Insuficiência renal crônica e suas particularidades | Colunista

Progressivamente, os cães e gatos são acometidos com a Insuficiência Renal Crônica (IRC), que é uma doença caracterizada como uma síndrome clínica que evolui por um período extenso, podendo ser meses ou até anos, seguinte de alterações irreversíveis no parênquima renal. 

A enfermidade pode ser adquirida, afetando geralmente animais idosos, porém pode ser também congênita, ocorrendo em qualquer idade. Habitualmente, em cães das raças beagle, chow chow, poodle, boxer, doberman, lhasa apso e shitzu, e gatos das raças persa, scottish fold, abissínio e angorá.

A Insuficiência Renal Crônica acomete essas espécies, comumente, em suas idades avançadas, cães entre 6,5 a 7 anos e gatos com 7,4 anos. Frequentemente, diagnosticada com prevalência de 0,5 a 7% e 1,6 a 20%, respectivamente; acometendo em maior quantidade a espécie felina.

Assim, a IRC é o resultado de injúrias renais ao longo da vida, causando perda das funções excretora, secretora e concentradora dos rins, que por sua vez, são responsáveis pela excreção de substâncias tóxicas no sangue e reabsorção de água, fazendo a manutenção do corpo. Retirando sais e substâncias que estejam em quantidade excessiva em forma de urina, e mantendo o balanço hidroeletrolítico e ácido-básico adequado.

Posto isto, a Insuficiência Renal Crônica ocorre quando há dano renal presente por pelo menos três meses, ou quando se observa redução maior que 50% na taxa de filtração glomerular (TFG), relacionada com a perda progressiva dos néfrons, sendo de caráter irreversível. 

Alguns sinais da doença podem ser observados. Em casos mais graves, os animais podem apresentar poliúria e polidipsia, normalmente em cães de forma compensatória, com menor frequência nos gatos, devido a sua grande capacidade de concentração de urina. Animais com IRC é comum apresentar anemia arregenerativa, causada pela diminuição na produção do hormônio eritropoietina, consequentemente, diminuindo a produção de eritrócitos.

Os animais ainda podem apresentar disfunção do sistema nervoso como: apatia, letargia, tremores, convulsões e coma; além da perda de peso, hálito pútrido, manchas ou úlceras na língua, vômito, falta de apetite, acidose metabólica, proteinúria, infecção no trato urinário e hipercalemia, observada após desenvolvimento de oligúria ou anúria.

Apesar de a Insuficiência Renal Crônica não ter cura, exames periódicos podem retardar a evolução da doença. Com o diagnóstico correto no início e o manejo nutricional adequado, irá contribuir para um melhor prognóstico e melhorar a qualidade de vida do paciente, podendo conviver anos com a doença de forma menos traumática. Para um diagnóstico, é necessário saber o histórico clínico do animal e fazer exames complementares como: hemograma, bioquímica renal, ultrassonografia e radiografia.     

Em suma, algumas mudanças se fazem necessárias no tratamento do animal para  que ele tenha uma boa qualidade de vida. O tratamento recomendado propõe o uso de soro, para manter o animal hidratado e pode ser necessário o uso de medicamentos. Hoje se encontra disponível como tratamento de suporte a hemodiálise, substituindo temporariamente a função do rim, diminuindo o nível de toxinas e melhorando o quadro do paciente.

O uso da dieta balanceada é ideal para reduzir a carga de trabalho dos rins, a ração com menor teor de proteína, sódio, fósforo e rica em fibras é a melhor escolha. Repor eritropoietina e ferro na hemodiálise ajuda na produção das células vermelhas. O manejo nutricional de cães e gatos com IRC é fundamental para aliviar os sintomas renais e reduzir a progressão da doença. Finalmente, o tratamento deve ser montado individualmente, pois nem todos os pacientes apresentam a mesma resposta ao tratamento.  
 

REFERÊNCIAS

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