Cirurgia segura: uso do checklist | Colunista

A segurança cirúrgica é muito importante para evitar problemas para o paciente.

Complicações pós-operatórias em pacientes internados. Aumento da taxa de mortalidade relatada após cirurgia. Processos cirúrgicos evitáveis que resultam em prejuízos. Princípios de segurança desconhecidos ou aplicados de maneira errada pela equipe assistencial. 

No mundo, estima-se que sejam realizadas cerca de 234 milhões de cirurgias extensas, correspondendo a uma operação para cada 25 pessoas vivas. 

Contudo, por mais que os procedimentos cirúrgicos tenham a intenção de salvar vidas, a falha de segurança nos processos de assistência cirúrgica pode causar danos consideráveis para saúde. 

Pensando nisso, a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2013, instituiu o protocolo de cirurgia segura, com a finalidade de determinar as medidas a serem implantadas para reduzir a ocorrência de incidentes, eventos adversos e mortalidades cirúrgicas.

Entretanto, muitos fatores contribuem para que um procedimento cirúrgico seja realizado de forma segura, como:

  • Profissionais capacitados

  • Ambiente;

  • Equipamentos e materiais adequados para a realização do procedimento;

  • Conformidade com a legislação vigente.

Nisto, foi desenvolvida por meio da própria OMS, a Lista de Verificação de Cirurgia Segura, uma estratégia para reduzir os riscos de incidentes cirúrgicos.

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O objetivo da Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica da OMS não é prescrever uma abordagem única, mas assegurar que elementos-chave de segurança sejam incorporados dentro da rotina da sala de operações. Isso maximizará a chance de melhores resultados para os pacientes sem que ocorra ônus indevido no sistema e nos prestadores.

A Lista de Verificação divide a cirurgia em três fases:

  1. Antes da indução anestésica;

  2. Antes da incisão cirúrgica; e

  3. Antes do paciente sair da sala de cirurgia.

Para a utilização da Lista de Verificação, uma única pessoa deverá ser responsável por conduzir a checagem dos itens. O condutor pode ser médico ou profissional da enfermagem, que esteja participando da cirurgia e seja o responsável por conduzir a aplicação, de acordo com diretrizes da instituição de saúde.

Em cada fase, o condutor deverá confirmar se a equipe completou suas tarefas antes de prosseguir para a próxima etapa. Caso algum item checado não esteja em conformidade, a verificação deverá ser interrompida e o paciente mantido na sala de cirurgia até a sua solução.

No momento antes da indução cirúrgica, o condutor da Lista de Verificação deverá:

  • Revisar verbalmente com o próprio paciente, sempre que possível, que sua identificação tenha sido confirmada;

  • Confirmar que o procedimento e o local da cirurgia estão corretos;

  • Confirmar o consentimento para cirurgia e a anestesia;

  • Confirmar visualmente o sítio cirúrgico correto e sua demarcação;

  • Confirmar a conexão de um monitor multiparâmetro ao paciente e seu funcionamento;

  • Revisar verbalmente com o anestesiologista, o risco de perda sanguínea do paciente, dificuldades nas vias aéreas, histórico de reação alérgica e se a verificação completa de segurança anestésica foi concluída.

No momento antes da incisão cirúrgica, a equipe fará uma pausa imediatamente para realizar os seguintes passos:

  1. Apresentação de cada membro da equipe pelo nome e função;

  2. Confirmação da realização da cirurgia correta no paciente correto, no sítio cirúrgico correto;

  3. Revisão verbal, uns com os outros, dos elementos críticos de seus planos para a cirurgia, usando as questões da Lista de Verificação como guia;

  4. Confirmação da administração de antimicrobianos profiláticos nos últimos 60 minutos da incisão cirúrgica;

  5. Confirmação da acessibilidade dos exames de imagens necessários.

No último momento, antes do paciente sair da sala, a equipe deverá revisar em conjunto a cirurgia realizada:

  • Concluindo a contagem de compressas e instrumentais;

  • Identificando qualquer amostra cirúrgica obtida;

  • Revisando qualquer funcionamento inadequado de equipamentos ou questões que necessitem ser solucionadas;

  • Verificando o plano de cuidados e as providências quanto à abordagem pós-operatória e da recuperação pós-anestésica antes da remoção do paciente da sala de cirurgia.

Por fim, a idéia do checklist cirúrgico, respalda-se em realizar uma nova checagem em cima do planejamento que já foi feito, assim garantindo que nenhum ponto crítico foi deixado de lado.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 

INSTITUTO BRASILEIRO PARA SEGURANÇA DO PACIENTE. Cirurgia segura: 10 pontos que devem estar no checklist. 2019. Disponível em: <https://www.segurancadopaciente.com.br/qualidade-assist/cirurgia-segura-10-pontos-que-devem-estar-no-checklist/>. Acesso em: 07 de dez. 2020.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, MINISTÉRIO DA SAÚDE, AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Cirurgias Seguras Salvam Vidas. Brasília, 2009. Acesso em: 07 de dez. 2020. 

OLIVEIRA, Arlene de Sousa Barcelos et al. Protocolo Cirurgia Segura. Goiás, 2020. Acesso em: 05 de dez. 2020.