5 coisas que aprendi na residência multiprofissional | Colunista

As residências multiprofissionais e em área profissional da saúde foram criadas no ano de 2005, e seguem os princípios e diretrizes do SUS de acordo com a realidade de cada região.

Eu saí da faculdade e fui direto para uma residência, o que me possibilitou conhecer diferentes pessoas e aprender muitas coisas! 

Aprendi que a faculdade nos dá uma base de conhecimento técnico-científico, mas que, na verdade, a sensação é a de que não sabemos quase nada quando somos colocados no campo de trabalho.

Mas, além do conhecimento técnico-científico, a residência  me proporcionou outros tipos de aprendizados que levarei comigo pro resto da vida.

Vou compartilhar com você alguns deles:

  • Reconhecimento profissional: ao sair da faculdade, demorei um pouco para me identificar como enfermeira. Soava estranho e ao mesmo tempo muito emocionante dizer “sou a enfermeira fulana”. Foi um processo gradual de reconhecer meus próprios meios de trabalho, formas de lidar com as mais diversas situações e de acostumar com o título de enfermeira;

  • Trabalho em equipe multiprofissional: uma equipe multidisciplinar não significa necessariamente ter um trabalho integrado, interdisciplinar. Os profissionais da equipe precisam construir um processo de trabalho e aprender a trabalhar em equipe, o que raramente se aprende na faculdade. Na residência, o contato com as diferentes profissões proporciona esse aprendizado para os residentes e também para a equipe do serviço de saúde em que o residente está alocado;

  • Organização do tempo: com sessenta horas semanais de aulas, trabalhos e prática, sobra pouco tempo para estudar. Além disso, ainda são necessários momentos de lazer e de autocuidado. Mas parece que quanto menos tempo a gente tem, mais a gente se organiza. E foi isso o que aconteceu comigo no período da residência. Foi o período da vida em que eu mais organizei meus estudos, preparava materiais para as práticas, e ainda fazia academia e yoga. Também sempre sobrava um espacinho na agenda pra um bom contato com os amigos.

  • Resiliência: as diversas situações que a residência proporciona me ensinaram a me adaptar, moldar-me sem perder minha essência. Esta é uma importante característica para um residente, porque ele está inserido temporariamente em uma equipe que já possui seu funcionamento próprio. Entretanto, é importante também que o residente saiba, com humildade, propor e mostrar que outras formas de trabalho são possíveis.

  • Respeito aos meus limites: por vezes, nós da área da saúde temos a vontade de mudar o mundo. Na residência, cuja proposta é melhorar processos de trabalho a partir da clínica ampliada e do trabalho multiprofissional, o ímpeto de querer melhorar e mudar tudo aumenta muito. Cabe ao residente processar que ele pode fazer pequenas ou grandes mudanças que por si só já vão melhorar a vida de muita gente, e que em dois anos, seria muito difícil mudar o mundo. É importante que reconheçamos nossos limites para que a frustração não surja.

Essas são algumas das coisas que aprendi durante o meu período de residente. Faria tudo de novo sem mudar nada, cada erro foi importante para lapidar a profissional que sou hoje.

Espero que para você, essas considerações tenham sido válidas e desejo que você continue se empenhando e estudando muito, como eu sei que está, para que você também possa compartilhar seus próprios aprendizados.

Não desista, seu sonho está mais próximo que nunca!

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Referência biliográfica:

BRASIL. Lei nº 11.129, de 30 de junho de 2005. Institui o Programa Nacional de Inclusão de Jovens – ProJovem; cria o Conselho Nacional da Juventude – CNJ e a Secretaria Nacional da Juventude; altera as Leis nºs 10.683, de 28 de maio de 2003, e 10.429, de 24 de abril de 2002; e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 2005.