Saiba o que fazer para manter a saúde mental em 2021

Depois de um ano que nos deixou de cabeça para baixo, fez crescer os diagnósticos de ansiedade e colocou em dúvida o futuro de todo mundo, manter a saúde mental é o trabalho de base que precisa ser feito. Independentemente se 2021 será um ciclo novo ou apenas a continuação de 2020, é preciso estar bem, consciente e com serenidade para administrar as emoções de um ano que mistura a distribuição da vacina contra o coronavírus, mas ainda exige medidas de distanciamento social e registra elevados números de óbitos decorrentes da Covid-19.

É desafiador, a gente sabe. E todo esse contexto tem deixado consequências diversas desde o início, em março do ano passado. 

Ana Vanessa Neves, coordenadora de Psicologia da Sanar Saúde enumera pelo menos três perspectivas diferentes para analisarmos o impacto da pandemia na saúde mental:

I. Fenômeno relacionado ao adoecimento – Ansiedade, estresse, hipocondria e transtorno obsessivo compulsivo são resultado da vivência de algo catastrófico, que repercutiu no mundo inteiro e independe de gênero, classe social, nível socioeconômico, localidade, escolaridade. Poder atingir qualquer pessoa despertar níveis de ansiedade e estresse muito alto nas pessoas;
II. Isolamento social – A impossibilidade de sairmos de casa, não podermos estar em contato com a rede de apoio e os grupos sociais com os quais nos relacionamos levou ao aumento de quadros relacionados à depressão. Por outro lado, passamos cada vez mais tempo na internet, quem já tinha um padrão de compras elevado pode ter alcançado nível de compulsão. Além disso, aumento também na dependência química por causa do consumo de álcool.
III. Trabalho remoto – Estresse e síndrome de burnout são situações cada vez mais presentes numa sociedade que vive a pandemia. Em especial profissionais de saúde, que convivem diariamente com o medo pela própria vida, com a necessidade de se isolar da família ao retornar para casa. Sob a perspectiva do home office, mulheres em particular vivem o que é chamado de burnout parental, que consiste na junção entre o trabalho profissional em casa e o cuidado da casa e dos filhos.

Independentemente do cenário que mistura possibilidade de retomada da normalidade em breve e preocupação sobre a alta dos casos, é importante que os cuidados ainda sejam mantidos para evitar a transmissão do vírus. A frustração, a ansiedade e a expectativa existem, e algumas atitudes podem ser tomadas para lidar com esses sentimentos. Por exemplo, prática de exercícios, meditação, passeio na praia ou no parque. 

“É diferente sair pra fazer uma caminhada, dar um mergulho na praia, de ir para o bar com pessoas sem máscara. Se por acaso tiver dificuldade grande, se sentir ansiosa, pressionada ou cansada, e perceber que não está conseguindo lidar bem com isso, é recomendado que busque acompanhamento. Hoje em dia temos muitos profissionais de psicologia e de psiquiatria que fazem atendimento online. Se está nesse conflito de sentimentos, o que recomendo é que busque acompanhamento psicológico”, observa Ana Vanessa. 
 

Como perceber se você ainda está bem

Em meio a tantos estímulos e pressões, perceber se você ainda está bem é fundamental para um panorama sobre sua saúde mental. O ponto de partida é lembrar que todos temos um padrão do que seria nosso comportamento cotidiano. Se você observar uma mudança consciente, resultado de novos hávitos que você quer inserir em sua vida, tudo bem.

Mas se perceber que certas atitudes têm sido mais ou menos frequentes de forma automática, sem que traga bons resultados e prejudica seus relacionamentos, o sono e a alimentação, eis alertas de que algo precisa ser cuidado. É comum que esse tipo de mudança esteja relacionada a condições emocionais, como expectativas, exigências ou rotina. 

“Existem pessoas que estão nessa condição há muito tempo, então, a capacidade de elas perceberem se estão exagerando em alguma coisa acaba se tornando diminuída. Aí outro indicador importante é que a gente observe o que as outras pessoas ao nosso redor estão sinalizando pra gente”, observa Ana Vanessa.

Geralmente as observações do outro indicam se estamos dormindo pouco ou dormindo demais; se estamos comendo menos ou mais do que de costume; se estamos mais agressivos ou reativos.

“Se as pessoas ao seu redor te sinalizam isso, acende uma luzinha. Provavelmente as pessoas estão sinalizando que você mudou em alguns aspectos e isso pode estar relacionado a condições emocionais”, acrescenta. 

Cuide de sua saúde mental 

O ponto chave da saúde mental é o sofrimento. Se causa sofrimento para o indivíduo ou a outra pessoa, o ponto de alerta se acende. Nesse caso, o procedimento recomendado é mesmo buscar acompanhamento profissional. 

Ana Vanessa Neves, coordenadora de Psicologia na Sanar, explica que o padrão ouro é psicoterapia associada a medicação. A primeira, porque identifica as condições que causam o sofrimento e que precisam de mudanças; a segunda, para aliviar os sintomas do paciente. 

“Não é automedicação. O ideal é que essa prescrição seja feita por outro profissional, porque ele está isento naquela condição e vai poder prestar escuta qualificada e acolhimento”, destaca.

O segredo é mesmo aprender a reconhecer suas emoções e perceber seus pensamentos. Isso vale tanto para estudantes quanto para profissionais de saúde, que precisam planejar um futuro ao mesmo tempo que lida com todo o estresse da pandemia. 

Outras sugestões de Ana Vanessa para cuidar da saúde mental incluem:

  • Trabalhar as emoções sendo acompanhado por um profissional de saúde mental, em algum grupo de discussão entre profissionais de saúde ou com supervisão de outro profissional experiente na área;
  • Encaixar a prática como atividade profissional ou de desenvolvimento pessoal;
  • Incluir na rotina o autocuidado físico e emocional, encontrando fontes de satisfação e desenvolvimento pessoal.

“É comum profissional de saúde ter várias atribuições e vínculos profissionais e restar quase nada de tempo pra ele mesmo. Isso aplica a profissional e ao estudante. O estudante precisa aprender a olhar pra si enquanto pessoa e emoções, cuidar melhor disso. Se já estiver repertório pra fazer isso ele mesmo, ótimo, só colocar no escopo da rotina de atividades. Se não tiver, buscar profissional especializado que possa ajudá-lo com isso”, conclui Ana Vanessa.

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Por Sanar

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