorrespiratória; VI- Instrumentos de Medidas de Avaliação Cardiorrespiratória; VII – Farmacologia Aplicada; VIII-  Suporte Ventilatório  Invasivo e não Invasivo IX- Técnicas que Recursos de Expansão Pulmonar e Remoção de Secreção; X- Treinamento Muscular Respiratório e Recondicionamento Físico Funcional; XI- Suporte Básico de Vida; XII: Próteses , Órteses e Tecnologia Assistiva; XIV Ética e Bioética.  Art.7° – atuação do fisioterapeuta respiratório se caracteriza pelo exercício profissional em todos os níveis de atenção à saúde, em todas as fases do desenvolvimento ontogênico, com ações de prevenção, promoção, proteção, educação, intervenção, recuperação e reabilitação do cliente /paciente/ usuário, nos seguintes ambientes, entre outros: I- Hospitalar; II -Ambulatório (clínicas consultórios centros de saúde);III- Domiciliar home – care; IV- Públicos; V- Filantrópicos; VI-Militares; VII- Privados; VII- Terceiro setor.” ( COFFITO-2014)

A atuação do fisioterapeuta no combate a covid-19 tem sido abrangente, pois, os efeitos deletérios deixado pela doença em casos mais graves, tanto durante a internação quanto após a alta hospitalar, exigem tratamentos fisioterapêuticos para readaptar pacientes com perda de função devido ao tempo de internamento da doença somado a outros fatores. 

Os fisioterapeutas da Atenção Primária de Saúde (APS), ao colocar em prática os conhecimentos da fisioterapia respiratória e cardiovascular em sua rotina de trabalho, tanto para o planejamento das ações da APS (acolhimento, triagem e encaminhamentos), quanto para o acompanhamento dos usuários dos grupos de risco, dos casos suspeitos ou confirmados da COVID-19, aqueles que chegam com sintomas respiratórios leves, e em condições de pós alta hospitalar, têm o papel  importante no cuidado ampliado e melhores prognósticos clínicos e funcional junto aos usuários que estão sob a responsabilidade de suas equipes.

 Na fisioterapia respiratória os protocolos precisam ser seguidos, porém é necessário levar em consideração a especificidade de cada paciente, e esses ajustes de protocolos são feitos pelo fisioterapeuta, pois, o tratamento precisa ser individualizado de acordo com as diretrizes da VM, e a experiência do profissional.

A avaliação do paciente é feita  com base nos critérios que se pede, pois, é necessário fazer avaliação física e clínica, de acordo com a oxímetro a qual o paciente n pode está com SpO2 menor que 95%, a PaO2 aumentada, é possível identificar a necessidade de uma possível troca de terapia. 

O paciente não pode passar mais de duas horas na oxigenoterapia ou Ventilação Não Invasiva (VNI) sem que haja uma evolução, pois caso aconteça, não se deve protelar a mudança de conduta para evitar uma parada respiratória e perda da via aérea inferior, o profissional precisa ter experiência na área, e com isso as tomadas de decisões junto a sua equipe é algo muito importante,  porquê uma oferta de O2 em demasia ou pressões positivas muito alta, podem gerar barotraumas no paciente e levá-lo até a morte em algumas situações.

Após a alta hospitalar, a reabilitação também é com o fisioterapeuta  em domicílio ou ainda no hospital a reavaliação do paciente deve ser feita, e dentro desse contexto deve ser observado se o paciente possui fadiga, necessidade de oxigênio, disfunção cardiovasculares, se outras doenças prévias estão controladas, avaliações de função pulmonar, função muscular, equilíbrio, avaliar as possibilidades de retorno ao ambiente domiciliar e a segurança da mobilidade residencial. 

Para o retorno das atividades da vida diária AVD,   o paciente quando passa por um processo mais grave da doença adquire uma fraqueza muscular, gerada pelo quadro clínico. Nesse caso, é indicado o tratamentos de reabilitação, como a reabilitação pulmonar que é feita com o intuito de  sanar ou reverter as consequências da doença e ao mesmo tempo de fortalecer a musculatura do diafragma,  assim como outras musculaturas que fazem parte da mecânica da respiratória.  

