A farsa dos clareadores a base de carvão | Colunista

A estética do sorriso clareado é muito procurada atualmente, com a influência das redes sociais cada vez mais métodos vão surgindo prometendo o clareamento milagroso, métodos que muitas vezes são enganosos e perigosos para a saúde bucal de quem o utiliza. O método da vez é o chamado clareamento com carvão ativado, onde pode-se encontrar em forma de pó ou dentifrício. 

Sendo o carvão ativado não comprovado cientificamente como um clareador, que devido as suas grandes partículas tem poder abrasivo sobre o esmalte dental, causando a curto prazo um desgaste excessivo na superfície do mesmo que nunca mais será recuperado. 

O carvão ativado em si possui alto poder limpante, sendo ele uma forma de carbono puro de grande porosidade, onde as moléculas de impureza são atraídas por essa porosidade existente no carvão e ficam retidas pelas forças físicas. Sendo assim, com seu esfregaço na superfície dentária ele apenas recolhe partículas pigmentadas presentes na superfície do esmalte.

Pertiwi et Al 2017, apresentou uma pesquisa onde se verificou que pastas de dente com carvão possuem grânulos 58,65% maiores do que pastas convencionais, tendo 7.853 micrômetros enquanto as convencionais possuem 4.625 micrômetros, dando assim a característica abrasiva do carvão.

O pesquisador fez também um estudo comparando a escovação apenas com água destilada, a escovação com pasta de dente convencional e a escovação com pasta de dente com carvão ativado. Tendo como resultado a escovação com creme dental com presença de carvão, uma rugosidade do esmalte aumentada em apenas um mês, tendo um agravamento da situação em três meses. Sendo assim não se pode dizer o tempo seguro para a utilização do carvão na superfície dental.

1. O clareamento seguro e eficaz

Diferentemente do clareamento feito pelo profissional dentista, onde são utilizadas as substâncias como peróxido de hidrogênio e carbamida agindo diretamente no tecido dentinário, fazendo com que as partículas de pigmento sofram oxidação sendo clareadas gradativamente, transformando o carbono em CO2 e H2O que vão ser liberados junto ao oxigênio para fora da cavidade bucal. Assim sendo um clareamento seguro e eficaz, que trará satisfação ao paciente.

2. Malefícios causados pelo carvão ativado

O carvão ativado é uma substância extremamente abrasiva, que se passado na superfície do esmalte causa um desgaste excessivo levando a rugosidade superficial e hipersensibilidade pelo afinamento da camada de esmalte. A resina também é uma grande preocupação por parte dos profissionais, justamente pelo aumento da rugosidade causada e por uma possível pigmentação no material restaurador, deixando nítida a presença do procedimento.

Outro malefício perceptível é a possibilidade do desenvolvimento de doenças no tecido periodontal, onde os grânulos do carvão utilizado no procedimento podem ficar retidos nos sulcos gengivais ou em bolsas periodontais pré-existentes, podendo causar uma possível gengivite e se agravada levar a uma periodontite. Sendo assim um procedimento oportuno para descamação epitelial, facilitando a entrada de micro-organismos oportunistas.

O carvão ativado é uma substância que possui uma grande interação com o flúor, podendo inativar as moléculas do mesmo. Com isso em um creme dental que descreve a presença dos dois componentes, o flúor não terá sua ação efetiva. É de extrema preocupação a utilização por parte do paciente o uso exclusivo deste tipo de dentifrício, pois sem a atuação do flúor, o biofilme não poderá ser controlado efetivamente assim ficando ainda mais susceptível a doenças bacterianas bucais.

Uma vez que o creme dental convencional pela presença do flúor auxilia na remineralização, trazendo os íons minerais depositados na saliva, por influência do ácido lático produzido pelos micro-organismos colonizadores do biofilme de volta para a superfície do esmalte. O que não é possível ser feito pelos cremes dentais com presença de carvão ativado, pela interação do mesmo com o flúor.

Diante do exposto conclui-se que o carvão ativado não é uma forma eficiente e segura de se obter o clareamento dental, pois o mesmo prejudica a superfície do esmalte e tecidos adjacentes. Desse modo é de suma importância consultar um profissional de odontologia para executar um efetivo e criterioso procedimento. 

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Referências

Silva, Ana Beatriz et al. Odontologia para todos: Cartilhas informativas sobre saúde bucal, cremes dentais branqueadores, carvão ativado e clareamento dental. XXVIII Congresso de Iniciação Científica da Unicamp, 2020. Disponível em: . Acesso em 04 de abr. de 2021.

Rocha, Maria Isabela Siqueira et Al. Avaliação da eficácia e riscos do uso do carvão ativado na odontologia. Revista de odontologia contemporânea 3, 2019. Disponível em: . Acesso em 05 de abr. de 2021.

RODRIGUES, Bárbara Andrade Leimig et Al. Evaluation through tomography by optical coherence of dental enamel after the use of clearing dentifrices. Revista de odontologia da Unesp, 2019. Disponível em: . Acesso em 07 de abr. de 2021.