Olá, futuro residente! Como anda sua preparação para o processo seletivo?
Tem horas que dá vontade de adiantar o relógio e já se ver iniciando sua trajetória na Residência, não é?
Pois pensando nisso, eu trago para você informações preciosas de quem já passou pelo processo seletivo e está numa Residência Multiprofissional. Assim, você já poderá se imaginar lá também!
Para te levar a esta experiência, eu conversei com vários residentes sobre a preparação para o processo seletivo, a vivência da Residência – rotinas e aprendizados – e as perspectivas pós-Residência.
Quer saber o que eles responderam? Então vem!
Por que fazer residência?
Além da possibilidade de atuação na sua área de formação assim que termina a graduação, são várias as motivações dos profissionais que optaram por fazer uma residência multiprofissional. “Me interessou bastante ter uma opção que associava a remuneração e um título de pós-graduação”, diz Lorrany Santos Rodrigues, 25 anos, nutricionista residente do programa de Saúde da Família e Comunidades da Escola Superior de Ciências da Saúde/Secretaria de Saúde do Distrito Federal (ESCS/SES-DF).
Já para Patrícia Souza, 23 anos, enfermeira residente da Universidade Estadual da Bahia (UNEB), a bolsa de estudos concedida para os residentes foi a motivação inicial; mas logo ela vislumbrou também a possibilidade de satisfação profissional: “No começo esse desejo [de fazer residência] era apenas para ter uma estabilidade e independência financeira assim que terminasse a faculdade; mas quando decidi a área, isso se tornou instrumento para trabalhar na área que mais gosto”, declara a enfermeira.
Ampliar seu horizonte e realizar um antigo desejo – era o que queria Laiz Elias, 29 anos, que já atuava como psicóloga na saúde pública em Goiás quando fez o cursinho da Sanar e conquistou uma vaga no programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade da ESCS/SES-DF. “Queria realizar o sonho de anos atrás; além disso queria sair do interior de Goiás”, admite Laiz.
Dar significado para a sua atuação profissional foi a razão pela qual Sara Meneses, 25 anos, escolheu fazer Residência Multiprofissional. A inspiração para ingressar nesta modalidade de pós-graduação veio de uma professora da faculdade, que explicou que a Residência é uma experiência imprescindível para quem quer atuar no SUS. “Durante a graduação não me identifiquei com a clínica individual e buscava atuações mais coletivas na Psicologia. (…) Busco atuar para a população pobre, pois é a classe social de onde eu venho; isso dá sentido à minha carreira e a decisão pela Residência me dava a oportunidade de colocar em prática essa escolha”, pontua a psicóloga residente do programa de Saúde da Família e Comunidades da ESCS/SES-DF.
A escolha do programa de residência
Dentre tantas possibilidades de áreas de formação, ficar na dúvida sobre qual programa de residência escolher é mais comum do que se imagina. Foi o caso de Isabela de Oliveira da Cunha, 24 anos, psicóloga. Isabela saiu direto da faculdade para a Residência Multidisciplinar da ESCS/SES-DF e revela como fez sua opção: “Ao final da graduação me vi dividida entre residência em Saúde Mental ou em Saúde da Família e Comunidade, já que ambas eram a minha paixão. Eu escolhi a residência em Saúde da Família e Comunidade. Porque percebi que ali eu conseguiria atuar nos meus campos de interesse, articulando a saúde mental e a atenção primária”, conclui a residente.
Afinidade com o tema é o fator decisivo para a maior parte dos candidatos na escolha pelo campo. “Eu escolhi o programa de Residência Multidisciplinar em Saúde Mental. Ainda durante a graduação eu soube que meu interesse profissional se encontrava na área de saúde mental. Tendo em vista os aspectos particulares a essa área, uma especialização no formato da residência, em que eu aprenderia a partir de uma inserção na Rede de Atenção Psicossocial me pareceu uma oportunidade incomparável”, pontua Daniele Silva, 25 anos, psicóloga e residente pela UNEB.
