A Fisioterapia atualmente tem sido uma das profissões mais citadas nas mídias, esse resultado se deu com a chegada da COVID-19 no mundo, dados mostram que o Fisioterapeuta teve uma demanda grande em seus atendimentos hospitalares, quando ainda o paciente está com o vírus como após sua alta e o paciente apresenta sequelas e precisa de tratamento especializado. A reabilitação cardiorrespiratória foi a mais procurada pelos pacientes, seguida da cinesioterapia.
Sinais e sintomas
Patologias clínicas como hipertensão e problemas no sistema respiratório, cardiovascular e metabólico, foram apontadas como fatores de risco para pacientes graves em comparação com pacientes não graves. De acordo a pesquisa recente “The Search for Optimal Oxygen Saturation Targets in Critically Ill Patients: Observational Data From Large ICU Databases” a COVID-19 causa deficiência de estruturas do aparelho respiratório, levando a deficiências de funções da respiração.
Dependendo da gravidade clínica apresentada, pode ocorrer deficiência de função de músculos respiratórios e de tolerância ao exercício. Limitações, que causam dificuldade da realização de atividades básicas que envolvem a capacidade de mobilidade, afetando até mesmo tarefas rotineiras como andar e realizar auto transferências, aponta um estudo realizado em dezembro de 2020 intitulado “Clinical and CT features in pediatric patients with COVID-19 infection: Different points from adults. Pediatr Pulmonol”.
Atuação do Fisioterapeuta
É necessário durante todo o tratamento da COVID-19 a participação da equipe multidisciplinar. Dentre os vários profissionais envolvidos na recuperação física do paciente com COVID-19, se destaca a atuação do fisioterapeuta, não por tratar a doença e sim por prevenir e reabilitar as deficiências respiratórias e as limitações funcionais da atividade de vida diária por ela ocasionadas durante e pós acometimento.
Após alta médica do COVID-19 muitos pacientes ainda apresentam disfunções respiratórias e motoras consideráveis. A avaliação do fisioterapeuta especialista é de extrema importância no pós COVID-19, uma vez que, através do diagnóstico funcional respiratório, a antecipação dos cuidados e reabilitação precoce pode levar a resultados mais satisfatórios para os pacientes.
Tratamento fisioterapêutico pós COVID-19
O tempo de tratamento varia conforme a gravidade do paciente. Por se tratar de uma doença nova, a comunidade científica pontua que não é possível determinar um prazo específico para a duração do tratamento. O tratamento é feito de forma individualizada e progressiva, com um olhar sobre a recuperação da funcionalidade do paciente, podendo ser feito de forma remota ou não, e sempre visando a recuperação da aptidão física, melhora da falta de ar, da fraqueza muscular, restabelecimento da massa muscular, incluindo músculos respiratórios.
De acordo com os dados 100% dos pacientes que passaram por internação hospitalar devido a covid-19 e tiveram comprometimento pulmonar a reabilitação é necessária. Ressalta-se ainda que idosos e portadores de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares preexistentes, geralmente necessitam de uma reabilitação mais prolongada.
Segundo Irma de Godoy, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia “o oxigênio é a gasolina do nosso carro. Se estiver em níveis muito baixos, nenhum dos órgãos do nosso corpo funciona corretamente”. A principal queixa é a falta de ar, e a principal sequela associada à falta de ar está a fadiga, uma espécie de cansaço intenso que afeta cerca de 58% dos pacientes, segundo um levantamento amplo de pesquisadores dos Estados Unidos, da Suécia e do México.
Na primeira fase o atendimento é voltado para o retorno de atividades do dia a dia como levantar, sentar e tomar banho. Em muitos casos também são identificadas dificuldades motoras e problemas neurológicos em função dos longos períodos de internação. Ainda não há estudos conclusivos sobre a extensão das sequelas de Covid-19, porém uma parcela significativa dos doentes recuperados continua necessitando de assistência fisioterapêutica após a alta hospitalar.
O fisioterapeuta de maneira geral trabalha com o fortalecimento dos músculos respiratórios, treinos de marcha e equilíbrio, melhora da capacidade pulmonar e oxigenação dos pulmões, treinos de força corporal além de orientar os pacientes a adaptação das atividades diárias até sua alta e retorno das funções normais.
A fisioterapia é fundamental para o sucesso do tratamento de pacientes com Covid-19 quando estes passam pela internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas também depois que o paciente está curado e apresenta algumas sequelas desse período hospitalar. A reabilitação auxilia na manutenção das funções vitais, atuando na prevenção e/ou tratamento das disfunções cardiopulmonares, circulatórias, musculares e neurológicas — o que reduz o risco de complicações clínicas e mortalidade, possibilitando um melhor prognóstico do paciente e consequentemente, reduzindo o tempo de tratamento.
Referências
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Neves, V. C. Physiotherapists during COVID-19: usual business, in unusual times. Curitiba: Associação de Medicina Intensiva Brasileira, 2020. Disponível em: Artigo comentado – Physiotherapists during COVID-19: usual business, in unusual times.
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