A pandemia por COVID-19 destacou a importância do manejo da ventilação mecânica e tomada de decisão clínica assertiva, principalmente para pacientes graves. A posição prona mostrou-se uma aliada à assistência nos leitos de Unidade de Terapia Intensiva.
Utilizada desde 1970, e expansão em 1980, a posição prona foi recomendada pelo Organização Mundial de Saúde para pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SDRA) secundária à COVID-19
O procedimento que melhora a condição de saúde e reduz a taxa de mortalidade é indicada para pacientes com dificuldade respiratória, que estão utilizando ventilação mecânica e para os que não estão.
Parâmetros respiratórios e posição prona
A infecção causada pelo novo coronavírus (2019-nCoV) pode comprometer o trato respiratório. A maioria dos pacientes infectados não desenvolvem complicações, sendo assintomáticos ou apresentando sintomas leves. Alguns apresentam complicações necessitando de hospitalização, suporte de oxigênio ou até mesmo de ventilação mecânica.
O acometimento pulmonar significativo ocasionado em pacientes com SDRA requer intervenção precoce. A pronação promove a facilitação da abertura dos alvéolos, proporcionando trocas gasosas melhores. Alvéolos que não participavam da respiração em posição supina passam a participar, melhorando a condição do paciente em ventilação mecânica ou não.
A otimização dos parâmetros respiratórios depende de diversos fatores, incluindo a qualificação profissional. Saber ajustar a ventilação mecânica de acordo com as necessidades de cada paciente é imprescindível para aumentar as chances de sobrevivência.
Indicações e contra indicações da posição prona
A posição prona tem como objetivo combater a hipoxemia nos pacientes com SDRA e alteração grave das trocas gasosas. A manobra deve ser utilizada precocemente (até as primeiras 48 horas).
Pacientes com alterações na relação entre pressão parcial de oxigênio arterial PaO2 e fração inspirada de oxigênio – FiO2 (PaO2/FiO2) inferior a 150 mmHg submetidos à manobra, são mantidos na posição prona sob monitoramento avaliação e reavaliações.
Os parâmetros da gasometria norteiam as respostas positivas ou não à manobra. As respostas positivas são indicadores para que a posição prona seja mantida por mais tempo, considerando a necessidade de retorno a posição supina.
O posicionamento pode ser contra indicado em situações como arritmias graves, fraturas vertebrais e pélvicas, difícil manejo de vias aéreas, gestação. A interrupção do procedimento também pode acontecer em situações como parada cardiorrespiratória, obstrução do tubo endotraqueal e extubação programada.
Treinamento da equipe
A assistência em Unidade de Terapia Intensiva requer conhecimento acurado sobre suporte avançado de vida. O manejo da ventilação mecânica, por exemplo, envolve máquinas com muitos botões e vários parâmetros a serem ajustados.
O treinamento e capacitação da equipe são essenciais para realização de procedimentos com exatidão. A realização de manobra para a posição prona, em pacientes com COVID- 19, caracteriza um dos procedimentos de requer treinamento, precisão e sincronia.
Sempre que houver necessidade e condições de segurança para realização da manobra, o fisioterapeuta e os colegas de equipe multiprofissional devem estar aptos. Além disso, na pandemia por COVID-19, vários profissionais tiveram que se adequar a ambientes improvisados, equipes reduzidas e sem protocolos de treinamento estabelecidos previamente.
Dentre os fatores determinantes para o sucesso da manobra estão o treinamento da equipe e o número adequado de profissionais.
A posição prona é considerada como alternativa para melhora do quadro de pacientes acometidos por complicações pulmonares, assim como a ventilação mecânica. A atenção e treinamento são de extrema importância, principalmente para as Unidades de Terapia Intensiva, nas diversas possibilidades de instalação.
Referências
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Roberto et al. Ventilação mecânica em pacientes portadores de COVID-19 ULAKES J Med 2020,1 (EE) 142-150