Há quem não se contente em fazer apenas uma residência e faz duas! É o caso de Maurício Hirata, 26 anos, nutricionista, que até mudou de cidade para realizar a Residência em Saúde do Adulto e do Idoso da ESCS/SES-DF em 2017. E agora está no programa de Saúde da Família e Comunidade: “Dessa vez tenho o objetivo específico de atuar, aprender e aperfeiçoar mais meu conhecimento como profissional da saúde na Atenção Primária à Saúde (APS), seja na assistência ou nos diferentes níveis de gestão, pois com o conhecimento mais voltado para a área clínica adquirido na residência anterior, senti essa lacuna em minha formação profissional de vivenciar e entender o SUS como um todo”.
Como me preparei para o processo seletivo – Dicas
Há quem investiu desde a graduação em sua formação acadêmica visando fazer Residência. Foi o que aconteceu com Kelly Mangabeira, fisioterapeuta, 22 anos, que tão logo terminou a faculdade já conquistou uma vaga na Residência em Saúde Mental Infantojuvenil da ESCS/SES-DF. “Fiz muitos cursos, participei de congressos, ligas acadêmicas, estágios extracurriculares, monitorias, aprimoramentos e apresentações orais de trabalhos. No último ano da faculdade eu iniciei os estudos voltados para a Residência. Então foi quase um ano de estudos voltados para esse objetivo”, explica a jovem residente. Kelly conta ainda o que lhe ajudou na preparação para o processo seletivo: “Estudei pelo livro ‘Preparatório para Residências’ da Sanar Saúde. O livro da Sanar me ajudou bastante nesse ponto, pois tem várias questões de provas anteriores de Residências e são questões comentadas”, ressalta a fisioterapeuta.
A nutricionista Lorrany Santos atesta o plano de desenvolver ainda na graduação a preparação para a Residência. “Dedicar-me às disciplinas da graduação foi uma boa estratégia, e vejo como uma dica. A realização de monitorias, participação de projetos de pesquisas e outros que pontuam no processo seletivo é uma boa dica de atividades que são possíveis realizar na graduação e que auxiliam na pontuação final no processo seletivo”, destaca a residente.
Patrícia Souza também saiu direto da formatura em Enfermagem para a Residência em Saúde Mental da UNEB. “Fiz quatro processos seletivos para residência em saúde mental e fui aprovada em um deles”, conta a enfermeira. “Comprei livro específico de residência da editora Sanar. A dica que dou é estudar com antecedência e resolver muitas questões”, revela Patrícia.
Para quem já se formou a orientação não é diferente: um bom material específico para residência e dedicação aos estudos. Daniele Silva, colega de residência de Patrícia, relata que utilizou o material preparatório para Residência em Psicologia da SANAR. E acrescenta: “A maior dica que eu dou para quem está se preparando é conhecer bem o edital e a prova da seleção. Conhecer o que será cobrado, em termos de temas, bibliografia, estilo de prova se mostra muito importante. Principalmente para quem pensa em realizar seleção para mais de um programa/instituição, situação na qual os estilos de prova podem ser bastante diferentes”, observa a psicóloga.
Carga Horária e Oportunidades que a Residência proporciona
A Residência é uma experiência intensa – essa é a percepção de todos os residentes entrevistados. E não vou mentir para você, futuro residente: o dia-a-dia é cansativo. “A rotina da residência é de 60 horas semanais, sendo 12 horas diárias de segunda à sexta, entre turnos de trabalho, aulas e tutoria”, explica a residente da UNEB Daniele Silva. A enfermeira Patrícia Souza complementa: “A rotina é cansativa, mas prazerosa. Para me organizar, crio planner e coloco tudo no papel”. Ou seja, o regime de dedicação exclusiva imposto pela Residência exige uma grande dose de devoção e organização.
Assim como Patrícia, os demais residentes confirmam que a satisfação de ter essa experiência é proporcional ao cansaço. “Temos a visão bem ampliada e diversos contatos diariamente com profissionais excelentes e pacientes com diferentes demandas. Tive a oportunidade de estar em nível ambulatorial, e também começarei na parte hospitalar, que tenho certeza que irá agregar ainda mais nos meus conhecimentos. A Residência abriu meu olhar em muitos aspectos e está sendo uma experiência única incrível”, destaca Kelly Mangabeira. Em seu perfil no Instagram a fisioterapeuta conta sua trajetória na Residência: hoje está atuando em um Centro Especializado em Reabilitação com crianças de 0 a 12 anos e logo começará o estágio optativo da Residência em uma UTI neonatal.
