Atuação do profissional farmacêutico no controle do uso irracional de antimicrobianos | Colunista

A classe dos antimicrobianos engloba um conjunto de substâncias de classificação natural que são produzidas por microrganismos (antibióticos), ou sintetizadas e elaboradas em laboratório (quimioterápicos), que agem sobre microrganismos tendo como mecanismo de ação a inibição ou supressão da proliferação destes agentes. Os antimicrobianos são uma das classes de medicamentos mais prescritos e dispensados para uso terapêutico e profilático em doenças infecciosas. 

Em 1936 teve início a farmacoterapia de infecções com a utilização clínica humana de sulfamidas, que demonstraram eficácia no tratamento. Entretanto, ao longo dos anos, diversos fatores atribuídos ao uso irracional desses fármacos têm propiciado a resistência aos agentes patogênicos microbianos. Isso traz à tona amplos problemas, uma vez que, as bactérias se tornam resistentes aos medicamentos, e assim, acabam resultando em doenças ainda mais graves, e com maior índice de mortalidade na população. 

Associado a isto, não há novos antimicrobianos suficientes para substituir os antigos que não apresentam mais eficácia terapêutica nos tratamentos. Sendo assim, surge um “som” de alarme no que se refere à relevância da participação do profissional farmacêutico para o uso racional dos medicamentos, a fim de atingir a promoção, prevenção e recuperação de saúde do paciente nessa perspectiva. 

Logo, o aumento do uso irracional dos antimicrobianos retrata-se associado a um conjunto de prescrições inadequadas ou equivocadas pelos profissionais prescritores para as doenças infecciosas. Ainda, os tratamentos com medicamentos provenientes de armazenamento inadequado são associados à alteração da integridade físico-química, e possível aumento da resistência bacteriana também. Além de que, é imprescindível salientar o aumento do uso indiscriminado pela facilitação de acesso ou venda livre dos medicamentos, e a automedicação ou descumprimento da prescrição médica pelo paciente. 

Assim sendo, o profissional farmacêutico, como profissional especializado nos medicamentos, seus mecanismos de ação, eventos adversos e interações medicamentosas, apresenta o conhecimento técnico para atuar com grande relevância na interação com profissionais prescritores, aplicando conceitos farmacodinâmicos e farmacocinéticos para auxiliar e garantir a racionalidade no uso, posologia, armazenamento, temperatura e tempo de tratamento em relação aos antibióticos. 

Caso necessário, o farmacêutico também poderá restringir a emissão de formulários para reajuste na escolha de determinados antibióticos, com o intuito de proporcionar melhoria na saúde do paciente. Além disso, ele também pode auxiliar com a educação em saúde, orientando os pacientes com relação à posologia, tempo de tratamento e alertando sobre os riscos da automedicação, contribuindo consequentemente com a redução significativa do uso irracional dos antimicrobianos.

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Referências:

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