A pandemia de Covid-19 pode acarretar um problema de saúde pública decorrente da quarentena que vai além do vírus. As medidas de distanciamento social que orientam que as pessoas fiquem em casa, isoladas o máximo possível do mundo externo, são o ponto-chave dessa condição que profissionais de saúde e autoridades sanitárias devem começar a se atentar.
O alerta consta no artigo “The effects of COVID-19 quarantine on eating and sleeping behaviors“, publicado em setembro de 2020 na revista Springer Nature. O material é um dos artigos considerados referência para a Covid-19, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O argumento central é que a ansiedade, medo e deficiências metabólicas e imunológicas causadas pelo isolamento social são responsáveis por alterações no sono e na alimentação. Consequentemente, os hábitos alimentares pouco saudáveis implicam em maior ganho de gordura e menor gasto de energia. Em resumo, as pessoas estão desenvolvendo hábitos alimentares pouco saudáveis, considerados um fator de risco para o desenvolvimento do sono e de distúrbios mentais durante o período de quarentena.
O que diz o artigo
Passar a ficar em casa devido às medidas de distanciamento social mudou o estilo de vida das pessoas. Caminhar para fazer as atividades corriqueiras deixou de ser uma realidade, porque essas atividades estão em suspenso. As idas ao mercado precisaram ser reduzidas, o que consequentemente levou à redução no consumo de produtos frescos e aumento daqueles industrializados.
Os pesquisadores da Silva, Junior, Brant et al identificaram que em meio a todo esse contexto há ainda prejuízo ao sono. As desordens alimentares decorrentes do período de isolamento têm influenciado a qualidade desse momento de descanso e recuperação do corpo. Essas perturbações, por sua vez, são consequência do tempo livre associado ao stress e à ansiedade que surgem nesse período.
“(…) a curta duração do sono pode afetar a motivação para comer uma dieta saudável, bem como diminuir o desejo de comer alimentos mais saudáveis em comparação com alimentos densos em energia, e também representam um fator de desencadeamento para a ingestão de alimentos ricos em gordura”, dizem os pesquisadores no estudo.
A explicação para isso é que as alterações no tempo de alimentação podem desacoplar os relógios do corpo, o que leva ao desalinhamento circadiano e consequente interrupção na homeostase e distúrbios em diversas funções metabólicas. O artigo reforça o caráter cíclico desses processos, segundo o qual: afetar negativamente o sono impacta os hábitos alimentares; essa influência negativa nos hábitos alimentares induz ao estresse e contribui para perturbações no sono.
Você pode conferir o artigo completo no site da Springer.