Há ainda a possibilidade de atuar em diferentes frentes. O nutricionista Maurício Hirata explica como é essa experiência no programa de Saúde da Família e Comunidades da ESCS/SES-DF: “Inicialmente atua-se no primeiro ano em cenários de assistência, onde o profissional nutricionista se insere no Núcleo Ampliado de Saúde da Família na Atenção Básica (NASF-ab). Não há uma rotina específica concentrada apenas em atendimentos, grupos e afins, mas sim uma atuação extensa e multiprofissional para atender às demandas dos usuários do território ao qual estamos inseridos. Já no segundo ano, todos os residentes se inserem na gestão, seja ela em nível local, seja por região de saúde ou na Administração Central da Secretaria de Saúde do DF. Resumindo, é uma vivência de Gestão em Saúde no SUS”.
E ser residente em plena pandemia de COVID-19? A pandemia mudou o cenário da prática em saúde, mas essa crise também pode ser fértil e produzir resultados significativos. “As condições em que tem se dado a experiência enquanto residente em 2020, em plena pandemia, colocou-me em terreno incerto, onde todas as práticas da área em que atuo precisaram ser repensadas. Sendo essas condições inéditas, tem sido muito diferente da minha expectativa. Mas, olhando pelo aspecto de que a residência sempre significou, para mim, a oportunidade de me deparar com situações novas e aprender novas ferramentas de trabalho, tem sido como eu esperava”, pondera a psicóloga Daniele Silva.
Aprendizados da Residência
Na Residência Multiprofissional, o principal ganho está no próprio nome: atuação com pessoas com formações diferentes da sua. É o que afirma a nutricionista Lorrany Santos: “Na graduação, não tive contato com a atuação de outras áreas, e a residência proporcionou essa experiência. Trabalhar, compartilhar e aprender com os outros residentes e a partir disso, aumentar e potencializar o cuidado integral aos usuários de outras categorias profissionais foi uma das coisas mais ricas e fantásticas da residência”.
Habilidades como resistência, flexibilidade, paciência, saber ouvir e lidar com a frustração, assim como o paradigma de foco na comunidade e nos resultados coletivos também foram citados pelos residentes entrevistados como aprendizados importantes obtidos na Residência Multiprofissional.
A psicóloga Sara Meneses resume de onde vêm os maiores conhecimentos da Residência Multiprofissional: “Atuação em equipe, trabalho interprofissional e articulação entre teoria e prática. No dia-a-dia a troca de conhecimento entre os residentes é intensa e temos desenvolvido um trabalho interprofissional e publicado nossas atuações em resumos de congressos, capítulos de livros e artigos; isso tem sido muito gratificante”.
Perspectivas
As experiências obtidas na Residência são muitas, tais quais as possibilidades profissionais após essa vivência. Alguns residentes reafirmaram seu desejo em continuar atuando no SUS e por isso pretendem estudar para concurso na área da saúde pública. Já outros têm planos de fazer mestrado e atuar como docentes e pesquisadores. E alguns cogitam começar a realizar atendimentos clínicos particulares.
A unanimidade é que todos pretendem continuar estudando – afinal, as ciências da saúde são dinâmicas e exigem atualização constante.
Fim de papo e vamos estudar!
Você também deve ter concluído que vale muito a pena se dedicar para passar no processo seletivo de uma Residência Multiprofissional e ter essa experiência na sua vida – e no seu currículo.
Para finalizar, seguem mais dicas preciosas dos residentes entrevistados para que você faça a melhor preparação:
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responder muitas questões de provas anteriores;
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mapear as questões, observando os detalhes de cada questão, as dificuldades que você encontrou e estudar mais profundamente os conteúdos;
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conhecer bem o edital e a banca da prova da seleção;
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procurar controlar a ansiedade – o emocional é um fator que pode interferir bastante na hora da prova;
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quanto antes começar a estudar, melhor!
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