Efetividade dos recursos eletrotermofototerapêuticos na fisioterapia | Colunista

Vocês sabiam que a eletroterapia surgiu através de um peixe? 

É importante ter conhecimento da história da Eletroterapia para entender porque nas modalidades de tratamento analgésico os recursos elétricos terapêuticos são frequentemente indicados e utilizados.

A origem da Eletroterapia vem da época em que os homens viviam em cavernas e que um homem com dores crônicas no calcanhar, ao banhar-se em um rio, encostou acidentalmente seu pé em uma enguia elétrica e obteve uma melhora dos sintomas. Scribonius Largus, (46 d.C.), conta que na época Antero usavam os peixes elétricos para curar nevralgias, cefaléias e artrites. 

Verificou ainda que o adormecimento era gradual e que persistia mesmo após o contato com o peixe ter sido interrompido. Jallabert (1748) e o Nollet trabalharam muito com a estimulação de hemiplégicos e de soldados paralíticos. Duchenne confeccionou seu próprio aparelho de estimulação neuromuscular e aprimorou a técnica de uso de eletrodos de superfície. 

Em maio de 1982, no IX Congresso Internacional da World Confederation for Physical Therapy, em Estocolmo, teve-se contato direto com essa nova tecnologia para eletroanalgesia que recém tomava corpo naquele início dos anos 80. A partir desse acontecimento a eletroterapia foi se desenvolvendo até os dias atuais. E com o passar do tempo, os estudos a respeito sofreram aprimoramentos, foram desenvolvidos aparelhos elétricos para fins terapêuticos e assim, comprovou-se a eficiência da eletroterapia no tratamento de diversas patologias.

Recursos Eletrotermofototerapêuticos 

A eletrotermofototerapia (ETFT) atualmente é muito utilizada na prática clínica da fisioterapia, com uma grande eficácia desde o princípio da sua história, através do uso de recursos como o calor, frio e estimulação elétrica. 

Na ETFT faz-se necessário que o profissional fisioterapeuta tenha uma base de conhecimento sólida e atualizada, uma vez que cada recurso tem sua particularidade, assim como cada paciente, e patologia. Atualmente, existem inúmeros recursos que podem ser utilizados, por isto cabe ao fisioterapeuta ter domínio das teorias físicas, fisiológicas, e das evidências na tomada de decisão clínica para saber utilizá-los da melhor forma.

Entre os principais recursos usados na ETFT estão:

  •  T.E.N.S (Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea)

O termo T.E.N.S provém do inglês “Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation”, é um recurso fisioterapêutico amplamente utilizado para o tratamento da dor, devido a suas ações analgésicas comprovadas por evidências científicas. Consiste na aplicação de eletrodos sobre a pele intacta com o objetivo de estimular as fibras nervosas grossas A-alfa mielinizadas. Assim, sendo empregado para inúmeros fins terapêuticos como analgesia, relaxamento muscular, etc.

É de suma importância salientar que existem vários tipos de TENS, sendo assim faz-se necessário uma avaliação precisa da sintomatologia dolorosa para uma intervenção terapêutica com variação dos parâmetros de base:

  1. Dores agudas: Frequência elevada (80-200 Hz) e Intensidade Moderada – TENS Convencional;

  2. Dores Crônicas: Frequência baixa (1 a 10 Hz) e Intensidade Elevada – Burst e TENS Acupuntura;

  • Ultrassom

O ultrassom terapêutico (UST) é um recurso comumente aplicado nos distúrbios do sistema musculoesquelético, como na aceleração do reparo tecidual de lesões musculares. A possibilidade de usar diferentes frequências entre 1 e 3MHz é importante na medida em que as frequências mais altas (3MHz) são absorvidas mais intensamente, tornando-as mais específicas para o tratamento de tecidos superficiais, enquanto que as frequências mais baixas (1MHz) penetram mais profundamente, devendo ser usadas para os tecidos mais profundos. 

O ultrassom pode ser utilizado de inúmeras maneiras, sendo assim torna-se importante compreender suas propriedades, como a frequência e potência. Ademais, em conjunto tem uma série de efeitos biológicos, como: Vasodilatação da área de hiperemia e aumento do fluxo sanguíneo, favorece a reabsorção de edemas, efeito analgésico, etc.

  • Laserterapia

A denominação LASER é o acrônimo de “Luz Amplificada por Emissão Estimulada de Radiação” (Light Amplification by the Stimulated Emission of Radiation). O Laser é utilizado na fisioterapia, principalmente na Europa, por pelo menos trinta anos. Dentro da área médica podemos dividir em LASER de alta potência e LASER de baixa potência. 

Na Laserterapia predominam alguns efeitos terapêuticos observados clinicamente, como a analgesia local, ação antiedematosa, anti-inflamatória, a cicatrização de feridas de difícil evolução, etc. Atualmente existem vários geradores de Laserterapia utilizados no Brasil, como o Hélio-Neon (HeNe) e o Arseneto de Gálio (AsGa). 

Além dos recursos citados acima, existem outros recursos que são muito utilizados e importantes, como a Crioterapia, Estimulação Elétrica Funcional (FES), Ondas Curtas, Infravermelho, etc. Dessa forma, é notório que o campo da eletrotermofototerapia tem se aperfeiçoado nas últimas décadas, assim como tem sido uma das habilidades da fisioterapia.

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Referências 

CAPPA CARDOSO, C.; SARAIVA DOS SANTOS, L. SCHMIDT, P.; FOLMER, V. História da Eletroterapia. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 3, n. 1, 3 fev. 2013.

Matheus JPC, Oliveira FB, Gomide LB, Milani JGPO, Volpon JB, Shimano AC. Effects of therapeutic ultrasound on the mechanical properties of skeletal muscles after contusion, Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 12, n. 3, p. 241-7, mai./jun. 2008.

Kitchen, Sheila. Bazin, Sarah. Clayton, E. Bellis. Electrotherapy : evidence-based practice. 2º edição brasileira – 2003 

AGNE, Dr. Jones E. Eletrotermoterapia teoria e prática. Editora Orium, 2006.