Durante esse processo de infecção algumas musculaturas ficam mais contraídas,   dependendo do estado do paciente, isso leva a fadiga do múscular somado a queda de saturação na fase inicial, dessa forma não há como reparar esses danos com a mobilização precoce a beira leite em alguns casos, apenas é feito a proteção das vias para evitar mais danos, sendo assim , após a alta hospitalar usa-se o fortalecimento pulmonar e treinamento físicos, os quais podem ser de baixa e moderada complexidade, levando em consideração os comprometimentos para manter a segurança do paciente.

Na avaliação é verificado  se há necessidade de oferta de O2 durante o esforço ou em repouso, o estado físico do paciente, o cognitivo e emocional, se há dispneia, ansiedade, depressão, as condições da força muscular periférica que geralmente é muito afetada, a função pulmonar com espirometria em pacientes com sintomas persistentes ou que tiveram danos maiores.

Na fase hospitalar, usa-se  exercícios respiratórios, higiene brônquica, quando há necessidade, a expectoração deve ser feita com  recipiente fechado para evitar o aerossolização, usa-se a mobilização precoce no leito, mudança de decúbito a posição sentada e ortostática para diminuir a força da gravidade sobre a caixa torácica e seu peso visceral nos pulmões, deambulação e exercícios aeróbico como caminhada e bicicleta. Os exercícios devem ser realizados em baixa intensidade, a escala de Borg que pode ser usada em menor  ou igual a 3 com aumento do nível progressivamente para 4-6, de 1-2 vezes por dia, e durante 10- 45 min.

Na fase após alta hospitalar, entre seis e oito semanas, a intensidade do treino deve ser leve com aumento gradual para os exercícios aeróbico, podem ser de 3-5 sessões por semana durante 20-30 min. O treinamento de força muscular deve ser aplicado para membros superior e inferior, com resistência progressiva em 2-3 sessões por semana de 8-12 repetições, exercícios respiratórios e treinamento de equilíbrio  pode ser aplicado.

O fisioterapeuta está presente em todas as etapas do processo de recuperação do paciente com covid-19, isso se dá devido aos comprometimentos Pulmonares, cardiopulmonar, musculoesqueléticos, neuromusculares entres outros. No âmbito hospitalar o paciente é responsabilidade da equipe multiprofissional, toda e qualquer tomada de decisões é conversada com toda equipe para o bem e evolução do paciente, e cada profissional colabora com a sua função de modo que o paciente é assistido como todo em suas necessidades.

No entanto, a atuação do fisioterapeuta se tornou algo primordial dentro das equipes, pois, devido as manifestações clínicas da covid-19, a reabilitação pulmonar é indicada para o paciente durante a hospitalização e após a Alta hospitalar, segundo a Resolução n°. 400 de 03 de Agosto de 2011,Att. 4°,   o profissional da Fisioterapia, e principalmente o da Fisioterapia Respiratória, possui em sua formação acadêmica várias disciplinas  que proporciona a este, habilidades e conhecimento de atendimento em todos os níveis de atenção à saúde, como está previsto também no Art. 7°. 

Essas são algumas das características que fazem parte do profissional de fisioterapia,  com base no COFFITO (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional):

  • Colher dados do paciente para construção de diagnóstico cineticofuncional;

  • Atentar-se para as evoluções tecnológicas no campo da Fisioterapia;

  • Interpretar dados para construção de diagnóstico dos distúrbios cineticofuncional;

  • Elabora os objetivos de tratamento fisioterapêutico;

  • Decidi pela alta fisioterapêutica do paciente;

  • Saber identificar os níveis de  disfunções cineticofuncional d elaborar o prognósticos fisioterapêutico;

  • Buscar recursos e utilizá-los em função da melhora do paciente;

  • Ministrar palestras na área em que atua;

  • Supervisionar, e orientar intervenções da área de atuação de atenção primária, secundária e terciária de saúde.

Essas entre outras características, responsabilidade, deveres e proibições do fisioterapeuta, podem ser  encontradas nas resoluções .

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Referências: