Doenças neurodegenerativas são condições relacionadas ao envelhecimento, com alta prevalência no mundo. São caracterizadas por mecanismos multifatoriais como mutações genéticas, estresse oxidativo, danos às mitocôndrias neurais, inflamação crônica, alterações na dinâmica do cálcio, entre outros mecanismos que levam à perda neuronal no cérebro. Há também a possibilidade desses mecanismos se interconectarem sinergicamente, levando a exacerbação do dano neuronal.
Tratamento
O tratamento empregado hoje para as doenças neurodegenerativas é basicamente sintomático, e seu sucesso é limitado. São utilizadas associações entre fármacos tradicionais e terapias alternativas na tentativa de melhorar a qualidade de vida do paciente.
A necessidade de identificar novas abordagens no tratamento dessas doenças levou os pesquisadores demonstrar com sucesso a utilidade de nutracêuticos derivados de plantas em células animais em condições neurodegenerativas. No entanto a maioria dos nutracêuticos falhou durante os ensaios clínicos em humanos uma vez que sua permeabilidade é limitada na barreira hematoencefálica, diminuindo drasticamente sua biodisponibilidade no cérebro.
Desafios no uso dos nutracêuticos
O uso de nutracêuticos no tratamento das doenças neurodegenerativas é uma opção atrativa por sua origem natural, biocompatibilidade, menor toxicidade, potenciais efeitos tanto nutricionais quanto terapêuticos e a presença de constituintes antioxidantes, principalmente os polifenóis.
Os nutracêuticos já são bem conhecidos por sua atividade antioxidante, anti-envelhecimento,e neuroprotetora; e utilizados no tratamento de doenças como câncer, hipertensão, doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes e inflamações.
Sua atividade neuroprotetora é falha em humanos devido à má absorção, baixa biodisponibilidade e perbeabilidade pela barreira hematoencefálica. Essa situação decorre da natureza lábil e da insolubidade dos princípios ativos presentes nos nutracêuticos. Outra questão que afeta a biodisponibilidade do ativo é sua não estabilidade no trato gastrointestinal.
Nanotecnologia – Nova abordagem no uso dos nutracêuticos
A utilização de nanopartículas conjugadas a nutracêuticos pode ser uma opção muito promissora para resolver o problema de biodisponibilidade tanto quando se fala na estabilidade durante a passagem pelo trato gastrointestinal, quanto pela sua passagem pela barreira hematoencefálica. As pesquisas já começaram!
A curcumina está sendo amplamente avaliada para uso em doenças neurodegenerativas por sua atividade antioxidante e anti-inflamatória potente, no entanto, seus efeitos terapêuticos são prejudicados por sua natureza hidrofóbica e baixa solubilidade. Estudos com nanopartículas de ouro e PEG-PLGA em conjugação com curcumina e ácido hialurônico tiveram resultados promissores na melhora da biodisponibilidade da curcumina no cérebro, reduzindo significativamente o estresse oxidativo e apoptose na doença de Parkinson.
O resveratrol é um agente polifenólico natural que age inibindo a formação de peptídeos β-amilóides na doença de Alzheimer. Estudos demonstraram que nanopartículas lipídicas sólidas modificadas com apolipoproteína-E conjugadas com resveratrol foram endocitadas pela barreira hematoencefálica para o endotélio com aumento de perfil de permeabilidade quando comparadas ao resveratrol em outras formulações.
A quercetina, um bioflavonóide com atividade antioxidante estabelecida também é um nutracêutico com potencial para o tratamento de doenças neurodegenerativas. Nanopartículas lipídicas sólidas conjugadas a quercetina apresentaram atividade neuroprotetora contra mudanças comportamentais, bioquímicas e histológicas tanto em administração intravenosa quanto em administração via oral.
O licopeno é um complexo carotenoide isolado do tomate, mamão, goiaba e da melancia; e apresenta atividade antiapoptótica, antiinflamatória, antiisquêmica e antitumoral. Estudos mostram o aumento da biodistribuição de licopeno no cérebro a partir de uma formulação microemulsionada carregada com licopeno de administração oral.
Há estudos promissores com diversos outros nutracêuticos e os resultados são animadores!
Conclusão
A maioria dos nutracêuticos sofre de limitações devido à baixa solubilidade em água, instabilidade, biodisponibilidade e farmacocinética, o que dificulta sua aplicação médica.
Para superar isso, as nanopartículas são conjugadas aos nutracêuticos para aumentar sua biodisponibilidade, permeabilidade pela barreira hematoencefálica e como consequência, a eficiência das terapias utilizadas no tratamento das doenças neurodegenerativas.
Ainda são necessárias mais pesquisas com foco na toxicidade e os efeitos a longo prazo dessas formulações em modelos animais e ensaios clínicos em humanos.
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Bibliografia
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