Vamos lá…
O desenvolvimento sociocultural favoreceu demais a interação homem-animal, visto que a população de animais domésticos aumentou significativamente.
Muito destes animais são considerados membros da família, levando uma vida baseada nos princípios do bem-estar animal. Porém, a realidade não é igual para todos, pois a sociedade podem colocá-los em diferentes níveis de importância.
O bem-estar animal refere-se ao estado de completa saúde física e mental, em que o animal está em harmonia com o ambiente que o rodeia. E para isso, os animais devem ser livres de medo e estresse; livres de fome e sede; livres de desconforto; livres de dor e doenças; e ter liberdade para expressar seu comportamento ambiental.
Um dos motivos do comprometimento do bem-estar de cães e gatos é a falta de compreensão das suas necessidades e do comportamento natural das espécies, contribuindo, desta forma, para o aumento das práticas de maus tratos.
Tem-se como exemplos de maus tratos os atos de:
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Abandonar;
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Agressões físicas, como: espancamento, mutilação, envenenamento;
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Manter preso permanentemente em correntes ou cordas;
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Manter em locais pequenos e anti-higiênicos;
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Não abrigar do sol, da chuva e do frio;
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Deixar sem ventilação ou luz solar;
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Não dar água e comida diariamente;
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Negar assistência veterinária; ;
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Submeter o animal a tarefas exaustivas ou além de suas forças;
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Utilizar animal em shows que possam lhe causar pânico ou estresse; entre outros.
O abandono é a chave para os maus tratos!
Muitos animais são adquiridos por impulsos motivados por questões superficiais. Tais aquisições são, com frequência, seguidas de abandono, negligência ou maus-tratos, principalmente quando o animal cresce e o ser humano não sabe como lidar com as necessidades e com o comportamento natural do animal.
O abandono causa interferências diretas sobre o bem-estar animal, tornando-os vulneráveis as práticas de maus tratos, como lesões decorrentes de acidentes envolvendo automóveis, outros animais e de seres humanos, inadequação alimentar, frio e calor por falta de abrigo, bem como desenvolvimento de doenças.
A falta de controle do crescimento demográfico de cães e gatos, somado a carência de prevenção e controle de doenças e as condições precárias de vida dos animais, elevam o risco de transmissão de doenças para os seres humanos. Visto que o manejo impróprio de cães e gatos podem determinar problemas como agressões à população humana e poluição ambiental.
Não há estatísticas sobre os números de animais que sofrem maus-tratos no Brasil, mas há diversas formas de crueldade, a maioria delas consentida, contra eles. E como citado anteriormente, isto causa impactos diretamente à saúde pública, já que são comprovados o aumento da ocorrência de zoonoses.
As zoonoses constituem um grupo de doenças infecciosas naturalmente transmitidas entre animais e humanos, podendo ser causadas por bactérias, vírus, fungo, parasitas ou outro agente de doença transmissível.
Tem-se como exemplo de zoonoses em cães e gatos:
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Raiva ???? Esta zoonose atinge todas as espécies de mamíferos. A transmissão ocorre dos animais para o homem, por meio de mordeduras, arranhaduras ou ferimentos (antropozoonose).
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Esporotricose ???? O felino é considerado a chave na ecoepidemiologia desta zoonose. O homem pode se infectar através de arranhaduras, mordeduras ou por simples contato com felinos enfermos ou portadores assintomáticos.
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Leishmaniose ???? Os cães se apresentam como hospedeiro principal desta zoonose, cuja transmissão para o homem ocorre mediante a picada da fêmea dos flebotomíneos.
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Leptospirose ???? Esta zoonose apresenta incidência aumentada no verão em decorrência de chuvas e alagamentos de áreas urbanas. Tanto os cães como os homens, podem adquirir a infecção pela convivência com cães contaminados, assim como com ratos que urinam em áreas comuns.
Desta forma, é imprescindível garantir integridade física aos animais, evitar dor, lesões, doenças e sofrimento, e para isso, o proprietário deve ser responsável por fornecer:
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Assistência médico veterinária aos animais sob sua responsabilidade;
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Controlar reprodução e evitar que as fêmeas procriem ininterruptamente e sem repouso entre as gestações;
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Garantir higiene ambiental e individual;
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Disponibilizar abrigos seguros;
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Administração de imunógenos e outros medicamentos para prevenção de doenças e de riscos de agravos, como mordeduras, arranhaduras, acidentes domésticos ou de trânsito.
Muitas pessoas não sabem, mas no Brasil, a prática de abuso e maus tratos é punida com pena de reclusão, além da multa e proibição da guarda, de acordo com a Lei federal nº 9605/98.
A guarda-responsável é a chave para redução dos maus-tratos e, consequentemente, das zoonoses!
CRUELDADE É CRIME!
CUIDE DE SEUS ANIMAIS!
EVITE PROPAGAÇÃO DE DOENÇAS!
Referências:
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DA MAIA LIMA, Alfredo Feio; LUNA, Stelio Pacca Loureiro. Algumas causas e consequências da superpopulação canina e felina: acaso ou descaso?. Revista de educação continuada em medicina veterinária e zootecnia do CRMV-SP, v. 10, n. 1, p. 32-38, 2012.
DA FONSECA JÚNIOR, José Duarte; MAZZINGHY, Cristiane Lopes; FRANÇA, Erycka Carolina; PINOW, Ana Clara Silva; ALMEIRDA, Katyane de Souza. Leishmaniose visceral canina: Revisão. PUBVET, v. 15, p. 168, 2020.
RYAN, Shane; BACON, Heather; ENDENBURG, Nienke; HAZEL, Susan; JOUPPI, Rod; LEE, Natasha; SEKEL, Kersti; TAKASHIMA, Gregg. Diretrizes ara o Bem-Estar Animal da WSAVA. Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais (WSAVA). 2018
SANTOS, Felipe Sales; TÁPARO, Cilene Vidovix; COLOMBO, Luciano Nery; PERRI, Silvia Helena Venturole; MARINHO, Márcia. Conscientizar para o Bem-Estar Animal: posse responsável. Revista Ciência em Extensão, p. 65-73, 2014.