Se você é profissional ou estudante de Psicologia, tenho certeza que já ouviu a palavra “rapport” em algum momento. E tenho ainda mais certeza que– assim como eu – já teve dúvidas sobre como elaborar um bom rapport ou até mesmo chegou a se perguntar qual a importância real dele para o processo terapêutico do paciente.
Caso você faça parte dos grupos citados acima ou deseja saber um pouco mais sobre o que é o rapport, quero te convidar a vir comigo bater um papo sobre esta técnica e descobrir que, apesar da sua imensa importância, ela não é tão complicada quanto pode parecer.
Primeiro, vamos relembrar a origem e significado deste nome?
“Rapport” é uma palavra de origem francesa e que em tradução direta significa “trazer de volta” ou “criar uma relação”. Apesar de esse conceito ter nascido na psicologia e dar nome a um conjunto de técnicas que buscam criar um laço de empatia entre terapeuta e paciente, o rapport passou a ser utilizado em diversas áreas profissionais, especialmente aquelas que estão relacionadas ao contato com o cliente.
Em 1986, um escritor e palestrante motivacional estadunidense chamado Anthony Robbins, sintetizou muito bem o que é o rapport: “é a capacidade de entrar no mundo de alguém, fazê-lo sentir que você o entende e que vocês têm um forte laço em comum. É a capacidade de ir totalmente do seu mapa do mundo para o mapa do mundo dele”.
Como você já deve ter percebido, o rapport está muito ligado a empatia e conexão, ambos muito importantes para a constituição de um vínculo terapêutico sólido e funcional entre o paciente e o profissional. Podemos dizer que ele é a porta de entrada daquilo que definirá a qualidade da aliança terapêutica.
Além de impactar positivamente na aliança terapêutica, quais as outras vantagens haveriam para mim, terapeuta, em aplicar o rapport?
As principais vantagens da utilização do rapport são:
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Estabelecer uma confiança mútua entre paciente e profissional.
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Deixar o paciente mais seguro diante do terapeuta
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Facilitar que o paciente aceite melhor sugestões e observações advindas do terapeuta, tornando-o mais receptivo a feedbacks.
Ok, agora que já conseguimos definir o que é um rapport e qual suas vantagens, a próxima pergunta é: Como se fazer um bom rapport?
Antes de responder “como” eu quero lançar um alerta sobre o “quando”.
De início, temos que ter em mente que o rapport será a primeira técnica que você provavelmente irá usar em seu paciente, pois ela ocorre já no primeiro contato com ele, seja pessoalmente, por telefone ou até mesmo por meios eletrônicos como vídeochamada e email.
Aqui vai uma reflexão interessante:
É possível defender que o rapport começa antes mesmo deste primeiro contato pessoal, se iniciando já no marketing de divulgação do seu serviço, em como você descreve sua terapia, sua atuação, sua clínica, chegando até mesmo nas cores escolhidas para representar a identidade visual do seu consultório ou logomarca. Afinal, estas são coisas que já podem influenciar em como o paciente se sente quanto ao serviço oferecido por você.
Eis os elementos imprescindíveis para se estabelecer um bom rapport:
Empatia: definida como a capacidade de se colocar no lugar do outro e compreende-lo emocionalmente, imaginando como seria estar sob a sua pele e sentir o mesmo sofrimento descrito por ele. A empatia nos ajuda a estabelecer uma posição de respeito e compreensão diante a dor do outro;
Escuta ativa: esta técnica vai muito além de escutar o paciente sem interrompê-lo, mas também inclui comunicar – por expressões, gestos e postura – que ele possui sua total atenção naquele momento. Isso acaba gerando no paciente uma sensação de acolhimento e de que está sendo compreendido. Então, nada de ficar com o olhar distante e imóvel durante todo o atendimento, mostre a ele que você está lá!
Alteridade: é a capacidade de compreender e respeitar o fato de que o outro é diferente de mim, que passou por experiências e esteve em ambientes diferentes do meu, e que isso pode ter o levado a desenvolver crenças e visões de mundo que muitas vezes podem diferir das minhas. Ter isso em mente nos ajuda a não correr o risco de confrontar o paciente com questões morais que, muitas vezes, tem mais a ver conosco do que com ele, facilitando assim que o paciente sinta-se à vontade para revelar quem ele realmente é, sem o medo de ser julgado.
Receptividade: mostrar-se receptivo é uma importante forma de acolhimento para o terapeuta, pois isso facilita que o cliente sinta-se amparado dentro do setting terapêutico, diminuindo assim um possível mal-estar por estar ali para tratar de coisas que o machucam.
Ausência de julgamento: o psicoterapeuta deve se atentar para que em sua fala nunca haja elementos que possam sugerir algum tipo de julgamento. É impossível estabelecer uma boa relação com alguém quando deixamos vir a tona preconceitos e opiniões pessoais sobre aquilo que o outro nos confia dentro do setting. Sei que você deve estar cansado de ouvir isso, mas nunca é demais reforçar, não é?
Linguagem verbal e não verbal: é preciso estar atento na comunicação com o paciente, seja ela pela fala ou até mesmo pela postura corporal e gestos. Não se pode esquecer que tudo é comunicação, tudo transmite uma mensagem, então deve haver uma preocupação sobre que tipo de mensagem está sendo transmitida, principalmente se há coerência entre o que você diz e o que você sinaliza – linguagem verbal e não-verbal. Uma percepção de incoerência por parte do paciente pode colocar todo o processo de vinculação a perder.
Caso você ainda não saiba qual a importância da aliança terapêutica para a sua atuação, vou te ajudar a entender:
A aliança terapêutica, também conhecida como vínculo terapêutico, vai muito além de apenas ajudar na captação e retenção de pacientes!
Podemos afirmar que, quando alguém procura um processo de psicoterapia, geralmente está buscando se livrar de algum sentimento doloroso, ser mais feliz e/ou se conhecer melhor. Há também aqueles que realizam o acompanhamento psicológico para o tratamento de transtornos mentais. Seja qual for a motivação que leva uma pessoa a buscar a psicoterapia, o terapeuta acaba sendo o profissional que o indivíduo espera poder depositar toda a sua confiança durante o processo.
Diversos autores já defenderam que a qualidade do vínculo que o profissional estabelece com seu paciente é a pedra angular que servirá de base para o sucesso (ou fracasso) de todo o processo psicoterápico. Ou seja, não adianta de nada o profissional ter o melhor consultório, a melhor técnica e a melhor boa vontade, se o vínculo terapêutico não for forte o suficiente.
Como pudemos ver, o intuito do rapport é justamente servir como solo fértil para o nascimento e o desenvolvimento desta relação. Afinal, é para o terapeuta que ele abrirá seus sentimentos e depositará suas esperanças durante a terapia, portanto, se não houver uma boa vinculação entre os dois, é quase impossível que os objetivos da terapia possam ser alcançados!
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Referências bibliográficas:
ANDRADE, Marcela. Rapport: o que é e como usar essa poderosa arma de persuasão a favor da sua agência. Agências de Resultados. ago. 2017. Disponível em: https://resultadosdigitais.com.br/agencias/o-que-e-rapport/. Acesso em: 04 de mai. 2021.
LIMA, Eduardo Rodrigues. O papel da relação terapêutica para o sucesso da terapia. 2007. 47 f. Monografia (Graduação em Psicologia) – Faculdade de Ciências da Educação e Saúde, Centro Universitário de Brasília, Brasília, 2007. Disponível em: https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/123456789/2925/2/20211448.pdf. Acesso em: 04 mai. 2021.
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